sábado, 14 de janeiro de 2006

Soneto de Fidelidade




De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Que vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Estoril, Outubro, 1939
Vinicius de Moraes

2 comentários:

Bill disse...

...que seja infinito enquanto dure.

Anónimo disse...

Fizemos uma modesta gravação da tradicional dobradinha! Voz, violino e violão:

Eu sei que vou te amar + Soneto de fidelidade