Por mais que culpe a divisão da Esquerda, por mais que insista nos males da Democracia, por mais que sacuda a água do capote, Manuel Maria Carrilho não pode fugir à evidência: a derrota do PS, e por arrasto da Esquerda, em Lisboa, é sua, antes de mais, e de uma concepção de fazer política: os eleitores castigaram duramente o arrivismo, a manipulação e o jogo de bastidores que ficaram como marca da sua candidatura. Carrilho não conseguiu, por mais marketing e Bárbara na campanha, fazer esquecer que o seu nome foi auto-imposto no PS através de um jogo sujo de alianças internas, que o seu programa era vazio e que o seu perfil era tudo menos o indicado. Quis fazer destas eleições trampolim pessoal e deu-se mal- e por arrasto levou-nos a todos a mais uma derrota amarga e mais quatro anos de política de betão e show-off populista, agora com o sr. engenheiro. Que sirva para o PS perceber de uma vez por todas duas coisas fundamentais: que o mito de Lisboa ser uma "cidade de Esquerda" acabou com estas eleições, e que se quer realmente ganhar na capital tem de apresentar um candidato de prestígio, com programa e perfil ganhador. Será que tem algum?
2 comentários:
Tem, e já tinha, pelo menos dois candidatos excelentes que (ninguém me convence do contrário) caso tivessem seriam a esta hora presidentes.
Um, o Ferro Rodrigues que após mostrar disponibilidade e com capital na esquerda foi confrontado com a necessidade de concorrer em eleições internas com o carrilho. Recusou e recusou muito bem. Se não aceitam de imediato e sem receios a candidatura dum ex secretário geral do PS como o Ferro, então este não deve entrar em lutas pelo poder, ainda mais contra o Carrilho. Senão se reconhecem os méritos dum homem que prestou um serviço inegável ao PS, este deve de imediato retirar-se.
O outro candidato, direi a outra candidata é a presidente da ordem dos arquitectos Helena Roseta. Para mim a melhor de todos, com conhecimento técnico da mais importante questão de Lisboa, o urbanismo, com frontalidade e coragem de tentar politicas arrojadas e inovadoras para a cidade, com uma consciência social invulgar no PS e uma capacidade de agregar as esquerdas como mais nenhum. Evidentemente que pensar nela como candidata é utopia. As posições por si assumidas nos últimos anos, em clara e constante demarcação da linha oficial, fazem dela uma figura pouca querida pela grande maioria da cupula do PS.
LC, ou direi LP
Carrilho tem “qualquer coisa” que afasta grande parte do eleitorado. Além disso, não quis alianças à esquerda, como se viu durante a campanha.
A esperança de fazer de Lisboa uma cidade cultural, como imaginava o maestro V. Almeida, entre outros, não chegou.
A aposta em Helena Roseta, como adianta o anónimo, seria de largo espectro. Provavelmente a cidade das pessoas teria muito a ganhar. É pena.
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