sábado, 29 de outubro de 2005

O Discurso de Harold Pinter na Câmara dos Comuns – Outubro de 2002

Há uma velha história acerca de Oliver Cromwell. Depois da tomada da cidade de Drogheda os cidadãos foram trazidos para a praça principal. Cromwell anunciou aos seus oficiais: “Muito bem! Matem todas as mulheres e violem todos os homens" Um dos seus ajudantes disse: "Peço desculpa meu general. Não será ao contrário?" Um voz da multidão exclamou: "O sr. Cromwell sabe o que está a fazer!"
Essa voz é a voz de Tony Blair "O Sr. Bush sabe o que está a fazer!" Mas a verdade é que o Sr. Bush e o seu gang sabem o que estão a fazer e Blair, a menos que seja realmente o idiota alienado que tantas vezes parece ser, também sabe o que anda a fazer. Eles estão determinados, muito simplesmente, a controlar o mundo e os recursos mundiais. E estão-se marimbando para quantas pessoas têm de matar pelo caminho. E Blair alinha com isto tudo.
Ele não tem o apoio do Partido Trabalhista, ele não tem o apoio do país ou da celebrada «comunidade internacional». Como pode então ele justificar em envolver este país numa guerra que ninguém quer? Ele não pode. Ele só pode recorrer à retórica, aos clichés e à propaganda. Nunca pensámos quando votámos nele para o pôr no poder que viéssemos a desprezá-lo. A ideia de que ele detém influência sobre Bush é de dar gargalhadas. A sua rebaixada aceitação do empurrão americano é patética.
Empurrar é com certeza antiga e sempre fielmente repetida tradição americana. Em 1965 Lyndon Johnson disse ao embaixador grego nos Estados Unidos: “que se fodam o vosso parlamento e a vossa constituição. A América é um elefante. O Chipre é uma mosca. A Grécia é uma mosca. Se estes dois gajos continuam a fazer comichão ao elefante eles podem ser castigados pelo tronco do elefante, e bem castigados ".
E ele não estava a brincar. Pouco tempo depois, os coronéis, apoiados pelos Estados Unidos, tomaram o poder e o povo grego passou sete anos no inferno. E no que respeita ao elefante americano, ele cresceu para se tornar num monstro de proporções obscenas e grotescas.
A terrível atrocidade de Bali não muda os factos do caso. A relação «especial» entre os Estados Unidos e o Reino Unido trouxe, nos últimos 12 anos, milhares e milhares de mortos no Iraque, Afeganistão e na Sérvia. Tudo isto para alcançar a «cruzada moral» americana e britânica, para trazer «paz e estabilidade para o mundo».
O uso de urânio empobrecido na guerra do golfo foi particularmente eficaz. Os níveis de radiação no Iraque são terrivelmente elevados. Os bebés nascem sem cérebro, sem olhos, sem genitais. Mas se vêm com ouvidos, bocas ou rectos, tudo o que deles sai é sangue. Blair e Bush são com certeza totalmente indiferentes a tais factos, não esquecendo o «encantador» Bill Clinton, que recebeu uma estrondosa ovação na conferência do Partido Trabalhista. Porquê? Por matar crianças iraquianas? Ou crianças sérvias?
Bush disse: "Não permitiremos que as armas piores do mundo fiquem nas mãos dos piores lideres". Muito bem. Olhas para o espelho, pá! És tu. Os Estados Unidos desenvolvem actualmente sistemas avançados de “armas de destruição massiva” e estão preparados para as usar onde acharem adequado. Afastaram-se dos acordos internacionais sobre armas biológicas e químicas, recusando permitir qualquer inspecção das suas próprias fábricas. Mantém centenas de prisioneiros afegãos presos na baía de Guantanamo, não lhes concedendo assistência jurídica, embora não os acuse de nada, em prisão virtualmente perpétua. Insistem na imunidade face ao Tribunal Penal Internacional, uma posição inacreditável mas que é agora apoiada pela Grã Bretanha. A hipocrisia é de cortar a respiração.
A subserviência contemplativa de Tony Blair para com este regime criminoso americano amesquinha e desonra este país.

19 comentários:

Velho Cangalho disse...

é verdade sim senhor

Anónimo disse...

Ao ler este post, penso que o senhor também nasceu contaminado com o urânio empobrecido, assim o sr.ministério público. Vejam lá se arranja algum implante cerebral, para completar o que falta.

Anónimo disse...

O Presidente do Irão está a recrutar jovens, de preferência ocidentais, para diversos tipos de acessorias, incluíndo como é óbvio, o reforço e o apoio fora das fronteiras do Irão, das posições do governo iraniano. Pagam muito bem. Mande o seu curriculum vitae que vai ser aceite com toda a certeza. Eu pessoalmente faço votos para que os americanos ou os israelitas disparem um missil cruzeiro que acerte em cheio na casa onde o presidente do Irão reune com o governo, e como é óbvio durante uma reunião onde todos estejam presentes. O povo iraniano não tem culpa nenhuma, e anda de Heródes para Pilatos há muitos anos. Sabe Sr. Postador, isto de se ir julgar pela primeira vez um ditador da pior espécie como o Saddam, a democracia a dar os primeiros passos no país mais influente do médio oriente, os israelitas a fazerem o inacreditável para tentar trazer alguma paz à aquela área do médio oriente, assim como por parte dos palestinianos, que até já vão aos EUA discutir directamente os planos, os países do golfo com meios de comunicação social cada vez mais livres, as mulheres a ganharem cada vez mais regalias e direitos, o escândalo do "petróleo por ajuda humanitária para o Iraque", que teve como protagonistas empresas europeias, russas, etc, e de funcionários governamentais europeus e da ONU trazido a público num investigação feita pelo Paul Volker, ex-presidente da Reserva Federal Americana, cuja a insenção e competênca ninguém contesta ou contestou, incomoda muita gente como o senhor, e outros cidadãos, principalmente europeus e arábes. O que se está a passar naquelas bandas do mundo, é o equivalente à queda do muro de Berlim, e tocar a despertar e a reunir das forças de bloqueio como o senhor, feito por países como o Irão, Arábia Saudita, Síria, alguns países europeus está resultar. Sabe, é lixado ouvir nomes sonantes como a Siemens, envolvidos em esquemas escabrosos de suborno e corrupção, para lucros fáceis, e mais grave ainda ,não fornecendo a ajuda humanitária, e o Saddam, o homem que gaseou o próprio povo, a entreter os ocidentais com aqueles filmes onde se viam os bébés a morrer nas incubadoras, etc, etc. Como é óbvio, apoio inteiramente o Bush, que já sabia disto, e o "público em geral" já desconfiava largamente, disse ás grandes multinacionais europeias envolvidas no escândalo, que já se punham em bicos de pés para ganharem ainda mais dinheiro na reconstrucção do Iraque, para irem mamar na quinta pata do cavalo. Acho que que o senhor devia mudar até de nome, como fizeram o Cassius Clay e o Alcindor, e arranjar um nome árabe compatível com o seu alto gabarito politico e moral. Faisal não lhe ficava mal. Até rima...
P.S.-1- Esquecia-me da última bronca, ou seja o indesmentível apoio sírio ao assassínio politico do ex-primeiro ministro do Libano.O inquérito foi conduzido por um europeu, e não há margem para dúvidas também. O mundo está mudar...O muro de Berlim já foi abaixo, e um muito maior está a cair no médio oriente. Está desmoronar-se a uma velocidade estonteante. Ainda bem.
P.S.-2- A falta de nível e de profissionalismo dos jornalistas portugueses é de tal maneira elevado, que quando começaram timídamente a dar alguns nomes das empresas envolvidas no escândalo "Oil for Food" para o Iraque e não encontraram nenhuma genuínamente americana, disseram algumas francesas, alemãs, russas, etc, e a Chrisler, (que era um ícone da indústria americana), mas "esqueçeram-se" de acrescentar que a Daimler-Benz detinha e ainda detêm, à data a que são imputadas responsabilidades e culpas neste caso, 100% desta empresa americana. Realmente com esta merda de jornalismo este país não sai da cepa torta.

André Carapinha disse...

Mas também faz votos que os americanos disparem um missil de cruzeiro que acerte na minha casa? É que isto de inimigos da liberdade e da democracia tanto faz o presidente do Irão como o Carapinha do 2+2=5.

Anónimo disse...

Está enganado e confundido. Você é inofensivo, e é só da boca para fora. Um missil cruzeiro na sua casa era um desperdicio e os seus vizinhos não têm culpa nenhuma. Você não é de certeza mais amigo da liberdade, da democracia e da civilização que eu. É um livre pensador e que está de boa fé. O problema é que vivemos numa época de opções, e eu já optei pelo lado menos "simpático" e consensual como dá para ver. E quanto à América, está redondamente enganado. Hoje está lá o Bush, amanhã pode estar o Kerry, e a democracia na América funciona melhor que na esmagadora maioria dos países do mundo. Os EUA não têm culpa de ser a única super potência, após o afundamento da ex-URSS num mar de perplexidades, de contradições e sofrimento. Ser super potência e democracia ao mesmo tempo é complicado. A análise da conjuntura internacional, pode ser feita também de uma forma diferente daquela que você faz. Menos "complexada". Por vezes sinto pena que a URSS tivesse acabado, mas para alguns comentadores e politicos foi um alívio, porque deixaram de ter que engolir sapos e outros animais viscosos. Mas ficaram mais hipócritas e cínicos. É pena, mas é a prata da casa que temos.

André Carapinha disse...

Só três notas:

1- Detesto, abomino, odeio os regimes fundamentalistas islâmicos, como o do Irão, ou o dos talibans, mas também (convém não esquecer, porque destes, que dão jeito ao poder, ninguém fala) da Arábia Saudita ou do Iémen. É curioso, mas não se vê ninguém, nenhum orgão de informação, nenhum comentador iluminado, a referir o caso saudita, um país onde se cortam as mãos aos ladrões, as mulheres são apedrejadas por adultério, um país que é uma monarquia feudal enquanto o Irão, pelo menos, é uma semi-democracia.

2- Quanto à América ser uma democracia, isso só em parte é verdade.

3- Eu julgava que o que distinguia os democratas dos outros era justamente não bombardear os que têm ideias diferentes, mesmo que esses não sejam democratas. Pelos vistos estou enganado.

Anónimo disse...

Queria felicitar o 2º anónimo a contar da Direita pelas suas brilhantes crónicas de política internacional.
São um “must”pelas novidades que trazem,
pelo descaramento das conclusões,
pelo manifesto pendor para a truculência (toda gente sabe que o ruído se sobrepõe à voz e à música)
e, portanto, pelo pouco civismo (diga-se de passagem que esta, hoje, é uma atitude a modos que anacrónica)
patente na expressão pública da ideologia “se paro de gritar ainda se apercebem que não estou a dizer nada”, senão chavões tão repisados em cassete, cd, dvd, palystation, x-box, sms, mms, sites na net, em performances multimédia, na tv e em jornais de paróquia que causam tanta emoção como os da cassete de qualquer defensor do sistema soviético-estanilista-maoista.

São crónicas de política internacional digna de um jornal, digamos, como o "24 Horas". Parecem-me demasiado elaboradas para saírem no “Correio da Manhã”.

É por isso que Sua Azulidade, inspirada nos pensadores mais brilhantes de várias praças, pode dizer coisas tão eloquentes como “gaseastes os que estão comigo, pois vou bombardear os que estão contigo e vais ver quem é que tem razão!”
Ou ainda, apelar a esse escândalo que foi encenar toda a barbaridade das sanções – segundo o douto parecer de Vossa Pulguidade – e ainda por cima, desviar o dinheiro para “off-shores” e comer as sobremesas que eram para os inimigos declarados dos Estados Unidos. Ou eram para os iraquianos amigos? Ouvi dizer que estes, como não sobrou dinheiro nem para comida nem medicamentos, ainda receberam pincéis e aguarelas.
Para entrar neste ping-pong – que afinal é só ping-ping quero dizer que pensei que a seguir Sua Adjacência fosse falar na Eron. Mas também já é uma coisa tão antiga…

Está a ver, tal como Sua Amorfidade Palavrosa, também alinhavei um monte de coisas sem dizer nada.
Palrar é o melhor antídoto contra o discernimento.

Anónimo disse...

Sr.zemari@, você palrou tanto que para além do discernimento, perdeu algo que gostaria de ter, razão. Pelo discurso, o barulho de fundo deve ser a sua grande especialidade, aliás táctica muito bem elaborada e desenvolvida pela esquerda em geral, para debates e acções de campanha. Durante a minha vida conheci muitos que só serviam para criar agitação e impedindo deliberadamente os adversários de falarem. Penso que deve ter gostado dos debates do "esquerda caviar" Manuel Maria Carrilho. Não é comuna, mas deve ter aprendido algo com eles, ou se calhar consigo..Nunca de sabe..., vivemos numa aldeia. Para além do total vazio de ídeias, demonstrou em todo o seu esplendor um ódio de estimação que o cega e bloqueia, a toda a direita, à America, enfim a todos aqueles que não partilham as suas ídeias. Uma falta de descernimento e fair play, intoloráveis para o século XXI. A sua azia passa pelo ecran do meu pc. Cheira a azedo e a naftalina. Em oposição, o Sr. André Carapinha respondeu-me de uma forma civilizada, coerente, democrática, e sem algazarra ou ruído de fundo por trás. De saudar e agradecer.

Anónimo disse...

O 2ºanónimo da direita não é nem o Delgado do DN, nem o Rato da TV, nem o Portas do PP. Presumo. Quem será este tão atiçado? Um recrutado, a receber bem, do Presidente do EUA? Ou somente um ex-jornalista ressabiado?
Por falar em jornalistas. Afinal parece que as empresas embrulhadas no esquema do programa "Oil for Food" são 52% americanas.
Marlon

Anónimo disse...

Para
o agora Anónimo Penúltimo
e para quem se pareça com tal espécie infestante:

Chapeau!
Discerniu que aprendi com os comunistas.
Óbvio, meu caro Dr. Bicéfalo!
Se até aprendo consigo...
Ou acha que não?
Ou Sua Sinuosidade também confunde saber com ensino e mistura este com educação?
Depois, não há safa: o discurso sai-lhe explosivo e cheio de perdigotos!!!

Hoje à tarde vi o "Patriot", do(?) Cristo Braveheart. A dado trecho, a Milícia/'Castro'/'Frelimo'/'MPLA'dos americanos (já de n gerações) consegue dinamitar um cargueiro britânico, cheio de armas e munições, ancorado diante do "green garden" do palácio do Governador, quando decorre um "tea-party".
Dá-se o 1º estrondo e o inglês pula do trono com o olhar a deitar chispas. Ao lado, uma cortesã, toda empoada e estouvada, dá saltinhos, bate palmas enluvadas e chia: "Olhem! Olhem! Fogo de artifício!! Que espectáculo!!!»
Assim está você!

Peço sinceras desculpas por todas as ofensas, veladas ou não, que se possam depreender do meu comentário anterior, deste e de todos os que se lhe seguirem.
Mas é que tanta inanidade faz-me perder a tramontana!
Defeito meu, concordo. Mas não penso corrigi-lo. Muito pelo contrário.

Anónimo disse...

Não tenho paciência nenhuma para belicistas de sofá ! Não acrescento patetas porque isso vem com o pacote...

Escrevem tanto como o medo que têm... têm medo de tudo o que não é parecido com eles, têm carências afectivas profundíssimas e sentem-se muuuuuuito protegidos por um paizinho com muitas armas de destruição macissa ( REAIS !), e que as usa mesmo sempre que esta gente apanha um susto.

falam muito, não dizem nada e eu nada tenho para lhes dizer a não ser que comprem um cão, e leiam a imprensa americana, por exemplo.


Ana A. Dias

Anónimo disse...

Senhor Pateta anónimo que escreve escreve escreve...
Olhe que o discurso que este post transcreve foi feito em 2002 !!!
Em 2005 há muito mais para dizer... comcerteza !


um abraço de urso, pequenino, para não o arranhar.


Vanda Dores

Anónimo disse...

Com tanta esquerda inteligente, culta, clarividente, bem educada, e informada ao detalhe e na hora, fico banzado como é que em todo o mundo estão a ficar reduzidos a meros grupos de opinião,(agressivos e barulhentos para parecerem muitos), após e em muitos casos terem tido a "faca e o queijo na mão"? Será que o Dr. Cunhal tinha razão quando analisava os acontecimentos locais e mundiais, assim como os resultados eleitorais do seu partido? Afinal e muito provávelmente somos todos patetas, e V.Exas é que estão coroados de razão, mas de uma coisa estou absolutamente certo, é que se vosso cardápio politico fosse o vigente neste e noutros países, a liberdade de expressão entre outras, eram 100% impossíveis. Só por isto, não me importo de ser o pateta de serviço. Fiquem com a vossa, que eu fico com a minha.

Anónimo disse...

Quando fores tão linda, sã e inteligente como a Ana Amaral Dias passo a ser de direita.

Anónimo disse...

O fundamentalismo islâmico é uma reacção ao avacalhamento planetário empreendido pelos EUA, e não teria nunca a projecção que tem sem a administração norte-americana, que foi aliás quem amparou os seus primeiros passos. Há por certo muito mais pureza num bombista suicida (que vai ele mesmo matar e morrer) do que no Bush (que manda ir os outros). A violência é a parteira da história, já dizia o Frederico. Nunca sabemos é a cor dos olhos do nené.

José Pinto de Sá

Anónimo disse...

Pateta de Serviço

Ninguém sugeriu que não ficasses na tua... FICA !
Mas por favor: Não digas tanto disparate, lê mais e aprende a escrever. Já não era nada mau.

Anónimo disse...

Realmente este anônimo levou muita porrada, em demasia diga-se em abono da verdade, porque alguma, ou mesmo muita razão tem ele em alguns aspectos. Se calhar fala melhor do escreve, mas o que vocês precisavam era de levar com o Mário Soares para vos explicar pela enésima vez o que é a LIBERDADE, E COMO É QUE FOI, E É DEFENDIDA, seus capatazes de Estaline.

Anónimo disse...

Olá André Bonito !!!!
com que então por aqui também ??

:)

Anónimo disse...

Olá André Bonito !!!!
com que então por aqui também ??

:)