segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Maria Rita. Hoje e amanhã no Coliseu dos Recreios em Lisboa. O concerto tem como base o seu novo álbum, “Segundo”. Para assistir com a paixão como se ouvem, ou ouviam, os grandes intérpretes da MPB, como era o caso de Elis Regina. Maria Rita atingiu já o estatuto de maioridade e descolou para outros voos. A não perder.

9 comentários:

Anónimo disse...

Agora que o cérebro de Ariel Sharon deu o bafo e quando começam a chover loas sobre o energúmeno, seja qual for o ponto de vista por onde se olhe, quero recordar um "post" de André Carapinha e um momento brilhante do 2+2=5.

Segunda-feira, Agosto 15, 2005

A estratégia de Sharon

Começou hoje a retirada dos colonatos israelitas da Faixa de Gaza. Muitos tem sido os analistas que notam a curiosidade de ser Ariel Sharon, o estratega da invasão do Líbano e dos massacres de Sabra e Chatila, aliado histórico dos colonos e da extrema direita, a levar a cabo a empresa, cumprindo aquilo que a esquerda israelita nunca foi capaz de fazer. Pretendemos com este texto uma pequena análise, necessariamente com o seu quê de especulativa, sobre as reais motivações de Sharon. Já sabemos que não há almoços grátis, e muito menos para este velho falcão da direita pura e dura.
Em primeiro lugar, no plano da mera política interna, a estratégia de Sharon já conseguiu uma vitória histórica: a implosão total da esquerda israelita. A retirada de Gaza representa um happening simbólico que desarma a esquerda; afinal, o mesmo homem que simbolizava o inimigo interno é aquele que atinge um desígnio histórico nunca alcançado pelos progressistas israelitas. Este facto, aliado à explosiva situação demográfica israelita, com um número crescente de imigrantes do ex-bloco de leste, quase todos alinhados com a extrema-direita, lança a esquerda numa crise da qual não se espera que saia tão cedo.
Em segundo lugar, quanto à questão palestiniana, a jogada poderá ser de mestre. Primeiro, fora o simbolismo (que o há, sem dúvida), a retirada é sobretudo uma jogada estratégica: Gaza é o viveiro dos radicais, a zona mais problemática e mais cara de manter, e, sobretudo, nao tem nada: não tem água, electricidade, campos de cultivo, petróleo ou gás. É um deserto inóspito que custa os olhos da cara a Israel para proteger oito mil colonos (lembre-se: na mesma área habitam um milhão e quatrocentos mil palestinianos). Depois, poderá ser uma faca de dois gumes na mão de Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestiniana. Em Gaza, ao contrário da Cisjordânia, a Fatah (mais moderada) é politicamente suplantada pelo Hamas (extremista islâmico). Mais, o Hamas criou uma rede local que inclui escolas, hospitais, serviços e, em muitos lugares, o próprio controlo policial. Inevitavelmente, o Hamas surge como grande vencedor. Aos olhos da juventude palestiniana (cerca de 50% da população tem menos de 16 anos), foi a pressão dos bombistas suicidas e não a das negociações da AP a forçar a retirada. E não estão tão enganados como isso. No limite, Sharon poderá estar a forçar uma guerra civil entre os palestinianos (Hamas e Jihad contra a AP) em Gaza, enquanto continua a fragmentar a Cisjordânia, essa sim, um objectivo estratégico claro, ganhando o argumento legitimador de que Abbas é incapaz de controlar os radicais. Muito do que vai acontecer dependerá de facto do grau de evolução política das lideranças palestinianas, bem como do grau da sua consciência nacionalista.
Por útlimo, e face à comunidade internacional, a jogada de Sharon visa convencer o mundo, em particular a Europa, de que se está de facto a avançar no processo de paz. Parece de mestre, mas não nos esqueçamos que é uma fuga para a frente causada pela dinâmica da resistência palestiniana, e que, dependendo desta, poderá ser o princípio do fim da ocupação, ou a sua perpetuação por muitos e bons anos. A bola, essa, está agora do lado de Abbas e do Hamas.

posted by André Carapinha

Anónimo disse...

Qual a relação entre o concerto da Maria Rita, o cérebro do Sharon que deu o bafo e ainda a sua estratégia?

Será que ambos fazem sonhar?

Anónimo disse...

Já dizia o Poeta: "Isto anda tudo ligado".

Mas quero sublinhar que "Maria Rita é de arrasar", palavra da "regina" Elis (1945-1982).

Anónimo disse...

Fui ver ontem e subscrevo o comentário do Zé Maria. É mesmo de arrasar. Enérgica, fulgurante sem ser espalhafatosa, uma voz divinal e com momentos muito altos de cumplicidade com o público, o que resultou numa empatia pouco habitual em concertos, mesmo nos brasileiros.
PS. A banda é excelente.

Anónimo disse...

Não fiquei encantada...
Se tivesse ido contigo...
Beijinhos
MJoãoAmaral

Anónimo disse...

Grande Maria João! Gosto de te ver assim descontraída!
Aquele abraço.

Anónimo disse...

MJoão não fiques assim tão desconsolada. Se quiseres eu canto para ti. Também pode ser samba.
Bjs

PS.Nunca é tarde para te arrependeres. Gostei....

Anónimo disse...

O post não assinado de cima é meu.
Questões técnicas...

Anónimo disse...

Eu sempre disse que os nossos enciclopedistas e historiadores eram de primeira água e muita falta fazem no blogue do Armando & André. Sobre o Sharon, muita água vai correr ainda debaixo das pontes, mas, convém dizer,tão-só:
1) Sharon foi sempre o pau-mandado dos USA, assim como Peres, Netanyaoun e Barak, mais ou menos, depende do físico e das missões secretas...; 2) A situação no Médio Oriente- que é crucial para o Mundo- é um tabulado onde se cruzam todas as seitas e heresias do Islão- sunniats,chiitas, kurdos, salafitas, etc...; 3)Os rios de dinheiro que os sauditas, iranianos e a diáspora sunnita africana disponibilizam para o Hamas, os Irmãos Muçulmanos e tutti quanti é colossal, e alimenta as fábricas de armas e explosivos do defunto Império soviético; 4) Depois da morte de Arafat, não hé lideres palestinianos e os EUA nao podem eternamente custear a vida de Israel, o acordo e paz sofrida é imperativo, agora na ausência de líderes carismáticos. Allah é grande! FAR