sexta-feira, 5 de maio de 2006

Freud, o divã e os seus multiplos usos

Comemoram-se agora os 150 anos do nascimento de Freud. Nunca nos últimos tempos se escreveu tanto sobre psicanálise e o seu criador. Freud virou objecto de culto? Talvez não. Parece mais o assinalar de uma efeméride importante na descoberta dos mistérios e da estrutura da mente humana. Pessoalmente nunca me interessei muito por Freud, nem acreditei muito na psicanálise. As terapias eram feitas a cru, em grupo, com muito álcool e outras substâncias defendidas por diversos ervanários da época. Estendia-se até aos cogumelos de Carlos Castañeda. Havia quem defendesse que "quem tem amigos não precisa do divã do psicanalista". Mas muitos de nós iam mais longe e estudavam os radicais. Sim, David Cooper, entre outros. Os seus livros eram esclarecedores quanto à morte da família ou como tratar de uma depressão através do LSD. Assisti a uma conferência de Franco Basaglia, o defensor italiano da antipsiquiatria, que explicou ao pormenor como decidiu abrir as portas do hospital psiquiátrico onde trabalhava. Fiquei surpreendido e pensei que talvez essa fosse a solução para muitos males sociais. Abrir as portas da percepção. Também Foucault estava em sintonia com os antipsiquiatras. Defendia que os loucos não sofrem de uma doença mas sim de opressão de uma sociedade que não os compreende. Esse era o pensamento de muitos os da minha geração, quando se falava em doenças mentais. Era radical? Pensava eu que sim, mas há quem defenda que não. Chantal Bosseur escreve no seu livro "Introdução à Antipsiquiatria" que a metodologia de Freud e a dos antipsiquiatras têm muitas analogias. Considera que o que Freud fez com os histéricos, os antipsiquiatras fizeram com os esquizofrénicos. Mais uma vez a teoria dos extremos que se tocam. Porra. Tantos anos de luta para chegarem a esta conclusão? Sinto-me um pouco depressivo. Mas prometo que não vou ao psicanalista.

12 comentários:

Anónimo disse...

Freuda-se

Anónimo disse...

Um vírus de ordem mais ou menos grave cortou-me o acesso à Internete.Por isso, a dose de comentários- o plano inclinadíssimo de Villepin é muito preocupante assim como a ameaca de Israel bombardear os 400 objectivos de guerra no Irao...- estar reduzida ao mínimo até Segunda-Feira. Sobre Villepin, o Canard, o grande referncial da Informacao de bastidores, dá-o quase como perdido, com o staff de Chirac a fazer-lhe as malas. De qualquer das formas, como tem qualidades acima da média da classe política de direita francesa( fala-se na entrada em cena de outro normalien, enarcha e polyticeen: Juppé, outro chou-chou de Chirac, por quem deu a cara e foi julgado em tribunal por causa das contas da câmara de Paris e dos empregos fictícios...), é natural, apesar de tudo, que Villepin desencante o último reduto de forcas para se manter como PM, mesmo que seja ouvido pelos juízes encarregados de deslindar o caso Cleartream, o Watergate francês como lhe chama o NY Times.
Deixo ao cuidado de Rocheteau e A. Oliveira, pelo menos, o deslinde desta singela questao: quem há cerca de 1- ano-1 emite comentários deve, no meu singelo ponto de vista, mostrar-se e postar artigos de sua lavra. Isto de comentar e nao mostrar o que vale, nao vale ou mostra uma superioridade malsa e inoperante... Bom Week-End! E boas leituras!FAR

Anónimo disse...

Oli:
Embora seja farisaica não gosto de o ver nesse desespero. Anime-se! Leia Freud e perceba que quem o deita no divã (a Ólinda) não pode curtir consigo. Ortodoxia oblige. Sublime e dedique-se à escrita bloguística.
São os votos da sua

Anónimo disse...

Camarada Oli

Parece-me que confundiu Psicanálise e Psiquiatria.

Termino esta breve citando, de cor, uns anarcas recentes:"uma sociedade que aboliu o desejo, faz do único desejo possível a abolição dessa mesma sociedade"

Abraço,
Baku

Anónimo disse...

Bak
Lamento desiludi-lo mas não há qualquer confusão.
Como sabe, a psicanálise entrou em decadência nos anos 40/50 sendo substituída progressivamente pela psiquiatria.

Nos anos 60/70, com a revolução social e cultural em curso, a psiquiatria já fazia parte de um certo establishment e a alternativa surgia com Cooper, Reich et al. Entre as várias propostas surgia a antipsiquiatria, que tinha como sabe muitos adeptos.

Muitas alternativas que se colocavam na época, surgiam apenas por serem contrapoder. Mas fazia parte das regras do jogo de então.

Fala-se agora muito de Freud apenas por ser uma efeméride. A psicanálise afunda-se. Cem psicólogos no fundo do oceano já não são sequer um bom começo.
Nas últimas duas semanas li depoimentos sobre pessoas que recorreram à psicanálise e não vi um caso de sucesso.

António Oliveira

Anónimo disse...

Quem é a òlinda???

Anónimo disse...

De anónimo para anónimo lhe confidencio ser a Ólinda uma das musas mais belas do blogue.

Anónimo disse...

este texto de a. oliveira é uma verdadeira homenagem à "cultura inculta" que graça nos media

Anónimo disse...

A consulta de psiquiatria/psicologia é o sucerdâneo do confessionário.

Anónimo disse...

Anónimo das 5:38 PM
V. pode ter toda a razão mas não é graça, é grassa.

O seu post é que teve graça.

Anonimouse

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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