China: Mundos & fundos. Disputa as head-lines de todos os noticiários, à cerca de cinco anos a esta parte. Parece lenta mas irreversível a ascensão da República Popular da China aos lugares cimeiros da economia e política mundiais. Ninguém sabe o que é que acontecerá com a dinâmica da produção industrial chinesa, que em 2004 bateu novos records de exportação e gerou um superavit comercial colossal, só batido pela Alemanha, se bem que existam especulações sobre a veracidade dos números apresentados por Pequim. Todavia, no espectro regional da Ásia do Sul, avivam-se as tensões geradas pelas rivalidades políticas entre os três Estados gigantes, Japão, China e Índia, cada um a procurar aliados e mercados para sustentarem o ritmo imparável do crescimento interno. Ninguém inagina o que o futuro lhe reservará: Taiwan e a Coreia do Sul, a Birmânia e a Indonésia são alvos-cobiçados pelo triunvirato da expansão a dois dígitos, que desequilibra as outras potências do G-8., marginalizando a Europa e intimidando os EUA.
Philippe Cohen, um dos maiores jornalistas franceses da actualidade e autor do livro que abalou o funcionamento do jornal Le Monde, realizou uma reportagem magistral que concretizou em volume, " A China será o nosso pesadelo?", editado na Fayard/ Mille et une Nuits, que engloba e manobra todas as vastíssimas referências teóricas e políticas alinhadas ao longo dos últimos anos sobre o fenómeno da aliança marxista-leninista e do neo-liberalismo despudorado mais despótico e implacável. O caudal de informações e a escolha dos tópicos de análise nucleares fazem deste ensaio um dos grandes livros deste novo ano, à escala mundial. É impossivel compreender o que se passa, sem interrelacionar as teses de Joe Studwell com as de Erik Izraelewicz ou de Laurence Benhamou, indo depois para o terreno vários meses, esse o método utilizado pelo jornalista da Marianne.
" Com efeito,a expressão atelier do mundo não foi escolhida por acaso: a China possui verdadeiramente a possibilidade técnica de se tornar o distribuidor industrial exclusivo mundial. Mais grave ainda: tendo em linha de conta a rapidez crescente com que as empresas chinesas se adaptam ao mercado livre, a desindustrialização do Ocidente pode surgir mais cedo do que previsto ", frisa P.Cohen.
Regime de partido único, a China domina já o vasto sector das indústrias de electrodomésticos mundial, preparando-se para entrar em força no software e na produção de automóveis híbridos a baixo preço. Como não tem sistema de Segurança Social de espécie alguma e as reservas de mão-de-obra são ilimitadas, o estado-partido gere via rede bancária um cash-flow gigantesco que investe numa segunda ronda de deslocalização para escapar ao sistema de quotas europeu e americano. Assim, surgiu recentemente em Hong Kong uma linha de confecções de Alta Costura- que abastece a Ralph Lauren e a Calvin Klein, entre outras- que concentrou os estilistas nova-yorquinos na antiga colónia inglesa para produção autónoma em perspectiva. Mais , cita P.Cohen, a partir de 2009, a China poderá ser o centro mundial da Pesquisa & Desenvolvimento, um Sillicon Valley multifuncional gigante, que abrirá ainda mais as portas à dominação económica chinesa e despoletando, se assim se pode chamar, um cataclismo ideológico e social imprevisível a médio prazo.
FAR
1 comentário:
O Lucro a curto prazo. Eis para o que P.C. do Império de Meio está a atirar aos empresários chineses, ara a sua própria subervivência. Rápido e fatal.
As novas Novidades virão da China.
Será que se sagra a Velha aspiração anti-capalista, falhada na URSS de um Capitalismo Unipartidário, ou a Burguesia já não consegue ser Revolucionária como expectava Marx e Engels? O Capitalismo no Apogeu, joaomiranda, totalmente protegido pelo Estado, esquecendo que NÓS, o povinho, somos os donos(?- esta a grande falácia) do Orçamento.
Há várias soluções, desde a pasmaceira ao dedo no gatilho. Nenhuma serve, como a história recente demontrou.
Que fazer?
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