terça-feira, 8 de novembro de 2005

Depois de Cahora Bassa, a Luta Continua

Melhor é impossível. O saldo da visita de Armando Emílio Guebuza a Portugal, a sua primeira oficial a um país que não africano na qualidade de Presidente da República de Moçambique, não teve outro resultado senão a mais autêntica tradução desta palavra: vitória.
Trata-se de uma vitória do povo moçambicano, quiçá a maior desde a Independência Nacional. À busca de melhor compreensão da dimensão dessa vitória, talvez devêssemos ousar considerá-la tão importante quanto a nossa independência.
Com efeito, com a reversão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa para o controlo do Estado Moçambicano, cumpre-se o desiderato anunciado, a 25 de Junho de 1975, por Samora Moisés Machel: conquista da Independência total e completa de Moçambique.
Não que consideremos que Portugal perpetuou por mais 30 anos a colonização sobre a soberana e auto-determinada pátria moçambicana. O facto é que, a nível económico, Moçambique estava mais que condicionado, senão cativo de proclamar a nova luta a empreender por qualquer Nação independente: o Desenvolvimento.
Temos, para nós, que a conquista de Cahora Bassa é o motor de arranque para esse meio, porque o Desenvolvimento em si não é um fim, é o meio para a realização dos mais supremos direitos de um povo, qual o ditoso objectivo todos os dias apregoado por Sua Excelência o Presidente da República: combate à Pobreza Absoluta.
Por isso, na hora de saudar Guebuza por este triunfo alcançado, julgamos que o dia de festejo foi ontem, hoje é o primeiro dia de cobrança da dívida contraída para com o Povo Moçambicano: rumo ao Desenvolvimento.
Da mesma forma que cumpriu o dito do Marechal segundo o qual “a vitória prepara-se, a vitória organiza-se”, temos para nós que o camarada Presidente elevou a fasquia das aspirações dos moçambicanos em relação à sua capacidade de converter as suas derrotas diárias em conquistas.
Para o futuro de Moçambique, trata-se de um feito mais gigantesco que a conquista da organização de qualquer Campeonato Africano das Nações (CAN) ou Mundial de futebol, maior que qualquer posição de destaque nos rankings mundiais de crescimento económico.
Trata-se de um passo gigantesco para colocar em nossas mãos a definição do nosso destino, inde­pendentemente dos hossanas de Bretton Woods e dos ditames dos donos do mundo.
Se para a solução de tão intricado dossier o Chefe de Estado conseguiu achar a engenharia financeira, é lícito os moçambicanos exigirem que encontre soluções para a resolução dos seus problemas.
Obrigado, camarada Presidente. A Luta Continua!

*
Editorial
In "Savana, Semanário Independente", Maputo 04.11.05

3 comentários:

Anónimo disse...

Não seria melhor Combate Absoluto à Pobreza?

Anónimo disse...

Uma imagem que vale realmente muitas mil palavras.

Anónimo disse...

Portugal está de parabéns.

Os filhos da Nação não continuarão a pagar os desejos imperialistas dos pais.

O 25 de Abril também permitiu a constatação desta realidade. O País vive melhor sem colónias.