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quinta-feira, 3 de julho de 2008

quinta-feira, 1 de maio de 2008

CIA revela que Mugabe usa bigode à Hitler e que a sua fantasia sexual é imaginar-se de olhos em bico, pila pequenina e amarela, a sodomizar Tony Blair

Assinalou-se no dia 18 o 28º aniversário da independência do Zimbabwe, mas apesar do país estar na berra, ninguém deu por isso. É natural. Se o 5 de Outubro não fosse feriado também ninguém dava por ele.
Só me apercebi porque nesse dia li isso algures, em letra miudinha. E tive o pensamento da praxe, sentimental q.b.: Como o tempo passa! Vinte e seis anos antes, e parece ontem, celebrava o acontecimento em casa do Gastão, em Maputo. Foi com genuína emoção que ouvimos o discurso de Mugabe, transmitido pela Rádio Moçambique. Sentíamos a sua vitória como nossa, achávamo-nos uma gota numa imensa vaga revolucionária mundial prestes a libertar os povos oprimidos. “Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o resto”. Tínhamos lido Reinaldo Ferreira, e estávamos orgulhosos de nossa elementar realidade. Estávamos felizes e queríamos festejar, numa época em que os rigores do Poder Popular não deixavam grande margem a festejos.
A tarde estendeu-se pela noite dentro, e foi aparecendo gente. Se a memória não me trai, o Lico, o Pacas Branquinho, o Pip, o Nini e a Belinha (nomes de guerra, é claro) … Esses já morreram todos. Confesso que não tenho a certeza se lá estavam mesmo nesse dia, ou se são os seus fantasmas que se vão imiscuindo nas minhas recordações, com o passar dos anos. Porque se não estavam, deviam estar. Quem quiser saber mais, ainda pode perguntar à Xica, à Fernanda “Pato” ou à Teresa “Maluca” (nomes de guerra, é claro). Também estavam na festa, com certeza, a menos que estivessem noutra das muitas que houve em Maputo no dia 18 de Abril de 1980.
A nossa alegria justificava-se. A queda do regime racista de Smith era de importância capital para Moçambique. A Rodésia tinha criado a Renamo, e constituía uma retaguarda indispensável para aquela tropa fandanga. Além disso, com o fim da Rodésia fechava-se o cerco à África do Sul, e constituía-se uma retaguarda imensa e muito mais forte para a guerrilha anti-apartheid do ANC.
Desde a independência de Moçambique, em 1975, Samora Machel vinha apoiando activamente a luta contra Smith no território vizinho. Apadrinhou a união entre os dois principais movimentos nacionalistas (ZANU de Mugabe e ZAPU de Joshua Nkomo), e acabou mesmo por enviar tropas para combater ao lado da guerrilha zimbabweana.
Usando essa influência, visou sempre colocar à frente do futuro país um homem da sua confiança, e apostou forte em Robert Mugabe, que viveu durante anos um discreto exílio em Moçambique, como professor de inlgês numa cidade de província. É verdade que o líder da guerrilha tinha sido Tongogara, e não Mugabe. Era nele que muita gente via o líder natural para o futuro país, mas acontece que Tongogara morreu na praia. Maneira de dizer, porque de facto terá morrido num acidente de viação, pouco antes da independência. Pelo menos foi o que anunciou a direcção da ZANU, isto é, Mugabe himself. Mas a explicação deixou dúvidas a muita gente.
Também é verdade que Mugabe nunca teve o carisma de um Machel, mas nesse tempo a popularidade deste entre os zimbabweanos compensava a obscuridade daquele. Mugabe suplantou o histórico Nkomo, e foi-se afirmando como o líder do nacionalismo zimbabweano. Nessa época lia pela cartilha ideológica de Machel, mais “pro-chinesa” do que “pro-soviética”, para usar os chavões jornalísticos.
Isso, é claro, não desagradava aos Estados Unidos. Do mal, o menos. A República Popular de Moçambique terá sido o único país comunista (das dezenas que então havia), a não constar da “lista negra” norte-americana. Washington manteve sempre boas relações com Maputo (e depois com Harare), ao contrário do que sucedeu, por exemplo, com a “pro-soviética” Luanda. Era no tempo do flirt com a China iniciado por Nixon, para enfrentar o inimigo comum soviético.
Mas entretanto a Cortina de Ferro ruiu, a Rússia patinha na podridão absoluta, e a China emerge com pujantes ambições imperialistas, sobretudo em África. A conversa é outra. Agora, para Washington o imperioso é travar a China, e toca a depor os seus aliados. Desde logo Mugabe, velho amigo dos chineses. Não foi preciso inventar armas de destruição massiva. O sujeito era incompetente; em pouco tempo o Zimbabwe deixara de exportar cereais e passara a importá-los. Era despótico; a sua presidência fora marcada por constantes exacções: perseguições a opositores e a homossexuais, deslocações de população, ocupações de terras…
Enquanto foram terras de pretos, ninguém se importou muito. São pretos, que se entendam. Quando passou às terras dos brancos, outro galo cantou. Ao ocupar as herdades dos zimbaboers para as entregar aos oficiais do exército, Mugabe pôs-se a jeito. Mas não tinha outra saída, se queria preservar a lealdade dos militares, seu principal suporte.
As coisas precipitam-se. Tony Blair dirige a ofensiva euro-americana contra Mugabe. O movimento de massas, que está longe de ser todo MDC, não para de crescer. A “comunidade internacional” exige eleições, Mugabe é obrigado a ceder. Fazem-se as eleições, os resultados nunca mais aparecem…
Os governos da região dão uma no cravo e outra na ferradura. Por um lado invocam a “unidade regional” contra as pressões “neocoloniais”, e por outro querem parecer “politicamente correctos” aos olhos da Europa e dos EUA. Entre a China e os EUA, jogam com um pau de dois bicos, porque sabem que, em última análise, tudo isto não passa de um episódio preliminar num inevitável confronto de outra dimensão entre as duas potências.

José Pinto de Sá

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Eu não sei se a malta na África Austral já se apercebeu mas o Robert Mugabe arruinou totalmente o pouco da boa reputação que alguns de países tinham conseguido nos últimos tempos reconstruir por estas e outras bandas.
Lembram-se do mecanismo de verificação de pares, Peer Control Mechanism? Um sistema de crítica dos países africanos aos que não se comportassem bem, parte da tão propagada “renascença africana’’ gritada aos quatro ventos pelo Thabo Mbeki. Nos últimos tempos não se fala muito desse tal mecanismo. O Mugabe deve ter escangalhado o mecanismo como escangalhou o país e agora acaba de escangalhar a reputação que alguns dos países da região tinham conseguido fortalecer.
Tenho a dizer vos que após a última cimeira da SADC e das bacoradas do Mbeki afirmando que “não há crise” e que há “sinais de esperança”, sente-se o gelo, espanto e total incompreensão nos corredores de instituições internacionais. Outro dia um diplomata que conhece bem essas zonas dizia me em tom exasperado que a reacção dos países vizinhos ao Zimbabué faz com que ele volte a acreditar agora que “as coisas em África vão ter que piorar antes de … piorar”.
Não é bom sinal mas não é de admirar. Ao fim e ao cabo o Bob Muggers conseguiu fazer ao Zimbabué o que quase 15 anos de sanções da ONU, aplicadas internacionalmente, nunca conseguiram fazer à Rodésia do Ian “tabaqueiro” Smith: arruinar o país. Para quem consegue fazer isso, arruinar a reputação dos outros é coisa fácil.
Eu sei que a resposta do Thabo e do Guebuza é que mais se faz pela calada do que com declarações públicas. Talvez. Mas nem sempre. Mas mesmo que assim seja, pela calada pode-se fazer por exemplo aquilo que os sul-africanos fizeram ao “tabaqueiro” para o forçar a ir a Lancaster House negociar a rendição. Dar ordens aos chefes de estação de caminhos de ferro na fronteira e aos chefes das alfandegas para serem meticulosos na sua procura de contrabando na mercadoria que entra e sai do pais, dar ordens ao pessoal das embaixadas para ser meticuloso (leia-se muito lento) na concessão de vistos aos membros do governo, vistoriar com grande atraso pedidos de transferência de fundos, abertura de contas bancárias etc. etc. Ou fazer o que a Frelimo fez pela calada ao Bob Muggers para o forçar a aceitar os compromissos da rendição de Lancaster House. Ou aceitas ou vai haver problemas em manter bases em Moçambique, receber armas etc. Como se diz na gíria militar “once you get them by the balls their hearts and minds follow”.
O que é talvez preocupante, senão assustador é que a inoperância dos países vizinhos em condenarem o regime racista e ditatorial no Zimbabué é reflexo daquela visão antiquada que os movimentos de libertação têm o direito ao poder e que o seus lideres são criaturas moralmente singulares cuja sinceridade nacionalista legitima automaticamente todas as suas acções. Isso claro está resulta em que muitos dos dirigentes dos países vizinhos do Zimbabué, particularmente aqueles que são dirigentes de movimentos de libertação, continuem a olhar para a oposição como algo que tem que ser tolerado mas nunca levado a sério e em certos casos mesmo considerados como não sendo representantes de qualquer interesse nacional mas apenas produto de uma conspiração externa e/ou tribal, e/ou “reaccionária”. Pergunte –se: quantas vezes é que o chefe da diplomacia moçambicana, por exemplo, se reuniu com o líder da oposição do Zimbabué para escutar a sua opinião sobre as “insuficiências” do Mugabe e dos seus capangas?
Outro dia houve uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir questões africanas. O Thabo Mbeki lá foi mas disse antes que o Zimbabué não iria ser abordado porque isso é um assunto interno de Africa que a SADC está a tentar resolver. Depois fez o seu discurso em que pediu ajuda à ONU e ao mundo para resolver crises na Somália e Darfur. As minhas gargalhadas espantaram alguns no local onde me encontrava a ouvir as palavras do Thabo mas tenho a dizer-vos que infelizmente os outros membros do conselho de segurança não se riram. O que é triste
Quando Moçambique, Angola e os países da SADC não conseguem emitir uma declaração condenando ou mesmo manifestando preocupação por um regime que:1) destruiu a agricultura do pais; 2 ) levou a manufactura ao colapso; 3) levou a produção mineira ao seu nível mais baixo desde 1907; 4) Destruiu 90 por cento da indústria do turismo; 5) Produziu uma economia em que quase já não há zeros suficientes para reflectir a inflação; 6) conseguiu colocar 80 por cento da população a viver abaixo do nível de pobreza; 7) levou a expectativa a de vida no pais a cair para 37 anos entre os homens e 34 entre as mulheres;8 ) destruiu o sistema de saúde do pais e 9) levou milhões a fugirem para os países vizinhos,
então há mais do que razão para que por estas e outras bandas se interroguem sobre a genuinidade do compromisso de certos governos com princípios democráticos.
Ao se recusarem a condenar em termos inequívocos o Bob Muggers, Mbeki, Guebuza e outros não só prolongam a agonia do Zimbabué mas causam enormes danos a toda a Africa Austral. Triste.

Abraços
Da Capital do Império

Jota Esse Erre

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Zimbabué: Jornalista do NY Times detido pela polícia de Mugabe

Barry Barack, enviado do NY Times, e pelo menos mais outro jornalista estrangeiro foram detidos pela polícia de Mugabe. O cônsul americano em Harare contactou na prisão o enviado especial, que foi acusado pelo governo de violar as regras do "jornalismo e actuar sem acreditação". Desconhece-se se outros jornalistas estrangeiros foram igualmente detidos. Por outro lado, as forças policiais invadiram várias sedes do MDC, o partido da Oposição, que venceu as Legislativas e confessa liderar a contagem dos votos das Presidenciais.

A tensão e os rumores ganham o campo político zimbabueano, o que deixa os observadores perplexos. Esta vaga repressiva orientada pela Polícia, parece ser "um mau sinal", revelava o enviado da Reuters no telegrama que o NY Times Online publicou. A hipótese de uma segunda volta das Presidenciais, apesar do candidato da Oposição ter atingido mais de 50 por cento dos votos, pode estar comprometida. O que pode originar uma onda indescritível de violência e caos, num ambiente infernal de fome e miséria assustadoras.

(Mais aqui)

FAR

quarta-feira, 2 de abril de 2008

III - Zimbabué: Mugabe pode inclinar-se à pressão das armas

É um interminável e absurdo filme de horror: percentagens quase iguais de votantes para o ditador e Oposição, com ligeira vantagem desta no número de lugares ganhos para o Parlamento; recontagens alucinantes de votos e poucos casos de denúncia de "chapelada", assim resume hoje o NY Times o estado da situação no Zimbabué. Os planos para Mugabe instruir um "golpe de Estado" parecem estar afastados, de uma vez por todas.

Entretanto, o Presidente sul-africano, Mbeki, parece ter sido visto em Harare para ajudar a encontrar uma solução ao impasse político criado. Londres, Washington e Bruxelas aconselham Mugabe a resignar. As altas chefias do Exército e da Polícia tentam salvar a pele, e mostram-se abertas ao encontro de um entendimento com o líder da Oposição, Morgan Tsvangirai. A seguir…

FAR

Mugabe perdeu o parlamento, NY Times

terça-feira, 1 de abril de 2008

II - Zimbabué: Atraso na contagem eleitoral pode revelar fraude massiva

Três dias depois das Presidenciais, a contagem de votos tem sido realizada gota-a-gota, o que segundo observadores bem colocados pode denunciar fraude massiva. A jornalista sul-africana, Heidi Holland, disse ao Liberation que Mugabe "tudo fará" para se perpetuar no poder. Desenvolvendo uma análise psicológica que sustenta após a realização de um livro de entrevistas com o PR zimbabueano, a jornalista admite que Mugabe vai tentar manipular os resultados e agarrar-se ao poder. O déspota considera-se injustiçado pelos antigos colonos brancos, a Coroa britânica e pelo seu próprio povo, sublinha a repórter. Entretanto, os 14 países da Comunidade da África Austral para o Desenvolvimento (SADC), revelam-se muito "apreensivos" com a demora da contagem eleitoral e as represálias dimanadas das cúpulas militares afectas a Mugabe.

O NY Times Online, que acerta rigorosamente as notícias, revelava hoje de manhã, citando outro biógrafo de Mugabe, que "ele só não alterará os resultados a seu favor, se o não conseguir"; ao mesmo tempo, o mesmo observador, afirma "não ser certo que as forces militares e militarizadas estejam a cem por cento com Mugabe". Por outro lado, o NYT Online revela que a administração de GW Bush faz pressões sobre o Governo de Harare para que a contagem e revelação dos resultados eleitorais se processe sem lentidão.

Por fim, e ao meio-dia de hoje, o The Guardian On Line relata que, segundo membros do Corpo Diplomático instalados em Harare, há grande expectativa e a maior das atenções sobre uma reunião que decorreu sob a égide de Mugabe no Palácio presidencial, onde se discutiram duas opções: ou Mugabe se declara reeleito ou as F. Armadas decretam o estado de sítio para impedir a revolta da população. De acordo com o jornal, o ministro da Justiça, Patrick Chinamasa, de perfil autoritário e brutal, perdeu a sua reeleição no departamento de onde é natural. Vários outros ministros são dados como batidos, adianta a mesma fonte.

FAR

Aqui vídeo do New York Times

segunda-feira, 31 de março de 2008

Zimbabué: Mugabe derrotado?

Em directo com o Le Monde e o NY Times On Line Services, parece desenhar-se uma derrota estrondosa do PR vitalício e déspota, Robert Mugabe, nas Presidenciais zimbabueanas. As últimas estimativas avançadas pelo NYT, cerca das 18 horas de hoje, revelavam os seguintes resultados: 58 por cento para o candidato do Movimento da Mudança Democrática, Morgan Tsvangirai, 37 por cento para Mugabe e só 5 por cento para o antigo ministro das Finanças, Simba Makoni.

Num rápido balanço da campanha, se Mugabe tentou "instrumentalizar" as chefias das Forças Armadas e da Polícia contra os partidos da Oposição, de realçar a grande postura moderada e apaziguadora do chefe da Oposição, Morgan Tsvangirai, que se furtou a atacar pessoalmente Mugabe. E refutou o envio do "ditador" para o Tribunal dos Direitos do Homem, em Haia, por causa de massacres étnicos perpetrados, há uns anos a esta parte.

Mugabe conseguiu em oitos anos destruir grande parte da economia do Zimbabué, através de um plano sinistro que obrigou a maioria dos colonos brancos a abandonarem as suas terras e gado. A China e a Rússia reforçaram entretanto o seu controlo sobre as minas de ferro,cobre e carvão; e, em troca, providenciam apoio económico e politico à camarilha do partido governamental liderado por Mugabe. A elite política sul-africana tem adoptado um low profile e, sem grande alarde, tentado tirar partido das necessidades prementes do povo zimbabueano de alimentos e objectos de primeira necessidade. A seguir.

FAR