(para coleccionar, no fim dão-se alvíssaras)
Po-ética um
os dedos
logo pelo cio das pássaras
nos horários nobres do orvalho
dedilham essa humidade
contentes de a terem aberta em lábios
o céu dorme e as ervas regurgitam
agora em lâminas erectas a noite que as teve silenciadas
são rainhas na calma obscura das raízes
no mastigar dos dias
algures
o mais esquecido dos cantos
acende um olhar no perfume
enraizado de maçãs na memória
e parte
ondas de clarinete
verdes em mar aberto
Po-ética dois
as formigas quando azulam
largam a fila em transparência fatigada
mas apolíneas
de harpas e seu som
apenas na infra posição do que nelas é a sua pata maquinal
se percutem as cordas
tudo isto se passa no continente das formigas
cabe no meu dedo mínimo
de modo invisível
falamos obviamente de formigas liliputianas
e de um ouvido atento
Po-ética três
nesta a matemática tem um papel
como se diz de um actor que tem um papel
e é um papel nada simbólico embora perder os três
seja mais do que simbólico
e sangre
as mais das vezes
tal como as pétalas ardem
ao dia chegado
(Continua.)
f.arom
Aqui começa uma colecção de poemas sequenciados. Irão surgindo com indicação do nº de série.
2 comentários:
Gostei do surrealismo que me provoca.
Oh Duval!
Anarquista? Com esse nick. a que propósito?
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