quarta-feira, 17 de maio de 2006

Do sol e dos toiros e outras elucubrações

A praça de touros do Campo Pequeno reabriu ontem sem touros. Nem mesmo um boi. Nas escadarias forradas com tapetes vermelhos apenas vaquinhas e vaquinhos. É certo que são os mais distintos da socialite lisboeta e arredores, mas isso não se faz. Também não vi forcados e campinos. Só mesmo emissões em directo com sorrisos em diferido. Alguns estavam mesmo retraídos, preocupados com conotações taurinas e ornamentos naquelas testas bem pensantes. Mas notou-se que fizeram um esforço para não pensar nisso. No entanto, não faltaram os pensamentos profundos. “As nossas touradas são outras”. Esta foi das frases mas elaboradas que Alberto João Jardim proferiu nos últimos tempos. Não sei se foi a ele que a Ministra da Cultura se referiu quando disse que as touradas verdadeiramente tradicionais “não passam pela morte do touro”. De facto, mais tradicional que Jardim é difícil de encontrar. Mas algumas críticas não pouparam o estado actual de Lisboa. “A cidade está cheia de espaços mortos e de património mal cuidado”, disse Paula Teixeira da Cruz, autarca do PSD e presidente da Assembleia Municipal de Lisboa. Ooopss. “Não sou eu a responsável por este estado de coisas?”, pensou minutos depois. Como não estava para queimar o neurónio, começou a dar beijinhos a torto e a direito. A noite era das loiras, definitivamente. A sorte da autarca é que a populaça está tão tesa que nem dinheiro tem para comprar Ginkgo Biloba para manter a memória saudável. Mas a noite lá prosseguiu com o glamour característico destas ocasiões. As vaquinhas e os vaquinhos divertiram-se imenso e nem tiveram de fazer grande esforço para evitar a arena. A organização já tinha previsto que poderia haver mentes baralhadas com tanta oxigenação. Por isso marcou a tourada só para amanhã, não vá alguma rica enganar-se na porta da casa de banho.

11 comentários:

Anónimo disse...

Tão mauzinho, Ólindo...beijinhos!

Anónimo disse...

A que ganadaria pertence o Jardim?

Anónimo disse...

Eh pá Deixa-te mas é de elocubrações e leva a miuda à corrida de Quinta feira que ela gosta ! E merece!

Anónimo disse...

Eh pá Deixa-te mas é de elucubrações e leva a miuda à corrida de Quinta feira que ela gosta ! E merece!

Anónimo disse...

Gostava de saber porque carga de água é que a inauguração foi transmitida durante horas e em horário nobre pela RTP1 (serviço pago pelos constribuintes!)

Os investidores pagaram como publicidade? Então tudo bem, embora se possa questionar se um serviço público pode vender esse espaço publicitário.

Além disso deturpa o Mercado que enche a bocade toda a gente.
Nem o belmiro teve direito a tamanha mordomia quando abriu o Colombo.

Se tivesse uma loja, mesmo que fosse de vão de escada, apresentava queixa à Autoridade para a Concorrência.

Anónimo disse...

Eu só vi as fotos nos jornais... mas não sei como se pode encontrar glamour naquela GALERIA DE HORRORES! Escolhidos a dedo.Um susto!

Anónimo disse...

Por isso é que Santana Lopes foi 1º ministro.
Ou julgavam que tinha sido só uma bambúrrio de sorte, conjuntural?

Anónimo disse...

Ontem comemoraram-se os 40 anos do início da Grande Revolucao Cultural Chinesa. Nao sei se souberam. De qualquer das formas,a inauguracao da remodelada praca de touros do Campo Pequeno podia ser enquadrada num texto mais estratégico, com a sinalizacao das polémicas e alternativas arquitectónicas.Lisboa tende a ficar uma sucessao de centros comerciais encostados uns aos outros, e entredevorando-se, o que nao contribui para nenhuma melhoria da vida quotidiana do alfacinha.Ou será que querem transformar a capital de Portugal num entreposto com sol,praias e touradas sem sangue? FAR

Kaos disse...

deviam era ter feito logo uma tourada no dia da inauguração. Pelo menos as "chocas" já lá estavam". Touros, não sei mas bois também vi alguns por lá.

Anónimo disse...

E se não fossem as vaquinhas e os vaquinhos não tinhas feito um texto tão divertido, ó Lindo!

Anónimo disse...

Gosto da palavra elucubrações.
faz-me lembrar os tempos de escola quando a professora me obrigava a escrever 30 vezes uma palavra díficil.