sexta-feira, 25 de novembro de 2005

O meu post sobre o 25 de Novembro

Não se espantem se um destes dias o 25 de Novembro for feriado nacional. Já se começa a ler, aliás, em artigos de jornais e blogues, a reivindicação. Para nós, a quem a utopia comanda a vida, é difícil imaginar comemorar o fim de um sonho. Para eles, fará toda a lógica celebrar o fim de um pesadelo. São duas perspectivas opostas, irreconciliáveis, as mesmas de sempre, por mais que nos venham com aquela do fim da divisão esquerda/direita; nestas questões terra-a-terra, a divisão vem sempre ao de cima. Aqueles que viveram o sonho nunca se reconciliarão com aqueles que fugiram do pesadelo, para a Madeira ou para o Brasil.
Não me é fácil escrever sobre o 25 de Novembro. É um tempo que não viví pessoalmente, não tenho aquela perspectiva que sempre tem quem esteve por dentro dos acontecimentos. No entanto, e quanto mais não seja por ser um dos filhos dessa data, também escrevo o meu post. Um post necessariamente numa perspectiva mais actual.
Só quero dizer uma coisa: os grandes culpados do fim do sonho são não aqueles que sonharam com um país mais justo, fraterno e solidário, mas os que projectaram para Portugal as Cubas, Albânias ou Uniões Soviéticas. Face a esses também eu estaria do lado dos vencedores do 25 de Novembro. Infelizmente, os verdadeiros revolucionários não eram (nunca são) aqueles que travavam as guerrilhas intestinas em Lisboa, mas os que partiram país fora a alfabetizar e instruir populações que viviam na pura Idade Média. Esses, como nós, são os derrotados.

Nota: Belíssimo artigo de Adelino Gomes sobre o PREC hoje no PÚBLICO "Em louvor dos dias em busca do nunca alcançado". Uma pena não estar disponível on-line. Irei colocá-lo em breve (não tenho tempo de momento) aqui no 2+2=5

1 comentário:

Anónimo disse...

Pode-se chamar o 25 de Novembro de uma não-data. Simboliza tudo o que não queremos, dá cabo de muitas memórias, põe um ponto final. Uma data que existe pela negação não pode ser um feriado.
Marlon