1º de Maio: da luta sindical ao piquenique
Confesso que é pelo facto de ser feriado que gosto cada vez mais do primeiro de Maio. Eu sei que não deveria ser assim mas tenho a impressão que muitas pessoas partilham desta minha tese. Mas esta situação é fruto do imobilismo ideológico do próprio sistema sindical. Os sindicatos continuam agarrados a formas de luta que se têm revelado como pouco eficazes, face aos novos desafios nacionais e internacionais. Por exemplo. Hoje, os temas comuns às comemorações do primeiro de Maio são: “A defesa do emprego de qualidade e a luta contra o desemprego”. Tal como em todos os outros anos. Parece que entrou nas rotativas das centrais sindicais e nunca mais de lá saiu. A progressiva cristalização da praxis sindical levou a que muitos trabalhadores se desvinculassem dos seus sindicatos. Actualmente, a maioria está por sua conta e risco. E a tendência é para aumentar. No entanto, há diferenças entre as duas centrais. A UGT tornou-se numa coisa viscosa que ninguém sabe muito bem o que é. Se algum leitor tiver alguma ideia, seria bom partilhá-la. A CGTP continua a ser a tábua de salvação para muitos trabalhadores, quando existe o risco de desemprego. Carvalho da Silva continua na luta e tem-se mostrado fiel a um ideário sindical. Só que o manual utilizado continua a ser a primeira edição. Os novos desafios passam-lhe completamente ao lado. A globalização, uma das grandes dores de cabeça dos dias de hoje, provoca cada vez mais desemprego sem que os sindicatos consigam fazer alguma coisa. Qual é a formula para combater isso? Não sei. Deixo isso para os experts. No entanto, uma coisa é certa. A qualificação tanto dos trabalhadores como do patronato é uma necessidade urgente. Assim como um upgrade sindical. E também o reforço do movimento sindical a nível global. Mas não nos tirem o feriado. Essa é uma conquista inalienável.
7 comentários:
Não desanimes, caro amigo! Não consta que haja em alguma mente tenebrosa - leia-se: neo-liberal, dessas que arreganham sem rebuço uma tacha de desprezo à simples menção da palavra sindicalismo, no que são seguidas pelas mentes menos ideologizadas das massas em geral, como tu próprio constatas -, não consta, dizia eu, que alguém queira acabar com o feriado. Enfim, não é o jackpot, não se antevendo grande futuro para o sindicalismo, mas sempre sobra o piquenique. Quanto ao desemprego, isso sim, é um problema sério. Mas hoje é hoje é o dia Primeiro de Maio e não tenho grande vontade de falar de coisas sérias. Um abraço e pensa que estou contigo, neste dia solarengo:)
Alguém sabe o que aconteceu ao processo de milhares de contos de falcatruas na UGT?
(...)
São estes os meus semelhantes
e decerto são porque respiramos a mesma poeira
mas para eles ela é o único espaço de existência
e para mim o que deverá ser purificado
por um vento que ignoro de onde virá
(...)
António Ramos Rosa
Os sindicatos perderam a força ao enrolaram-se em compromissos estranhos com o poder. E chegaram ao ponto de ficar com o seu próprio poder completamente reduzido. Ao ponto da concertação ser uma palhaçada.
Jon
Há que reforçar a força dos sindicatos. Os patrões nunca virão em nossa ajuda. Deixem-se de merdas.
Patrão é linguagem de subdesenvolvido.
Ok. Empresário.
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