quinta-feira, 4 de maio de 2006

Cabo Verde, terra di sonho

É a única ex-colónia portuguesa em que se pode realmente dizer que "foi descoberta pelos portugueses". O arquipélago estava deserto, como se pode compreender. Quando Diogo Gomes e o genovês António di Noli encontraram as primeiras cinco ilhas do arquipélago, a 4 de Maio de 1460, não sabiam que estavam a contribuir para tornar o mundo mais rico, na sua diversidade, na sua gastronomia e na sua cultura. As noites passaram a ser mais animadas e o ritmo nunca mais foi o que era. Além da hospitalidade daqueles que passaram a ser os naturais das ilhas, a música de Cabo Verde afirmou-se no mundo e começou a fazer parte dos hábitos de todos os amantes dos trópicos de dança.

10 comentários:

Anónimo disse...

Lindo. Tudo lindo. Mas só uma pequena questão lexicográfica: quando uma terra é habitada, que verbo é que se deve usar para referir a acção pela qual um povo dá pela primeira vez conta dela ao Mundo?

maloud disse...

Parece que os brasileiros resolveram a questão levantada por Jó com o vocábulo "achamento".
E agora outra questão: qual o motivo da independência de Cabo Verde? a circunstância não era semelhante à da Madeira e dos Açores?

Anónimo disse...

Achamento. Que palavra feia... só mesmo os brasileiros para a irem desenterrar ao fundo do baú. Consultado o «Dicionário de Lingua Portuguesa», 6ª Edição, Dicionários EDITORA, J. Almeida Costa e A. Sampaio e Melo, verifica-se que «achamento» é um s. m. e quer dizer o m. q. [o mesmo que] «achada», «invenção»... «descobrimento».

De facto, não há aqui solução nenhuma, porque não há questão nenhuma. Há apenas uma vontade patética de conotar ideologicamente a língua, ao sabor de caprichos pseudo-historiográficos tão estapafúrdios quanto as pseudo-soluções encontradas. Como se vê, no caso vertente. A ditadura linguística do politicamente correcto tem coisas engraçadas como esta.

Anónimo disse...

Quando alguém descobre a leitura, por exemplo, está a desenvolver uma relação unilateral subjectiva com algo que não é nenhuma novidade para a esmagadora maioria de pessoas. Portugal descobriu o Brasil? A França descobriu Amália para o mundo? Brian Epstein descobriu os Beatles? Para os neoliberais talvez todos eles tenham desenvolvido uma relação económica apostando em novos produtos visando desenvolver o mercado e a livre concorrência. Ganhou quem estava melhor posicionado? Porque razão apenas os colonizadores falam em descobrimentos? Defende-se agora a História numa perpectiva de novos mercados para dinamizar a concorrência das potências coloniais? Ou mantém-se a mesma perspectiva que se tinha há 500 anos? Não há evolução?
Os africanos foram descobertos? Marrocos foi descoberto? A Índia foi descoberta? O Japão?
Conservadores de todo o mundo, tomem juízo.

Anónimo disse...

E o “caldo de cultura” em que o mundo todo vive actualmente é também consequência desse passado.

O “politicamente correcto” é auto-censura, é a Censura, é padronizador, é elitista, é tornar o fácil em difícil, é travestir o significado das palavras, enfim, é a linguagem dos cretinos.

Anónimo disse...

De acordo com a Maloud.
Penso que com um estatuto autonómico, como o dos Açores e o da Madeira, os cabo-verdianos estariam melhor defendidos.
Meu pai não estaria de acordo. E continuo a respeitá-lo. Mas não tenho essa opinião. Nunca nos convencemos um ao outro. Mas fiz-me cidadão do mundo com a educação que me deu.

Anónimo disse...

E de acordo com o Jó.

Nunca gostei do que era "correcto".

Sempre gostei de minorias!

Kaos disse...

Uma cultura que cresce na aridez das dificuldades torna-se sempre mais forte e determinante.

Anónimo disse...

Todas as culturas nasceram na aridez das dificuldades. São por isso culturas e sobrevivem. Têm capacidade de resiliência!

Anónimo disse...

António Oli és descendente do António di Noli? Pensei... podia ser...