terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Neste post do Random Precision:

«A Teresa e a Lena vivem juntas há quase três anos. O amor que a Teresa e a Lena vivem e que sentem uma pela outra levou-as a projectar e a planear uma vida conjunta pelo resto dos seus dias. Por isso, e como é natural, querem constituir uma família em plena comunhão das suas vidas. Querem celebrar um compromisso formal e solene entre ambas, que as vincule reciprocamente tanto do ponto de vista patrimonial como do ponto de vista moral. Querem formar uma sociedade familiar que integre todos os seus bens, e querem celebrar um compromisso mútuo de respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência. Querem também que a família que pretendem formar seja reconhecida e tenha plena eficácia jurídica na sociedade em que vivem. Querem, numa palavra, casar-se!
Por isso, no próximo dia 1 de Fevereiro de 2006 pelas 14,30 Horas a Teresa e a Lena vão apresentar-se na 7ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (sita na Avenida Fontes Pereira de Melo, nº 7 – 1º andar em 1050-115 Lisboa), onde requereram já a abertura do respectivo processo de publicações, precisamente para se casarem.»

Mais posts no Random Precision sobre o tema aqui e aqui, e reaccções dos liberais-só-para-os-negócios aqui.

Amanhã irei fazer os possíveis para aparecer na 7ª Conservatória em solidariedade com a causa e a coragem destas duas mulheres. Convido os leitores a fazerem o mesmo.

11 comentários:

Anónimo disse...

Após a «paneleirice» das presidenciais agora vem outra;
Tudo bem no tocante à solidariedade de causas justas,e para adquirir determinados direitos...
mas há uns bons anos o «casamento» tinha começado a perder a sua força tradicional(por razões óbvias),entretento já um pouco recuperada (também por razões óbvias), mas agora ganha outro vigor através dos homossexuais...!!

André Carapinha disse...

sabe como é, czar d' ellas, nós por aqui somos muito amigos dos paneleiros.

Anónimo disse...

Isso já tinha percebido....
mas a questão de fundo que assinalei não é essa...

André Carapinha disse...

Não vejo nenhuma questão de fundo na sua verborreia.

Joao Galamba disse...

liberais so-nos-negocios. pois. eu lancei-lhes um desafio no metablog. sao muito sui generis estes nossos liberais

Joao Galamba disse...

as voltas e baldrocas que estes 'liberais' conseguem dar para evitar dizer uma coisa muito simples: nao gostamos de paneleiros. la nisso sao muito portugueses, no resto dizem-se cidadaos do mundo

Anónimo disse...

Você por vezes caga alto demais, mas cuidado com as vertigens.
A questão de fundo é a importância toda que se está a dar a um contrato chamado casamento...
tudo bem se é para legalizar uma situação...
no entanto ao nível de aceitação da sociedade não resolve pura e simplesmente nada...
Quanto ao resto tenho uma prática de passado e de presente que me deixa perfeitamente tranquilo no que toca a tomadas de posição...e na comparação com todos vós... e por aqui fico..

André Carapinha disse...

A questão, Czar d' ellas, é que a sua questão não é questão nenhuma. Isso da "importância do casamento" é completamente vazio. Quer ver?

-Se o casamento não tem importância nenhuma, porque é que não se podem casar os homossexuais, uma vez que é um acto sem qualquer relevância?
-Se o casamento é algo de importante, porque não se podem então casar os homossexuais? Não tem direito a celebrar esse ritual tão importante?

A questão é que é completamente irrelevante o valor que damos à instituição "casamento". Pacheco Pereira, no seu melhor, está contra porque acha que os homossexuais não deviam ser conservadores e preocupar-se com estas coisas. Acontece que os homossexuais tem todo o direito a ser conservadores, a ir à missa, a acreditar no céu e no inferno, e nós não temos nada a ver com isso.

As verdadeiras questões aqui são:

1- A proteccção legal que o casamento oferece, designadamente quanto a heranças, responsabilidades eductaivas, etc.

2- O direito à cerimónia, mesmo que esta seja entendida como meramente simbólica, ou seja, mesmo que uma eventual lei das uniões de facto equiparasse estas completamente ao casamento, ainda assim deveriam ter direito ao ritual. Porque se a Igeja tem direito a escolher (é uma instituição privada), já o Estado tem o obrigação de não discriminar. Aliás, como sabemos, a proibição do casamento homossexual é inconstitucional.

Joao Galamba disse...

C'Zar dellas,

A aceitacao social nao se institui por decreto, ela vai-se construindo com pequenas medidas. Uma serie de televisao aqui, um deputado acoli, a legalizacao do casamento acoli. Assim passo a passo, como os conservadores (nao os reaccionarios) dizem que gostam. A abolicao da escravatura tambem nao normalizou a situacao das populacoes negras, mas tem de concordar que contribuiu um pedacito, ou nao?

Anónimo disse...

João Galamba,

Estou perfeitamente de acordo consigo, desde a 1ª intervenção que foi minha intençao distinguir as coisas, sem desvalorizar ganhos consequentes...mas não empolando reconhecimento imediato, como tenho constatado em muitos discursos...

Anónimo disse...

Faça-se um referendo também para isto, já agora. Mas, no fim, se o resultado não agradar à minoria, respeite-se o resultado (seja qual for). Digo isto, porque o costume neste país é, invariavelmente, a facção derrotada querer levar avante o que pretende, a bem ou a mal.
Se a sociedade é maioritariamente conservadora, porquê ir contra a vontade da maioria? É isto a democracia? O casamento tem raízes na religião, que não aprova/aceita a homossexualidade. Se este grupo de indivíduos é diferente dos demais, porque não aceita a sua própria diferença? Porque não se contentam com a eventual lei da união de facto? Porque querem ser iguais aos casais hetero quando não o são?
Aceitem a diferença porque realmente são diferentes.