


Um país onde até os ladrões são incompetentes
I – O homem olhou em volta, esquerda, depois direita. Aproximou-se e entrou de supetão na casa de câmbios em Cascais. “Mãos ò ar! Ninguém mexe”, ameaçou, empenhando uma pistola na mão direita. Na esquerda, segurava dois sacos. Atirou-os para cima do balcão e o empregado, atarantado, começou a obedecer-lhe. Estava tudo a correr com ele tinha planeado. De repente, abre-se a porta num rompante e entra… um cliente. “Um cliente. Mas isso não estava previsto no me plano”, pensou logo o assaltante. E reagiu de imediato… largou os sacos e o dinheiro, atirou a pistola ao ar, arremessou-se para a porta ainda aberta e desatou a correr a quatro pernas. Mas não foi longe. Os polícias toparam-no logo. Toda a gente embasbacava a olhar para aquele fugitivo desalmado… vestido de Zorro, com mascarilha e chapéu a preceito!!!
Onde que estaria Tonto?
II – Eram um “gang”. Pelo menos assim gostavam de pensar, apesar de serem só dois. Emboscados na viela, cosidos com a parede, esperavam por quem passava na rua mal iluminada. Nos últimos dias já tinham aviado mais de dez. Só mulheres. Apesar de mais que alertadas, as infelizes tinham mesmo de se meter na boca do lobo. Se escolhessem o outro percurso demoravam mais um ror de tempo. “Chiu! Vem gente”, sussurrou um deles. Mas não era preciso. O outro já estava pronto, encurvado como um gato assanhado. À medida que os passos se aproximavam, a sombra que o vulto projectava alongava-se. “É uma mulher”. Quando assomou à esquina da viela, saltaram-lhe para cima, procurando sacar-lhe a carteira, os brincos e os anéis, enquanto ela esperneava. De repente, como um tiro, ouviu-se um grito: “Ernesto!”
A vítima era a ex-mulher de um deles. E lá foram “de cana”.
III – Pela tarde, um homem com ar destemido, aí dos seus 45 anos, acercou-se do balcão da bomba de gasolina urbana e não esteve com meias-medidas. Abarbatou a empregada pelos colarinhos da blusa, levantou-a comedidamente e, com a outra mão, esvaziou-lhe a gaveta. Saiu num passo largo, pegou na mota e zarpou dali. Tudo demorou um “ai”. Mas, o anjo da guarda do homem revoltou-se e, umas centenas de metros mais à frente, a mota avariou-se Desempoeirado, o assaltante abandonou-a (“Jóia, a minha sorte voltou!) e, enquanto o Diabo esfrega um olho, mandou parar um táxi livre que travou ao pé dele. Aproveitando a maré, assaltou também o taxista, enquanto o mandava encostar. Saiu do táxi… e deu de caras com dois polícias que, alertados pela gasolinadora, já vinham no seu encalço e se aproximaram enquanto o ele “aliviava” o motorista. É o que dá a ganância e… e não se ter certificado que o instrumento de trabalho estava em condições.
zemari@
2 comentários:
O que me tranquilizou nestas estórias cheias de movimento, é que os polícias ganharam sempre!
Será porque os ladrões eram estarolas?
A incompetência paga-se sempre, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra.
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