O tempo aquece e lembro-me das portas que Abril abriu. Multicultural, interclassista e de sexualidade à solta era o tempo da Lontra. Ele, no meio dos vinte, cabeleira afro, África no corpo e na dança. Ela, no fim dos trinta (?), “clara, loira e capitosa”, branquela. Mónica Vitti na noite. Troca de olhares. Tiro e queda. Body Heat? Hot Summer? Nove Semanas e Meia? Tudo isso no palco de dança. Depois uns copos e uma de conversa. E, lá se foi o fascínio. Ele esperava uma puta. Ela era uma actriz consagrada. Ela esperava um cabo-verdiano das obras. Ele era estudante de Filosofia. Desencontros. Que saudades tenho de Abril em Maio!
Josina MacAdam
8 comentários:
É o que acontece quando se faz o filme à partida e não se deixam as coisas acontecer... nunca nada cabe no enredo primordial!
Goste de te rever, Josina. Um abraço.
Afinal a Josina é uma puta consagrada ou filósofo de cabo verde nas obras? Travesti? Transgender? .....
Caro anónimo. Conheço-a. Sei que sabe histórias de putas, de filósofos de Cabo Verde, de travestis, de trangenders e agora de anónimos imbecis.
Armando: É assim mesmo! Depois da grande entrada do Verao passado,parece que o Armando recupera vitalidade e radicalismo. O texto da Josina é admirável.E nao tem nada a ver com os lacanianos jogos de EPC, que tenta amordacar a literatura lusa novíssima a cânones de colégio de freiras,( vidé último texto sobre Mafalda Ivo Cruz, Mil Folhas). Armando, conta com umas n-g-3 caligráficas, pois! Anónimos é mesmo abaixo de cao, homessa!.FAR
Só nos puzzles é que as peças encaixam. Na vida, às vezes.
As fantasias são dessa ordem. Conheci quem gostasse de ser sodomizado com o parceiro a usar um chapéu de cow-boy.
Resumindo, ainda não se pode ser preto.
Não se podia. Agora felizmente pode-se.
Enviar um comentário