A confusão( méli-mélo) da prática política do PM francês, Dominique de Villepin, no lançamento do pacote laboral para a Juventude, o tom cortante e altaneiro exposto , a ausência de pedagogia democrática e o desprezo pela concertaçāo, podem gerar efeitos imprevisiveis na gestāo do calendário eleitoral francês, a um ano das Presidenciais. Tudo pode acontecer: Villepin ou tenta um recurso indirecto a um veto do Conselho Constitucional, ou tem que se demitir pelo arrastamento da crescente constestação sindical e social à sua lei celerada, que viola referências capitais do Código do Trabalho e da própria Constituição.
A promoção do turbo-capitalismo em França precisa de liquidar, de bons ou maus modos, o proteccionismo e as regalias sociais que as massas trabalhadoras usufruem por imperativo da sua proverbial e legendária luta contra as desigualdades e os privilégios . No contexto europeu, a França é dos países mais impermeáveis a qualquer alteração do status quo laboral e social, apesar dos sucessivos entorses cometidos ao longo de três dezenas de coabitação política ( PR de esquerda/direita e maiorias governamentais adversas).
A reforma das Leis Laborais constitui um instrumento,por excêlencia, para o implementar de uma nova lógica económica(política). Os desafios da Globalização impõem o repensar de
uma nova gestão económica,com as palavras mágicas de flexibilidade e precaridade como tótens-fantasma, sobretudo nas instâncias de recrutamento de pessoal. A China e a India têm milhões de quadros a preços imbatíveis, que podem ser comandados à distância pela
Internete. Empregos inalteráveis, inexpugnáveis e de longa duração ficaram fora de prazo,a
partir de finais dos anos 90...
É neste contexto que surge o Contrato de Primeiro Emprego(CPE) de Villepin. Que foi obrigado a tal recurso pelo "forcing" demagógico do seu potencial concorrente presidencial, Nicolas Sarkosy. O número dois de Villepin alterou em cinco meses toda a sua táctica: defesa ruidosa das receitas económicas neo-liberais de Bush e de Ângela Merkel, apologia do comunitarismo multi-confessional e métodos policiais exacerbados. Por análises políticas e programadas, o staff de Villepin optou por jogar no campo do provável adversário. E tentou dobrar as receitas e métodos pelo exagero:sobretudo no sector laboral mais sensível ao patronato e decisores. Ignoraram os parceiros sociais, desprezaram os conselhos e emendas dos partidos da Oposição e decidiram a sua promulgação calendarizada.
Nestas semanas de luta, destaque para a posição expressa por Jacques Attali, antigo conselheiro especial de F.Mitterrand: "O que é hoje essencial não é precarizar o Emprego mas, o que pressupõe o contrário, valorizar a competência dos trabalhadores e coloca-los em posição de considerarem a mudança de emprego como um progresso e não como uma derrota".
FAR
5 comentários:
Desde o início do debate em Portugal, sobre o CPE, que não páro de me espantar, com a falta de perspicácia de pequenos yuppies. Vociferam contra a juventude francesa, e não percebem que também eles serão lançados borda fora, mal haja a oportunidade de ter o indiano a substituí-los por tuta e meia.
Mister FAR: Acha que o modelo social europeu tem os dias contados?E como é que a Europa dos 25 pode negociar para consolidar a sua hegemonia económica face aos EUA,a China e a India? Ângela
Querida Ângela: Apanhou-me na biblioteca, a ler os jornais e a olhar para a NET.No meio deste maistream ideológico que abala o Universo, as manchetes do Finantial T. e do NY Times dizem-nos mais do que a langue de bois- estereótipos de Barroso ou Mendelsohn em Bruxelas. A economia mundial teve quantas crises,desde o choque petrolífero de 73/74? Vivemos a n...A economia tem mais de 300 critérios para ser definida. Mas, o PIB e a produtividade lideram os dispositivos de cálculo das hipóteses de crescimento e de combate ao desemprego.A " mao invisível " do mercado é uma falácia... Em que ninguém acredita, muito menos o Bush. Mais tarde ou mais cedo,a China vai ter de optar e, aí, o Mundo tremerá...Até logo.Bisous.FAR
Ângela: Como se sente em Genève? Creio, que leu os dois grandes artigos de Opiniao,um do Atalli e outro do Rocard no Monde? Está lá tudo...em compacto!!! Li,hoje,no NYTimes um texto de William Pfaff- do naipe de ouro- onde,preto no branco,se perfilava um grito de alarme contra a Mundializacao-sem-rei-nem-roque.FAR
ESTOU SOLIDÁRIO COM A MALTA QUE HÁ TEMPOS ANDOU A LANÇAR CHAMAS LIBERTÁRIAS AOS AUTOMÓVEIS. Se lhes tirassem a possibilidade de andar de papo para o ar em full time, lá teriam os camaradas de arranjar emprego, nem que fosse por seis meses.
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