“Há agentes que encaram a sua intervenção política como uma aventura responsável que se premeia a si mesma ao ser vivida. Há outros que a concebem como uma carreira, um crescendo de situações pessoais feito de cálculos, prudências e cautelas e cujo prémio está fora ou para além dele. Aqueles escasseiam, estes abundam. O realismo manda reconhecer que todos são necessários. Mas não é proibido gostar mais dos primeiros. António Costa voltou a provar estar entre eles.
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É claro que está tudo a começar e que a campanha, em sentido estrito, nem isso. Que o êxtase fácil dos basbaques não é boa mezinha para as maleitas da cidade. Que, para quem não nasceu num falanstério nem vai morrer no eldorado - como quase todos nós -, não faltarão as oportunidades e o espaço para a crítica, plural e diversa. Felizmente. Mas pôr algum entusiasmo cívico na abulia fatal a que chegámos e ver florir alguma cor no cinzentismo de alma de quem habita Lisboa já nem releva da caridade, mas da sobrevivência pura e simples.”
Nuno Brederode Santos, Diário de Notícias, 20 de Maio de 2007
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