O novo Pr. francês inaugurou uma hiper-presidencialização do regime criado pela Constituição elaborada em 1958 pelo general De Gaulle...
Os círculos diplomáticos do G-8, os média anglo-saxões e os corredores comunitários da presidência europeia de Bruxelas parecem loucos e incrédulos com o frenesim, o prá frentismo e a ousadia verbal (e de comportamento) do novo Pr. francês, Nicolas Sarkozy. Ele abraça e beija Ângela Merkel, ele "verga" o servilismo sofisticado de Durão Barroso, ele distancia-se dos americanos-bushistas e prefere Condi Rice ou Schwarzenegger como interlocutores. E, sobretudo, na política interna "dobrou" cada ministro "independente" de um chefe de gabinete por ele próprio nomeado; e, no afã de tudo controlar e conhecer " geminou a polícia secreta (externa e interna), logo que pode. No partido presidencial delegou as rédeas a um incondicional e "só quer promover os trintas" (com menos de 30 anos de idade), arrasando os velhos caciques de Marselha e Lyon, a passo de caixa.
Portanto, ganha foros o conceito de "hiper-presidencialismo", mais um gadget para a filosofia política mundial. Bush-II vai acabar por ter de " negociar" com os iranianos o controlo possível da guerrilha teocrática do Iraque. Putin apresta-se a lançar um simulacro de emenda técnica na Constituição Russa de forma a poder ser reeleito no prazo de quatro anos a seguir a um presidente-fantoche e cúmplice, atado de pés e mãos... Assim vai o Mundo, e ninguém parece crer na profecia desarmante e premonitória de Wittgenstein, ao comentar Freud, de que "os sonhos por vezes são tão misteriosos como a realidade".
No entanto, os testes de prática política incontornável vão surgir pela frente a Nicolas(T)Sarkozy, como o apelidava em manchete esta semana o "Le Canard Enchainé ". A França tem um défice comercial e outro público muito preocupantes. A Comissão de Bruxelas exige medidas e rigor orçamental. Sarkozy vai ter que vender mais empresas públicas. Como prometeu baixa dos impostos, terá que vender muito e os tycoons estrangeiros esperam pelo bolo, sobretudo no âmbito da FranceTelecom e da EDF. Como dizia Jacques Chirac, abandonado pelos senhores da hora, "as promessas só responsabilizam em quem nelas acredita".
A fogueira das vaidades já começou a fazer vítimas na Sarkolândia: Juppé, o intelectual-normalien maire de Bordéus, perdeu a eleição para deputado na sua cidade e teve que abandonar o governo, onde era o ministro de Estado ; Borloo, o maire de Valenciennes, não se adaptava à disciplina do ministério da Economia e das Finanças, e foi substituído por uma prima-dona, feminina, que chefiava um dos maiores escritórios de advogados dos EUA e do Mundo, a US Baker & MacKenzie, que engloba mais de 4 mil advogados de prestígio nos 35 países mais importantes do planeta. Por último, Arno Klarsfeld, o glamoroso causídico-judeu mais badalado de Paris, perdeu a sua eleição no 12° Bairro, deixando inconsolável o Pr., seu amigo e protector que o tinha forçado a mudar do XVI ème Arrondissement por uns escassos dias.
FAR
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