Não podiamos deixar de assinalar a entrada de Vasco Pulido Valente na blogosfera, através de O Espectro. Junta-se à Constança Cunha e Sá, mas parece que há mais um colaborador a caminho. VPV começou já a dar o ar da sua graça. Hoje colocou o seu primeiro post e entrou a matar. Eis o texto: "As graçolas sobre a "recuperação" de Alegre não me parecem de muito bom gosto. Depois de trinta anos de ociosidade no parlamento, três meses de trabalho matam um homem".
20 comentários:
Wellcome to the canteen, VPV.
Para perceber o VPV - ou tentar- é preciso ter muita quilometragem na leitura, na avaliacao do inconfundível estilo meio Bogart/ meio Le Carré, na apologia do requinte do garfo e na audaciosa travessia plena de inteligência e ousadia do Sexo, das Mentiras e do Poder. Thta´s the question!!! FAR
O VPV tem imensa piada, sabedoria e malicia, no sentigo que Maistre ou Debord empregam.Mas, cuidado, nao é um esquerdista nem reivindica- como no corpo central do blogue- a heranca de Marx, Bakounine, Guevara, Tony Negri, Felix Guattari e Gilles Deleuze.´Produz uma prosa política que oscila entre os meandros paranóicos e sigilosos de Nuno Rogeiro r a tradicao do bota-abaixo requintada do grupo dos " vencidos da Vida ". Atencao, pois, tanto mais que a admirável Constanca disse de imediato, que Cavaco Silva nao era nem nunca foi de Direita...Ao arrepio de tudo o que VPV escreveu durante a campanha. FAR
FAR acertou na muge em relação à personagem VPV. É de facto um loser, agora repescado por essa figura da comunicação chamada Constança.
Mas que casamento!
muge ou "mouche"?
Aonde é que andam os meninos:o animal político André, o historiador bloquista, o enciclopedista, o tropicalista- que -sabe-imenso -inglês?!? às armas, cidadaos.( O teclado alemao nao faz tilts nem cedilhas, sorry). O VPV escreveu coisas divinas. Lembro-me: uma " É imensamente dificil encontrar uma pessoa inteligente em Portugal ". Mas,acho eu, o 2+2=5 nao se vai por de pernas-abertas para repetir ad nauseum o que nos " vende " o VPV e a CCS. Armando, toma atencao,hombre. Leiam ,meninos, até fazer sangue, facam amor nos intervalos, bebam com moderacao e comam muitos espinafres, ok? Há Fragmentos inéditos do Nietzsche que derrubam qualquer novo ídolo. Existe nmesmo uma regressao cultural em Portugal, a que o germanista Joao Barrento, apelida de indigência... FAR
Quando se faz tiro ao alvo, por vezes acerta-se na muge. Outras vezes não. E tudo por causa dos francesismos, sr. Picheleiro.
Estou farto de mestres, gurus e professores.
VPV tem a sua piada e estou-me nas tintas para a cor política dele.Eu tenho a minha e ele tem a dele e somos todos já um bocadinho crescidinhos para virem com a treta do papão. Além de esse tipo de aviso ser reaccionário e paternalista, nem sequer faz nenhum sentido.
Guias idelógicos, não. Nesta fase só guias turisticas se forem boas. Não me venham com paternalismos da treta a avisar "cuidado que ele é o papão, é de direita".
Tomara a esquerda ter muitos opinion makers com a qualidade de VPV.
Para Gurus e linhas correctas eu já dei! Sorry lá, joes, por ter estragado alguns amanhãs que cantam. E não perceber isto, é não perceber o processo histórico.
Este é um blogue colectivo, sem mestres, e aberto a todas as opiniões. E tem tido óptimos comentadores de todos os sectores que acompanham, e espero que continuem a acompanhar, os escribas de serviço. E têm mostrado ter ideias muito próprias. O que não é bom. É óptimo.
O VPV é um grande analista, comentador e escritor. Claro que, quando lemos as suas crónicas ou posts, convém ter em atenção que é da direita "conservadora", e que é um pessimista, um amargurado, um elitista e mesmo um snob. Mas quando lemos quem quer que seja já temos a priori, ou vamos criando se estivermos a conhecer, opiniões sobre quem é a pessoa. O que não nos pode impedir de separar a análise do analista.
Eu nao escreverei mais uma linha no blogue se o ideologo encapotado for VPV. Sorry... Esse é o caminho do suicidio e da risota geral. Existe uma segregacao e uma distincao muito penalizantes no espaco cultural portugues. O sr. VPV só aparemta ter a nonchalence que tem porque vê indígenas à sua frente. O caminho do blogue é procurar, agenciar, descobrir autores, teorias e guias para interpretar o Mundo. Todos sabemos onde estao. Os mestres do sr. VPV todos sabem quem sao: historiadores como E.H. Carr e seguidores em Oxford e nos EUA... Sao dezenas e ainda a leitura dos grandes jornais do Mundo. Cuidado com os falsos profetas e o nacional-porreirismo. FAR
FAR:
Neste blogue não há ideólogos encapotados.
Respeitamos valores básicos: liberdade, democracia, pluralismo. Somos todos de esquerda, mas nem todos da mesma esquerda.
As tuas contribuições são sempre bem-vindas.
Quanto ao VPV, eu também o leio. Aprecio a sua argúcia, ironia e capacidade de análise. O que não quer dizer que não perceba a linha em que se insere, ou que esteja de acordo com ela. Muito menos que o ponha ao nível de um Deleuze. Era só o que faltava comparar um dos maiores pensadores de sempre com um escriba num jornal, por melhor que ele seja. Daqui a pouco estamos a comparar o Wittgenstein com o Miguel Sousa Tavares!
Sinceramente não percebo esta celeuma.
Chamar a VPV ideólogo é um exagero e não faz qualquer sentido. Que ele é de direita, toda a gente o sabe. Basta lê-lo. Que ele escreve o pensa e não o esconde, acho bem. Que criou um estilo muito próprio que poucos conseguiram, só joga a seu favor. Mas atenção. A qualidade da escrita e da critica não se mede pelo posicionamento político. Só os mediocres podem pensar assim. Como o era Stalin e outros, que limparam o sebo a muitos pensadores e escritores só porque eram diferentes e escreviam coisas pouco "politicamente integradas no pensamento único". Houve muita gente que morreu a lutar contra isso. E não era para o pensamento único mudar de sinal. Era para deixar de o haver.
Eu sei que a ortodoxia e o cinzentismo é uma chatice. Mas há que fazer um esforço para a combater, bolas.
O sr. Vasco Pulido não é Valente.
E se é Valente, não é Pulido.
Mas é polido na prosa,
onde goza, gozando-nos do alto do seu pedantismo serôdio.
Eu nem quero acreditar. Confundir a forma com o conteúdo: isso é uma tautologia totalitária sem nome. Está-se mesmo a ver que os anúncios da Palmolive valem mais do que os textos de Paul Krugman, pois sao mais clarinhos e condensados...Nietzsche comentando a experiencia de Socrates:" Se nos tornamos mestres em alguma coisa, acabamos por ficar reles aprendizes em todas as outras... ".
Tenho feito das tripas coracao para dar vivacidade, classe e internacionalismo consistente ao blogue. FAR
FAR, desculpa-me, mas és tu que estás a confundir a forma com o conteúdo.
Se o que estamos (e penso que posso falar pelo jguitar neste aspecto) é justamente a elogiar a FORMA dos textos do VPV, mas a desconfiar do seu CONTEÚDO...
Voltamos ao mesmo, e peço desculpa por me estar a repetir: eu aprecio imenso a forma do VPV (a sua argúcia, ironia e capacidade de análise), embora compreenda a cem por cento a linha ideológica que compõe o conteúdo do que escreve (é da direita "conservadora", um pessimista, um amargurado, um elitista e mesmo um snob). What's the big deal?
Continuo sem perceber nada...
Já agora, acho que estás a perceber a coisa ao contrário: o facto de assinalarmos a entrada do VPV na blogosfera como um acréscimo evidente de qualidade na mesma não tem nada a ver com "pormo-nos de pernas abertas" para o dito. Primeiro, porque aqui não temos pernas abertas para ninguém; depois, porque queremos os melhores de todos para que todos possamos ser melhores. O mesmo digo, p. ex., do João Miranda do Blasfémias. É um dos tipos cujas opiniões me provocam mais asco, mas tem grande qualidade nesse asco, e essa qualidade provoca-me, também dialecticamente. Eu não quero adversários mediocres, pobres, porque não considero as minhas ideias mediocres e pobres, quero os melhores, porque tenho total confiança na força dos meus argumentos.
O " estilo " VPV é mais uma forma de se insinuar e tentar vender o peixe da melhor e mais descarada das formas. Claro, eu sei que ele há anos é o must da Universidade Católica de Lisboa, por obra e graca do espírito santo. Vaneigem ou Sollers,Bloom ou o próprio E.P.C. preconizam , na esteira de Proust, que a escrita é a " única vida verdadeiramente vivida ". André, quem é que tem proposto centenas de artigos do Monde, New York Times, New Yorker, revelando a Maureen Dowd, o Paul Krugman, o Roger Cohen , etc, esses sem dúvida, imagino, os " modelos " ou fontes de inspiracao, mesmo formal, do excelente VPV, que leio há anos com prazer mas a máxima das desconfiancas. O livro da Filomena Mónica, a musa e feiticeira desse núcleo da geracao de 6o de que faz parte VPV, Manuel Lucena, Vilaverde Cabral, etc, transpira de cinismo ,cretinismo e de uma ambicao sem limites que a indigente vida política e cultural portuguesa aceitam e veneram, na acepcao em que a formulava Jorge de Sena," Escravos miseráveis de tudo, sobretudo do circulo vicioso da própria baixeza ". FAR
Não subscrevo a ideia que tudo o que se passa cá dentro é mau e baixo e apenas no além-Pirineus e EUA é que estão os génios, os visionários e a superioridade intelectual. É redutor e revela um complexo de inferioridade tipico dos portugueses.
Não obstante se deva aconselhar o divã do psicólogo aos 10 milhões de tugas, considero que a realidade contraria a tese dos "contadinhos, são tão burrinhos". Há por cá gente com tanto valor como em qualquer outro lado.
Penso também que não há países superiores e iluminados, e outros que são ou vão a caminho do esgoto do mundo.
Essa é uma ideia que o capitalismo quer fazer passar, para preservar a hegemonia das grandes potências.
Os países emergentes da Ásia, da América Latina e da África também têm grandes pensadores que não são de origem francesa ou norte-americana. São indigenas, mas têm o azar de estar fora do mainstream. Isto também se aplica aos portugueses. O mainstream tem a ver com mercado e é nos países ricos onde o consumo é maior. Essa é uma regra do capitalismo. Passá-la para os conteúdos culturais como justificação que são "as joias do pensamento contemporâneo" é arriscado e contraditório. O mercado não mostra o que há de melhor mas sim o que melhor vende.
A dialética tem provado que, ao longo dos tempos, o que é grande hoje não o é para sempre.
Existe uma grande desorientacao na vida política e cultural portuguesa. Pelo menos, desde que o guterrismo se auto-desfez, as coisas nunca mais caminharam bem. Em qualquer estrato ou patamar da sociedade e da cultura nacionais.Publicam-se muitas coisas, mas tirando o diktat da Feira do livro de Francfort, nickles. Aonde estao as obras completas de Marx, de Freud, de Nietzsche, de Keynes, por exemplo?. Pela Europa fora, elas estao em coleccoes de bolso, baratas e acessiveis a quem quer saber. De resto, qualquer livro que ultrapasse 35 mil de tiragem, 9 a 12 meses depois está em poche. Costumo dizer, há muito, que qualquer escritor( ou candidato ) lusitano devia ir passar um ano a Paris, ou Nova York, ou Londres, pelo menos. É uma opcao de língua e experiência radical/íntima dos saberes, que nao se pode qualificar nem avaliar. Ora, em Paris,que conheco melhor mas prefiro Aden ou Dakar para viver, aparecem seres incriveis que sabem tudo sobre o Platao, o Clausewitz, o Derrida ou o Wittgenstein, por exemplo. Armados dessa parcela do saber, com abertura e humildade activa e esfusiante, partem a descobrir novos temas e problemas, estabelecem pontes com outros cidadaos do mundo e terminam obras ou arquivos. Essa é a minha visao do Saber, que pode ser Contra-Cultura e terrorismo. Há génios em Portugal? Creio, que sim. Vejam Siza,Sena,Damásio, Prado Coelho(tirando os escritos políticos), Herberto Helder e Maria Gabriel Lansol, entre outros.António Oliveira, você que tem um bom estilo de escrita, com certeza que a leitura do Monde, NY. Times e Guardian lhe apuram ainda mais as virtualidades, verdade?. FAR
Rescaldo: O que eu andei a ler. Nietzsche sobre a Oligarquia dos Sábios, a Enciclopédia Universalis
e o Grao e a Voz de Roland Barthes, Os textos da Universalis sao sobre a Forma e o Conteúdo. Dao-nos vertigens porque há imensas escolas e opcoes teo´ricas activas: Frege. Chomski, Wittgenstein, and so on. Os Neo-cartesianos contra os funcionalistas, os realistas contra os pragma´ticos. Dá para uma tese. O Barthes fornece pistas giras, olhem para esta: "Tudo significa remete para esta ideia simples, mas essencial, que o texto está atravessado, envolvido de significacao, já que se encontra imerso totalmente numa espécie de inter-sentidos infinito, que se repercute entre a linguagem e o Mundo ". Olha o que o menino Vasco despoletou, já viram?!? FAR
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