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domingo, 21 de março de 2010

Do jornalismo que por cá se faz

"...a nossa imprensa, quase toda, vive à procura de sangue, escândalos, tragédias ou heróis."
(...)
" De Mirandela ao 'Face Oculta' não vai assim tanta distância: a história é diferente, mas os métodos são semelhantes e, se pensarmos, o objecto final deste jornalismo é rigorosamente o mesmo."
Confessso Que Não Entendo, Miguel Sousa Tavares, Expresso 20/03/10

domingo, 14 de março de 2010

As manchetes, os jornalistas e o rigor

Era de esperar. As escutas do processo Face Oculta, a abortada tentativa de entrada da PT no capital da empresa proprietária da TVI, as dúvidas instaladas sobre a relação do primeiro-ministro com esse negócio e as audições no Parlamento têm dominado os títulos da imprensa nas últimas semanas e dividido os comentadores e a opinião pública. Os leitores deste jornal não são excepção e mostram-se particularmente atentos ao modo como, em títulos e textos, têm vindo a ser noticiados estes temas.

Recebi várias reclamações a este respeito, e tratarei hoje da primeira, que é anterior à minha entrada em funções, mas merece ser recuperada. Refere-se à manchete da edição de 12 de Fevereiro, a data em que o semanário Sol saía à rua com citações particularmente sensíveis de escutas obtidas no processo Face Oculta, apesar da providência cautelar que visava impedir a sua publicação. “Primeira tentativa em 30 anos de censura prévia a um jornal falhou” – rezava o principal título da capa, por cima de uma fotografia de José Sócrates.
A leitora Ana Pereira não gostou e disse-o em termos curtos e fortes: “A manchete (…) do PÚBLICO é mesquinha por colocar uma foto de alguém que nada tem a ver com a notícia. É mentirosa, porque esquece que existem casos de providências cautelares semelhantes muito frequentemente. É ainda confrangedora, porque mostra que o corpo editorial do PÚBLICO não percebe os fundamentos básicos do Estado de Direito”.
A meu pedido, o director adjunto Nuno Pacheco, que acompanhara o fecho dessa edição, reflectiu sobre as três acusações, concordando que “a manchete em causa tem vários problemas”.

Em primeiro lugar, a fotografia escolhida. Considera que “devia ter sido mudada”, porque “podia dar a ideia, errada, de que teria sido José Sócrates o autor da tentativa de calar o Sol, o que não era verdade”. Explica que a foto “tinha sido escolhida antes de a manchete ter sido escrita, porque a relevância das escutas deriva do facto de envolverem o primeiro-ministro”, mas que, “quando a manchete se centrou na providência cautelar”, deveria ter sido substituída, por exemplo, por “uma foto de Rui Pedro Soares”. Atenuante: “Mesmo assim, não é possível dizer que a foto de Sócrates é de alguém que nada tinha a ver com a notícia”, até porque a capa do Sol, como se dizia a abrir o texto da manchete, tinha “o perfil de José Sócrates a negro sobre um fundo vermelho e um grande título a branco: “O polvo”".
Quanto à questão de esta ter sido ou não “a primeira tentativa em 30 anos” de “impedir a publicação de uma notícia” através de uma providência cautelar, o director adjunto admite o erro (“não foi” de facto a primeira), mas sublinha que esses casos também “não acontecem “muito frequentemente”, como a leitora dá a entender”. Motivo do erro: tanto na redacção como entre fontes consultadas nessa data, “havia o convencimento” de que tratava do primeiro caso deste tipo, e só depois se verificou existirem precedentes, entre os quais uma providência cautelar dirigida ao extinto O Independente.
Na sua terceira crítica, a leitora referia-se presumivelmente ao facto de uma providência cautelar não poder ser descrita como “censura prévia”. Nuno Pacheco assim o entendeu e admite que “censura prévia devia ter vindo entre aspas”, pois “era uma classificação comparativa, não uma descrição literal”. Mas discorda da leitora na referência “aos fundamentos básicos do Estado de Direito”. A sua argumentação não pode, por falta de espaço, ser aqui reproduzida (valerá a pena ser colocada on-line), mas conduz à seguinte conclusão: “O uso e abuso desta figura jurídica [providência cautelar visando impedir a publicação de uma notícia] no caso da imprensa acabará por funcionar, a prazo, como uma espécie de censura prévia dentro das margens estritas da lei”.
Aqui chegados, perguntará o leitor o que penso eu de tudo isto. Pois bem, acho que a leitora fez críticas justificadas (que o responsável editorial citado aceita na maior parte) num caso que teria exigido melhor atenção às soluções encontradas para a capa do jornal. A escolha da fotografia é até, a meu ver, o único ponto discutível. Admito que pudesse “dar a ideia” de que teria sido o primeiro-ministro a promover a providência cautelar, mas bastaria ler o texto que a enquadrava para afastar essa ideia. Acresce que a ligação de Sócrates ao tema noticiado não era gratuita. Quanto à afirmação sobre o ineditismo da providência cautelar, não era verdadeira e deveria, a bem do rigor, ter sido prontamente corrigida.
Mas, a meu ver, a falta de rigor menos aceitável foi a que levou a falar de censura prévia. O conceito tem uma carga política e histórica, de anulação das liberdades de expressão e de imprensa, que não pode ser confundida com o direito de um cidadão a procurar contrariar, por via judicial, a publicação de matérias que considere poderem causar-lhe dano grave, para mais tratando-se, como era sabido, da intercepção de conversas privadas, cuja divulgação seria sempre de legalidade pelo menos duvidosa. A censura prévia é própria de uma ditadura, o direito em questão é natural num Estado de Direito.
Não é relevante, para a clareza desta distinção, o que cada um pense sobre a pertinência da interposição da providência cautelar (eu penso que é um problema do seu autor), sobre o mérito da decisão judicial (com os dados disponíveis, creio que foi uma má decisão) ou sobre a interpretação do “interesse público” que levou o Sol a trazer ao conhecimento geral o que a decisão judicial visava impedir que fosse divulgado (acho que foi uma interpretação legítima). São opiniões que não contendem com o que está em discussão: do ponto de vista do rigor jornalístico, uma providência cautelar aceite por um juiz não é, de modo algum, censura prévia.
Convém salientar que na peça para que a manchete remetia, nessa edição do PÚBLICO, nada se escrevia que permitisse sustentar o que se afirmava no título de capa, à excepção de uma opinião (não consensual, como resultava da própria notícia) escutada a um jurista. Em contrapartida, o editorial desse dia – que, sendo um texto não-assinado, é visto como representando a posição do jornal – tendia a sustentar a tese expressa na capa.
Não creio que faça sentido sugerir que o “abuso” de providências cautelares dirigidas à imprensa poderá conduzir a uma situação de censura (para mais quando se afirma que foi o primeiro caso e que viu falhado o objectivo). Nem vejo razão para presumir que, colocados perante um hipotético recurso epidémico a essa figura jurídica, os juízes portugueses iriam decidir, por sistema, contra a liberdade de imprensa. Em suma, a manchete criticada representa uma opinião, certamente legítima, mas não é, a meu ver, aceitável no plano da informação independente e rigorosa.

José Queirós, Provedor do leitor – “Público” 14 Mar 2010

Com a devida vénia ao Jugular

quinta-feira, 11 de março de 2010

“Rouge”

In memoriam. José Maria Gomes aka Zeca Diabo

Memória bem guardada entre os que mais de perto privaram com o José Maria Gomes, durante a sua transitória frequência do enclave ‘português’ no Rio das Pécoras, merece jus divulgação nesta injusta inoportunidade obituária. Escrevemos memória com o intuito de desanimar os que habitualmente as treslêem como segredos mais ou menos ciosamente desguardados. Nada disso.
Memória do que deveria ser oportunamente dito sobre o Zeca Diabo. Como afectuosa e privadamente referiam os que oficinaram nos 80 meados os jornais a que deu alma e corpo. Primeiro o Correio, depois o Oriente.

Por respeito aos altos padrões de modéstia e inabalável confiança axiológica nos princípios da Igualdade e da Fraternidade a que o Zé Maria se obrigava, propomos, tão só, uma síntese e uma estória.
Por que nos falta o talento do aforismo na mesma medida em que desconhecemos o patois moderno apropriado, ficamo-nos por uma visitação nobre: gentil-homem.
Um homem bom, uma pessoa tranquila, um cidadão perenemente incomodado e inconformado com a exploração, a injustiça e todos os arbítrios. O Zé Maria era genuinamente assim, sem alardes, sem crispações. Quem se não lembra daquele jeito peculiar de discordar semisorrindo: “Nãããão”. Ou quando o disparate do interlocutor era confrangedor, um compreensivo: “Nããão sócio, não sócio”.
Jornalista escrupulosamente honesto, o Zeca Diabo sucedeu, no quadro desfavorável de responder por veículos escritos ditos pró-governamentais, em apresentar produtos tecnicamente limpos, rigorosos.
“Espírito de missão”, justificava, e por aí ficava a explicação da missão. O espírito, esse, revelava-se no sacrifício de suportar golpes baixos dos adversários, que os havia, e até se autodesignavam de oposição.
Pois a estória foi mais ou menos a seguinte. Soprado sobre uma vaga intenção governamental de ressuscitar o dossiê caminhos-de-ferro, nada mais nada menos do que o modus operandi adequado a quem quer encomendar estudos e consultorias várias- chamemos-lhe o método do raccord histórico ou do precedente auspicioso-, o Zé Maria verteu prosa investigada sobre comboios em Macau. Propósito nada fácil, uma vez que nunca houve comboios por estas bandas, pelo menos de natureza ferroviária.
O nosso Zeca não se deixou limitar por essa inconveniência e tratou de desencantar, sim, desencantar, um achado etimológico e um filão semântico, uma “Gazeta dos Caminhos de Ferro”, publicada em 1902, em Lisboa. A gazeta repescava uma ‘cacha’do Morning Leader de Londres, que anunciara a formação de um “syndicato” português para financiar e construir a linha de caminho de ferro entre Macau e Cantão.
A percepção desta possibilidade seria qb, mas o Zé Maria reforçou-a com a irrefutabilidade do material circulante: numa pequena pedreira da Ilha da Taipa era, fôra, possível observar o afã das pequenas vagonetas de cascalho, para cá e para lá, sobre carris.
Os tais adversários, acima introduzidos, não enjeitaram a oportunidade para ‘desancar’ o Zé Maria, o “Oriente”, associando o “delírio” dos comboios à deriva mental e financeira do governo. No mais duro estilo madeirense, chegaram ao ponto de insinuar que o Zé Maria teria sido visto, madrugada alta, junto à dita pedreira, com uma cavilha numa mão e uma garrafa de mao tai na outra.
Foi a gota de água. “Sócio, puta que os pariu, fechamos o jornal e vamos para o Skylight, para o Mermaid, para o Ritz, para o Kin Dô, para qualquer sítio”.

(continua)

JSP

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Do jornalismo a recibo verde

João Pacheco, jornalista do Público, ao ganhar o prémio revelação de Jornalismo Gazeta 2006, e na presença do Presidente da República e do ministro Santos Silva, disse isto:

«Não sei se é costume dedicar-se este prémio a alguém. mas vou dedicá-lo. A todos os jornalistas precários.
Passado um ano da publicação destas reportagens, após quase três anos de trabalho como jornalista, continuo a não ter qualquer contrato. Não tenho rendimento fixo, nem direito a férias, nem protecção na doença, nem quaisquer direitos caso venha a ter filhos.
Se a minha situação fosse uma excepção, não seria grave. Mas como é generalizada – no jornalismo e em quase todas as áreas profissionais – o que está em causa é a democracia. E no caso específico do jornalismo está em risco a liberdade de imprensa.»


O seu discurso integral aqui.

(Via Arrastão)

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Jean-François Bizot, a morte de um deus ex-maquina do novo Jornalismo

De 1968 até ontem, Bizot (1944/2007) foi um dos mais iconoclastas dos criativos e exigentes patrões de Imprensa franceses. Após a licenciatura em Engenharia, Bizot vai para a redacção do L´Express e aprende tudo com Servan-Schreiber e Françoise Giroud, indo depois assistir ao fim do "Maio 67" nos USA...Regressou para fundar o "Actuel", bíblia mítica dos anos 80.

Jean-François Bizot era um dos monstros sagrados - a par de Serge July, de Ph.Sollers, de Bernard-Henri Lévy - do espaço mediático parisiense. Aplicou bem a herança enorme do seu avô italiano, comprou um castelo nos arrabaldes de Paris e trabalhou com audácia e charme os princípios da NovaExpress caros aos corifeus nova-iorquinos do NY Times e da New Yorker. Antecipou, de forma peremptória, o fulgor da Rolling Stone anglo-americana e seguiu como um escravo do prazer, como o contam os seus dilectos amigos Mercadet e Burnier, clicar aqui, os diktats da escrita e do pensamento mais radicais. Esteve em todas: na descoberta das novas drogas na Indonésia ou em Goa, em reportagens inéditas nos bidonvilles musicais de Kinshasa ou Lima...Alugou barcos para emitir progrmas subversivos para a China, aquando do massacre da praça Tien An Men...Escreveu dois romances autobiográficos de excepção e uma série de obras sobre o novo Jornalismo.

O artigo do Libération começa assim:

« Citizen Bizot, mort à 126 ans

Jean-François Bizot nous a quittés à l’âge de 126 ans. Vivre jour et nuit pendant 63 ans, le compte y est. 126, c’est un bon âge pour mourir.
La nuit, il adorait. Vivre la nuit, c’est d’emblée vivre en marge. Quand la ville dort, quand tout semble permis, tout est possible, le cosmos grand ouvert. Avaler d’énormes sandwiches au saucisson, descendre la vodka, se blanchir le nez, inhaler à donf, criser de rire avec ses potes collaborateurs, prendre la tête à l’infini, réveiller des gens au téléphone et pisser vingt-cinq feuillets à la chaîne. Baiser aussi ? Non, l’amour attendait l’aube, au sortir du bouclage. On ne peut pas tout faire en même temps, même lui. Encore que… Avec un peu d’organisation, des adoratrices en espoir, entre deux maquettes d’articles à changer, de 2 heures à 3 heures du matin, bien des choses sont possibles.
Citizen Kane dans son château
La nuit. On recevait un coup de fil : «Quoi ? ! Tu dors ? Mais il est minuit…» Puis, vers une plombe et demie du mat : «Bon, on descend manger un morceau et on gratte vite fait la série des douze portraits, comme ça ce sera fait, tu vois ce que je veux dire ?» S’il y avait un truc que Bizot détestait, c’était faire comme tout le monde. Bizot, le Citizen Kane de la presse underground. Plusieurs de ses amis sont devenus grâce à lui des fans absolus de Citizen Kane, le film. On peut le visionner sans arrêt et y revoir Jean-François si beau dans son miroir
. »
Léon Mercadet et Patrice Van Eersel, journalistes à Actuel.


FAR

sexta-feira, 13 de julho de 2007

À espera da notícia


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

quinta-feira, 12 de julho de 2007

À espera que a estrela acorde


Da série "Jornalista em serviço". Cimeira do G8.Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Sala de controlo


Da série "Jornalistas em seviço". Atenção ao écran. Para cada rosto na TV há uma sala de controlo da qualidade. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

terça-feira, 10 de julho de 2007

Tanta lente para um só homem


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Heiligendamm. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Tudo a postos para a emissão ao vivo

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Da série "Jornalistas em serviço". Tempo de respirar fundo. Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

domingo, 8 de julho de 2007

Por cima é melhor


Fotógrafo tenta o melhor ângulo. Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A entrevistar o ZZ Top?


Da série "Jornalistas em serviço". Entre reportagens tempo de basófia. Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Entre câmaras


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Puta de máquina que não funciona


Da série "Jornalistas em serviço". Conferência de imprensa de Durão Barroso. Cimeira do G8. Heiligendamm. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre

terça-feira, 3 de julho de 2007

À procura de ângulo


Da série "Jornalistas em serviço". Cimeira do G8. Khulungborg. Alemanha

Foto de Jota Esse Erre