quinta-feira, 11 de maio de 2006

Portugal mais competitivo que Itália? Uauuu, quem diria....

A economia dos Estados Unidos da América continua a ser a mais competitiva do mundo. A revelação é feita hoje na edição de 2005 sobre competitividade mundial, um relatório elaborado pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Gestão. Mas o documento considera este facto um paradoxo, uma vez que se verificou uma redução na sua taxa de crescimento para 3,5% e continuou a acumular uma dívida que supera os oito biliões de dólares. Por dia, a dívida norte-americana aumenta qualquer coisa como 2,1 mil milhões de dólares. É caso para dizer, isto só na América. O curioso vem depois e prende-se com o facto de haver cada vez mais países com títulos da dívida pública dos EUA. O engraçado é que a China comunista é já dos maiores credores dos Estados Unidos e vai a caminho de ser o número um. Ironias do destino.
Nas economias competitivas, Hong Kong mantém o segundo lugar e Singapura o terceiro. Quanto à União Europeia dos 15, sem os países do alargamento, a Dinamarca está em 5º e o Luxemburgo em 9º. Portugal melhorou, e está agora em 43º lugar, depois da Grécia (42º), Espanha (36º) e França (35º). Para os mais nacionalistas fiquem a saber que a Itália está abaixo de nós, em 56º lugar.
Este estudo baseia-se em centenas de critérios, que podem ser agrupados em quatro factores de competitividade: desempenho económico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infra-estruturas. Foram analisadas 61 economias, divididas em 53 países e oito regiões.

6 comentários:

Anónimo disse...

Não há nada de especialmente misterioso ou paradoxal no facto de a economia dos EUA ser a mais competitiva e a mais «endividada» do mundo. Não quero entrar em grandes tecnicismos, mas a coisa até se explica com alguma rapidez. O «endividamento» externo de uma economia é dado pela diferença entre a poupança que nela se gera e o investimento que nela se aplica. O enorme «endividamento» da economia dos EUA resulta dos volumes abissais de investimento que nela se aplicam (e também de relativamente baixas taxas de poupança), financiados, na difernça não coberta pela poupança interna, por 70% (sim, leram bem, setenta por cento!!!!!) das poupanças do resto do mundo. Essas poupanças entram nos EUA sob a forma de aquisição de activos, financeiros (acções de empresas, obrigações do tesouro, etc.) ou não (investimento directo), e crédito bancário. Quem poupa procura aplicar as suas poupanças em investimentos onde a composição rentabilidade-risco é óptima. Encontram-na nos EUA. Os aforradores/investidores fazem contas:)! Quando compram activos, esperam elevadas rentabilidades e baixos riscos cambiais. Enquanto a tendência de crescimento da produtividade nos EUA for a que é e não se vislumbrar na curva uma inversão, o dinheirinho de todo o mundo continuará a afluir... e, em ciclo virtuoso, a potenciar a competitividade da economia mais competitiva do mundo, que continuará, por isso, a atrair mais dinheiro.

A nossa economia também está altamente «endividada». Ou melhor, horrorosamente endividada. A composição do financiamento é dominada, não pelo investimento nas empresas, directo ou financeiro, mas por crédito intermediado pela banca. À banca estão, por seu turno, endividadas até ao pescoço, as famílias e as empresas. Como a tendência da produtividade é assutadoramente baixa, vamos ter de mudar de vida. Ou aumentamos a produtividade para sustentar o nível de bem-estar em que vivemos, só possibilitado por um ritmo de endividamento externo galopante, ou... baixamos o nível de bem-estar. Provavelmente vai acontecer uma mistura das duas coisas. Quando o ajustamento começar, vai muito provavelmente começar pela redução do bem-estar. E vai doer muito, podem crer. É o que acontece a quem vive do que não tem. Ou a quem vive das poupanças alheias e não está a investir na geração de rendimentos futuros que assegurem a devolução desses créditos sem ter que reduzir o seu rendimento disponível futuro. Ainda não viram nada, se julgam que vivemos com dificuldade.

Anónimo disse...

Só um acrescento: sim, o ajustamento ainda não começou. O chamado défice externo está a aumentar, a caminho dos 10% do PIB. Ele corresponde às necessidades líquidas de financiamento agregadas do Estado, das empresas e das famílias. O Estado registou uma monumental derrapagem orçamental em 2005. Corrigido de receitas extraordinárias, o défice público aumentou de 5,2% (ou 5,4%, não tenho a certeza), para 6% do PIB. Isto depois de a carga fiscal ter aumentado 1% do PIB!!!!!!!!!!!!! O resto é dado pelo contributo das famílias, que continuam a aumentar o seu nível de endividamento a taxas de dois dígitos. E pelas empresas, mas em muito menor grau. Não quero garantir, mas suponho que as empresas já começaram a ajustar. No Estado e nas famílias o regabofe continua.

Anónimo disse...

O Luís Palácios não vai ao combate? Um dos fundadores deste blogue deixa assim a luta?

Assim vai a esquerda!

Quando não há contraditório penso que quem opina, aliás com argumentação e os créditos todos, quase que me convence. E eu, por uma questão de fé, preferiria alinhar com quem me desse uma outra visão dos factos.

Anónimo disse...

Eu cá não tenho fé, ou essa fé, caro bakunine. Mas lá que preferia «uma outra visão dos factos», preferia. Sucede que os factos têm esse terrível defeito de não se compadecerem com as nossas preferências de «visão».

Anónimo disse...

Em economia, como em tudo na vida, nunca há só uma leitura. Por isso não é necessário entrar em pânico, porque no meio desta refrega fica sempre o Estado social possível, que nos diferencia dos outros.

Penso que os neoliberais não se vão auto excluir desses neo keynesianismos com pingos marxistas, como não o fizeram até agora. Nunca vi nenhum recusar a sua pensão só porque vai contra os seus princípios.
Os modelos económicos não se esgotam com as escolas de Chicago ou outras iluminadas por teorias en vogue.

A Europa tem de se concentrar e melhorar nos seus modelos que tanta inveja causa aos vários mundos que há no mundo. Curiosamente há cada vez mais norte-americanos interessados saber mais sobre as nossas férias e os 14 meses que recebemos.

Estou a ler Freakonomics, de Steven Levitt e Stephen Dubner. É um outro olhar sobre o mundo das contas. Aconselho.

Anónimo disse...

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