terça-feira, 7 de março de 2006

Aconteceu a sete de Março

Po' Monkey's Lounge, Mississippi, 2000
Fotografia de Annie Leibovitz
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Foi neste sexagésimo sexto dia do ano que morreu Luís Carlos Prestes (1990) e nasceu Maurice Ravel (1875), o compositor francês. Embora os separassem 115 anos, nenhum deles pareceu importar-se muito com isso. Prestes conheceu por certo a música de Ravel, quanto mais não seja quando visitava Jorge Amado que, na altura, devia estar a escrever o livro “Os Subterrâneos da Liberdade”: “Avô, mesmo que a gente morra, é melhor morrer de repetição na mão, brigando com o coronel, que morrer em cima da terra, debaixo de relho, sem reagir". Não acredito que Ravel tenha conhecido Prestes, mesmo como secretário-geral do Partido Comunista brasileiro, porque era mais dado a outras cantatas. Mas compôs tanto, tanto, que o seu Bolero ainda hoje toca nas rádios, principalmente em FM. Mas como estava a nascer ainda não se preocupava com os Classics Top Ten. Mas quem morreu neste dia sem conhecer a sua música foi São Tomás de Aquino (1274), se calhar castigado por ser do signo de Peixes. Mas deixou em testamento que neste dia, mas em 1957, a RTP iniciava as suas emissões regulares e que oito anos mais tarde, o telejornal noticiava que uma decisão do Concílio Vaticano II determinava que as missas passavam a ser celebradas nas línguas de cada país. Quem não ia muito à igreja era Jonas Savimbi, o dirigente da UNITA, que em 1993 ocupava a cidade do Huambo. Quem apanhou um desgosto com isso foi o cineasta Stanley Kubrick, o realizador da "Laranja Mecânica", que acabou por morrer em 1999. Mas teve uma alegria quando anos antes, em 1975, passaram a ser automáticas as comunicações via telex entre Portugal, Angola e Moçambique. Mas já não presenciou o chumbo do projecto de lei antiterrorista do Governo de Tony Blair, que foi rejeitado, em 2005, pela Câmara dos Lordes. Esta situação ainda se relacionava com Hans Blix, o chefe dos inspectores de armamento no Iraque, ao assegurar no seu relatório ao Conselho de Segurança da ONU, em 2003, que naquele país não havia provas de produção de armas de destruição maciça. Nem Londres nem Washington ligaram muito ao relatório, talvez porque estavam a comemorar a primeira conversa radiotelefónica transatlântica entre Nova Iorque e Londres, que ocorreu em 1926. Tudo isto se passou a 7 de Março, um dia em que a Lua se encaminha para a Fase Plena, ou seja, para a Lua Cheia, aquela noite onde tudo pode acontecer. Mas isso não é hoje, é só no dia 14. Calma.

4 comentários:

Anónimo disse...

Grande Oli
Após uma correspondência menor que trocaste com um tal de Elvis,é um prazer ler-te no teu melhor.
Brilhante relação de efemérides.
Um grande abraço.
Manu

Anónimo disse...

E morreu Ali Farka Touré...

Anónimo disse...

Gostei das efemérides.

Anónimo disse...

A (des)propósito,
o nosso amigo Armando também se casou a 7 de Março de 2006...
Hoje, portanto:
com a Lua
ainda a encher,
sim!...
e, quando de lá vier
- também da Lua,
mas de Mel -
teremos Lua Plena...
sim!...
naquela "noite em que tudo pode acontecer.
Mas isso não é hoje...
Calma."



Felicidades, muitas e repetidas, amigos noivos,
que vocês merecem ser felizes.