segunda-feira, 3 de outubro de 2005

O espectáculo do horror

Ao observarmos as imagens do bombista suicida na Indonésia, repetidas ad nauseam em todas as televisões, apenas um pensamento nos ocorre: como Guy Debord foi realmente visionário ao escrever A Sociedade do Espectáculo. De facto, o denominador comum ontológico do Século XXI é o Espectáculo, ou antes, a Produção de Espectáculo, factor em que temos vários mestres em acção, da Al-Qaeda aos generais americanos do "choque e pavor". Resulta daí que, paradoxalmente, com a banalização do Espectáculo dá-se um fenómeno de dessubstancialização do conteúdo do acto, em que tudo é substituído pela aparência espectacular, como se a realidade estivesse envolvida num espectro. Já não há conteúdo que se pense, há a queda das torres, e quando se pensa nas torres pensa-se na sua queda como fenómeno inscricionário espectacular que inaugura uma nova era (repare-se: é o fenómeno espectacular que inaugura a nova era, não o acontecimento em si). Debord tinha razão, tinha carradas de razão!

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois tinha, e nós temos todos prognóstico muito reservado, porque mais cedo ou mais tarde vamos estar no meio do " choque e pavor ". Já não tenho ilusões, por muitas cambalhotas e piruetas ídeológicas que os países e os povos possam dar para se livrarem disso, a " Internacional do Fanatismo ", tanto político, como relígioso, como económico, está-se perfeitamente nas tintas para todos nós. O que se aproxima é o "Horror" , que só o Marlon Brando conseguiu expressar brilhantemente no filme " Apocalipse Now " ! As razões desse " Horror " ultrapassam quaisquer explicações " simplistas" sobre o " Al Qaedismo ", NeoCondismo", "Bushismo", etc. A espectacularidade destes actos de barbárie, são " very bad news " para a humanidade. Ultrapassam-me!