quinta-feira, 9 de março de 2006

Chegou a presidência executiva

Cavaco Silva já é o novo Presidente da República. A primeira impressão que fica de um dia cheio de protocolos, discursos e comes e bebes é que os partidos da direita acabaram por conquistar o primeiro-ministro que sempre quiseram. Mas afinal o novo PR já namora o primeiro-ministro vigente. Lá no fundo renega os seus e considera Sócrates com um ADN político mais compatível com o seu. À esquerda a crítica continua cerrada. Já o PS não quis agitar águas, esteve muito consensual. Mário Soares saiu sem dar cavaco. Mas Cavaco nem deu por isso pois estava muito concentrado em apresentar o programa da sua governação. Que aponta para cinco desafios. Vão desde a criação de condições para um crescimento económico mais forte e qualificação dos recursos humanos, até à eterna questão da credibilidade da justiça e do sistema político. Curiosamente mostrou-se também preocupado com a sustentabilidade da segurança social. Ainda bem que o seu ídolo, Margareth Thatcher, não esteve presente, senão relembrava-lhe uns capítulos esquecidos de neoliberalismo. Mas de qualquer maneira, o governo de Sócrates que se cuide. Porque Cavaco quer que estes objectivos se cumpram e para tal vai acompanhar com exigência a acção governativa. E vai empenhar-se na promoção de uma “estabilidade dinâmica” no sistema político democrático. O que é que ele quis dizer com isto, as interpretações dos analistas dirigem-se para vários campos. Mas já está a marcar o debate político e a surgirem as primeiras acusações de interferência. A frase é forte e ameaça colar-se ao novo PR. Mas Cavaco Silva também foi profético. Lembrou a viagem inaugural de Pedro Álvares Cabral, que ocorreu há precisamente 506 anos. Mas aqui já é Cavaco, o astrólogo navegante a falar. E fica uma dúvida no ar. Será que está a pensar assentar arraiais na presidência, porque navegar é preciso? Durante quanto tempo? Uma proposta: o tempo mínimo garantido, com hipótese de troca em qualquer loja da FNAC.

1 comentário:

maloud disse...

O Cavaco tem uma pequena dificuldade, o Sócrates. Ou sou má avaliadora, ou o Sócrates é mais teimoso que o Cavaco, e mais arguto.