Eu, que por razões económicas (como diria Karl Marx...) me vejo metido nesta embrulhada que é o ensino público, não me revejo enquanto sócio desse mesmo clube. E, para continuar a citar Marx (desta vez, Groucho...) nunca faria parte de um clube que me aceitasse como seu membro...
A Educação (ou, para dizer melhor, e aqui começar-se-ão a esclarecer as coisas: a educação é uma coisa e o ensino outra; têm lugares e tempos e agentes e contextos diferentes e diferenciados; parecem-se porque se completam e complementam; no entanto, diferem em termos de espaços e de agentes), a Educação tem um Ministério, está sujeita aos caprichos eleitorais. O Ministério da Educação tutela o Ensino e, como tal, este último está submetido ao sabor das correntes políticas. E, assim, presta-se a toda a sorte de equívocos.
Vejamos:
Nos tempos em que o Eng. Guterres lançou aquele 'slogan': "A NOSSA PAIXÃO É A EDUCAÇÃO" queria referir-se ao ensino (público, é bom que se entenda...). Ele estava a referir-se ao ensino, mas esta palavra não dá 'slogans' fortes. Ensino rima com coisas esquisitas.
Bota-se educação e não se fala mais na coisa. A populaça percebeu logo que aquilo cheirava a escola e vá de dar votos ao engenheiro.
A Escola ficou na mesma. Na mesma não.
O engenheiro ficou chateado à brava porque ganhou as Câmaras Municipais de Setúbal, de Alcochete e do Barreiro aos sacanas dos comunas e bazou. Há até quem diga que se refugiou.
Chegou o Grande Líder Durão e trouxe uma grande máxima: o 'ranking'.
Lembram-se?...
Por alturas de Agosto os professores agitavam-se, passavam noites em claro, as férias já nem eram a mesma coisa de outros tempos. Os jornais, as televisões, as rádios anunciavam para breve a publicação do 'ranking'!
A ansiada ocasião chegava e, então, era vê-los, aos profs., mais desesperados que um aluno a consultar as listas de colocação na Universidade (pública, entenda-se...). Que figuras rídiculas! Cabia agora citar Cesariny:
«O pouco amor que tive à burguesia
deixei-o todo numa casa de passe
quando me perguntaram quer assim? Ou assim?»
Nem quem governa sabe daquilo que governa, nem quem se deixa governar pensa acerca da forma como está a ser governada e se manifesta em conformidade ou em desacordo.
(Continua)
Fernando Rebelo
1 comentário:
E depois Sr.Fernando Rebelo? Qual é a sua educação? Quem é que o governa? Melhor ainda, como é que se governa?
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