quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Grito Negro

Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

José Craveirinha

2 comentários:

Anónimo disse...

Um verdadeiro grito!!!
Grande Craveirinha. É pena já não estar entre nós, para continuar a nos
surpreender com a sua bela poesia.
Um beijo especial á Eulália uma das suas ex-mulheres, por quem tenho uma grande admiração e estima.

Anónimo disse...

Obrigada Rocheteau, vou ficar com ele!, abraço, IO.