domingo, 6 de novembro de 2005

Homenagem a Cornelius Castoriadis

Nas condições do mundo moderno, a supressão das classes dominantes e exploradoras exige, não só a abolição da propriedade dos meios de produção, mas também a eliminação da divisão dirigentes-executantes enquanto camadas sociais. Por conseguinte, o movimento combate esta divisão em toda a parte onde a encontrar, e não a aceita dentro de si. Pela mesma razão, combate a hierarquia sob todas as suas formas. Aquilo que deve substituir a divisão social entre dirigentes e executantes e a hierarquia burocrática onde ela se incarna é a autogestão, a saber, a gestão autónoma e democrática das diversas actividades pelas colectividades que as executam. A autogestão exige o exercício do poder efectivo pelas colectividades interessadas no seu domínio, isto é, a democracia directa mais lata possível; a eleição e revogabilidade permanente de qualquer delegado para qualquer responsabilidade particular. O exercício efectivo da autogestão implica e exige a circulação permamente da informação e das ideias. Exige igualmente a supressão das divisórias entre categorias sociais. É, por fim, impossível sem a pluralidade e a diversidade de opiniões e tendências.

Cornelius Castoriadis
, in "Mai 68:La Brèche ". Edt. Fayard.

NB: Este o ponto nuclear programático das teses de C.Castoriadis que Cohn-Bendit imprimiu e fez distribuir por toda a França, no auge da grande revolta.
FAR

7 comentários:

Anónimo disse...

FAR.
È só para te lembrar que estás no século XXI, ok?
È uma questão primeira antes de se ir rebuscar os teóricos em socorro de referências que, embora sejam importantes para os dias de hoje, não são dos dias de hoje. As coisas mudaram e a esquerda também. Felizmente não ficou refém de situações que já fazem parte da História. O que falha nas tuas análises é a ponte para a actualidade. Marx morreu, Sartre também, Deleuze idem idem aspas aspas, e a malta continua a sentir-se mal. Mas por outras razões. Porque a História não pára, infelizmente. Até porque eu não me importava de ouvir um novo album dos Beatles.

Anónimo disse...

Salut soixante-huitard!

Anónimo disse...

Possa: cada um tem as citações que merece! Castoriadis está vivíssimo, se bem que tenha morrido fisicamente em 1997. Em Portugal existem sómente 2 livros traduzidos pelo Miguel Serras Pereira, de um conjunto de mais de 20! Que todo o entusiasta das barricadas tem,impreterívelmente, que ler e reler,percebido? Platão tem dois mil anos de existência teórica e o Descartes mais de 500, e ainda hoje,se analisam e discutem as suas obras e influência! FAR

Anónimo disse...

Faz a ponte, meu, e diz o que tu pensas. As citações são dos outros... Já nos chega um colega nosso de blog para o Copy e Paste.

Anónimo disse...

Caro Jguitar,

Não percebo as suas irritações com as citações e os copy paste.

Neste nosso blogue todos os fazem. Com grande sentido estético.
Bem, o António, por vezes, tem opções estéticas questionáveis. A última foi o poema do Agostinho Neto. A penúltima o artigo sobre Cabora-Bassa. Da antepenúltima não falo, por já não estarmos no Verão.

Anónimo disse...

Jguitar,

Encarecidamente lhe peço. Traga o António à razão. Citar o comendador Marques de Correia, ainda passava, mas partir para o debate com a opinião de Henrique Monteiro? Será pelas afinidades de percurso político? Um já deixou de acreditar nos amanhã que cantam. E o outro? Em 1976 a ingenuidade não podia ser desculpa. Hoje ainda menos.

Anónimo disse...

saiu-me um s a mais.