domingo, 9 de outubro de 2005


Foto de Ivone Ralha


Aparição

Não foi a Senhora de Fátima que me apareceu, como aos pastorinhos. Mas a Literatura. Escritor, ajoelhei, logo.
“Que diabo andam os teus amigos para aí a fazer? Artigos, cartas, reuniões, colóquios?” “Mas eu tenho alguma coisa a ver com isso? O meu domínio é o da obscuridade. Sempre que um de vós se levanta, com as luzes da sala todas acesas, para falar de mim, eu faço por conversar com a empregada, lá atrás, porque depois, tenho que ajudá-la a varrer aquilo”

Sebastião Alba, ‘Albas’. Quasi

12 comentários:

Anónimo disse...

Um poeta genial, que revelava ter também uma visão prática do quotidiano.

Lá podia-se falar com a empregada.
Cá ela só vem uma vez por semana e nunca depois das festas...
Porque será?
A literatura não explica mas sempre conta uma história saborosa e bem condimentada para enquadrar esta triste realidade.

Anónimo disse...

Muito gostam estes retornas de falar dos privilégios coloniais.

Esta malta de esquerda quer criados a tempo inteiro?

Anónimo disse...

Essa de que quem é de esquerda tem de "ignorar" os seus primeiros passos, a sua adolecência, o nascimento dos filhos, é "fina".

"Querido, fala-me de ti", pede ela.
"Só posso a partir de 1975", responde o antigo laurentino.

Esta pendência do "colono de esquerda" é uma falsa questão de contornos "dramáticos".

Não será melhor pensar:
"Eu vivi num paraíso, mas todos os paraísos são efémeros"
(perdoe-me o Frade de Alvalade).

Conveceram-nos a todos que ter sido colono é pior do que o pecado original.

Bolas, têm sido os colonos que têm feito o mundo desde há milénios.

Anónimo disse...

Nada como um homem de Macau a defender a colonização.

Nem Jorge Coelho faria melhor.

Sendo de esquerda estas coisas podem ser ditas?

Ressalvo Sebastião Alba, poeta genial. Nisso estamos de acordo.

Anónimo disse...

esclarecimento ao anónimo das 5h48:
o Lá era cá... são escritos em pedaços soltos de papéis vários, nas deambulações de Alba pelo Norte de Portugal.

Anónimo disse...

Adoro a ilustração ... na minha sala tenho um candeeiro igual a esse e ... curiosamente, tenho um espanta-espíritos igual, igualzinho preso no respectivo candeeiro!!!
:))

Anónimo disse...

Não gramo que se tente "apagar" pedaços da História (nacional ou mundial).
A História não é plasticina.

E são sempre os mesmos que gostam de propagá-la hoje "à Braz" e amanhã de "cebolada": os do Poder Instituído.

Falar de colonialismo é sublinhar os seus horrores, o seu carácter eminentemente retrógado, a cobardia da anulação do homem pelo homem, etc.

E mostrar que, graças a muitos homens e mulheres, hoje não há colonialismo como o dos séculos XIX e XX.
E frisar que agora há outros modelos, mas com os mesmos fins.

Não sabia que a Esquerda tem coisas que não podem ser ditas. Pensei que isso era de Direita.
Desconfio que essa esquerda é bolorenta e cediça, muito mais virada para os cânones do passado do para o presente.

É porque ainda não fez a digestão das praxis do último século.
E recusa-se a aprender, o que é muito pouco de esquerda.

E não se trata do leniniano "Esquerdismo - Doença Infantil do Comunismo"

Anónimo disse...

Outro esclarecimento, este para a Margarida: não é uma ilustração, é uma fotografia. Podia ser na tua casa, mas foi na minha. Não sei se os espíritos a espantar eram os mesmos!
Um abraço. Ivone

Anónimo disse...

Ok, obrigada pelo esclarecimento (confesso q escrevi -ilustraçao- com alguma hesitaçao!). Quanto aos espiritos ... iguais, penso q nao, mas equivalentes, talvez sim, ;) !!!

Anónimo disse...

Tudo pode ser dito. Mas há uma distinção entre o discurso da Esquerda e o da Direita.

Sei que o ZéMari@ é um homem de esquerda com tendência a desconversar. A idade vai pesando. E diz o meu amigo mal do Mário!

Aceite um abraço

Anónimo disse...

Sr. Bakunine, cito-o:

«Tudo pode ser dito. Mas há uma distinção entre o discurso da Esquerda e o da Direita.

Sei que o ZéMari@ é um homem de esquerda com tendência a desconversar. A idade vai pesando. E diz o meu amigo mal do Mário!»

Pode fundamentar?

Obrigado

Anónimo disse...

Então, o meu caro amigo acha que não há nada a fundamentar!
Eu também acho que não.

Mas, a propósito do meu penúltimo comentário, e já que estamos no Ano Internacional da Física, com muita coisa pra "ouver", começando pela exposição "À luz de Einstein 1905-2005", na Gulbenkian, quero lembrar-lhe:

Há 100 anos, a Teoria da Relatividade de Einstein (1879-1955) pôs em causa as demonstrações sobre as variáveis "espaço" e "tempo" estabelecidas por Isaac Newton (1642-1727) 200 anos antes.

Do Newton ficou só a estória da maçã e foi varrido da História do Conhecimento?
Sem o seu contributo, teria havido Einstein?
Ou passou a ser lido à luz do saber posteriormente adquirido?

Gostaria de acrescentar que qualquer reaccionário que se preze defende uma função cada vez mais redutora da língua e da linguagem, de tal modo que as quer paradas no tempo.
"Assim não se acrescentam novos conceitos nem valores modernos. O que é novo é sempre perigoso", diz quem recusa a evolução.

A cristalização da Língua é o objectivo do Poder.
Promova-se o "espectáculo".
“Definhe-se” a Língua e a Linguagem.