segunda-feira, 20 de março de 2006

Do diálogo e outros eufemismos

A França dos liberais está debaixo de fogo. Mesmo assim é interessante ver como todos eles continuam a falar em diálogo. Uma palavra simples, que de repente se torna numa repescada buzz word da direita, politicamente correcta, e que afinal significa imposição. Villepin diz querer dialogar, mas nada faz para isso, nem altera uma vírgula ao Contrato Primeiro Emprego (CPE). E quem vem em seu socorro, utilizando a mesma palavra? Nem mais nem menos que o nosso conhecido Durão, o Barroso. Ontem, no grande júri "RTL-Le Fígaro”, disse coisas como esta: "É inelutável a reforma na Europa, senão todos perdemos. Não se pode continuar a viver na ilusão de que é possível garantir as coisas como elas eram no passado. É necessário reformar, evidentemente, com equilíbrio, com diálogo, mobilizando todos os parceiros sociais”. Para quem é responsável pelo executivo comunitário, que não se deve intrometer nas politicas internas de outros países, estamos falados. Mas a solidariedade da direita pesa mais. Mas este seu paleio é bem conhecido de todos nós. E, se bem me lembro, significa: “dialogar é preciso, desde que façam o que eu quero”. O passado é que era uma desgraça. Os despedimentos “até que são bons, os cabrões dos putos é que ainda não o descobriram”. E dá todo o apoio a Villepin. Mas este já tinha afirmado que não recua e que o CPE é para avançar. Porquê? Porque criará novos postos de trabalho. Desempregar para empregar. E empregar para desempregar. Eis o ovo de Colombo redescoberto. Os americanos funcionam assim há muito tempo, com a legislação laboral liberalizada. Mas a Europa em geral, e a França em particular, sempre fez questão de mostrar a diferença das leis europeias, e do seu Estado social. E cantavam: "this is not América"... Mas, ao que parece, os conservadores franceses não resistiram ao charme da terra que viu nascer notáveis como W. Bush. Resultado. Levaram com milhões de franceses na rua em cima. E não só. Ontem, o semanário "Le Journal du Dimanche" divulgou uma sondagem que dá conta do descontentamento de 61% dos franceses. Mas Villepan é um optimista e vê este aviso pelo lado positivo, Afinal, “ainda há 39% que não me condena”. E parece não se ter incomodado com as ruas cheias em protesto contra as suas políticas, praticamente durante toda a semana. Com o bloqueio das universidades a manter-se e a mobilização dos sindicatos em curso, tudo indica que na próxima quinta-feira haverá outra gigantesca manifestação. Só para lembrar a Dominique de Villepin que o conceito da palavra diálogo tem outra interpretação. O chefe da banda francesa sabe que tem a cabeça a prémio. E talvez nada disso tivesse acontecido se ele nunca tivesse faltado ás aulas de literatura, quando era jovem.

24 comentários:

Anónimo disse...

afinfa-lhes, grande antónio!

Anónimo disse...

O que parece nao é,como dizia o Maquiavel.E o caso francês causa engulhos aos incautos.O partido liberal(fundado por Giscard d´ Estaing)está quase na Oposicao.A UMP é uma federacao de direita com condottieris e o P.Radical de Borloo( que tinha prometido a Jospin expresso apoio na 2.a volta das Presidenciais...gorada).A UMP-Uniao da Maioria Presidencial-serva
de Chirac-PR,foi tomada de assalto por um"bushista",Nicolas Sarkozy,que pensa reeditar
a panaceia frenética da desregulacao e privatizacao sem limites, o supersumo do republicanismo neo-conservadorismo
yankee do ano 2000...Hoje,Bush desfez-se dos NeoCons e até jura por Keynes e Clinton(Hillary)para salvar a face. De modo que,Chirac sentindo os ventos do Oeste a mudarem, escolheu Villepin-um tecnocrata requintado com altas qualidades de gestao e manobra-para contrariar as ambicoes politicas de Sarkosy,que se preparava para se"impôr"como candidato único da direita nas presidenciais de 2007.Daí,o CPE-nova edicao requentada das solucoes de direita para resolver a
percentagem "marroquina(mais de 25%)do desemprego nas camadasjovens,19-25 anos.Villepin convidou os socialistas a apresentarem solucoes,nickles.Porque também se encontram divididos e a pensarem nas Presidenciais...Restam os sindicatos burocratizados para capitalizarem na mesa das negociacoes os falhancos da sua
histórica inoperância.Portanto,A.Oliveira confundiu a árvore com a floresta e
citando os jornais da direita sofisticada induziu-nos no erro de liberado de que foi vítima.Villepin nao pode cair porque Chirac nao confia em Sarkosy,que o pode sentar no"mocho" por causa de dezenas de"negociatas"do tempo em que era
maire de Paris...FAR

maloud disse...

A França está numa espécie de beco sem saída. O PS está descontrolado. Há demasiados galos e todos com ambições de curto prazo:Hollande, Lang, Strauss-Khan, Fabius, Kouchner, Ségolene Royal{esta não é galo, mas também não é galinha}e, quem sabe? Jospin. A UMP agregadora da direita, tem um grande "problema" Sarkozy, ministro, presidente do partido, populista, mortinho por impôr o modelo americano, com ódio de morte ao Chirac, a quem traiu numas eleições apoiando o Balladur e com o Chirac a pagar-lhe na mesma moeda. A UMP e o Chirac têm como reserva Dominique De Villepin, poeta, aristocrata, e intérprete no Conselho de Segurança, na qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros do célebre discurso "Je suis d'un vieux continent, d'une vieille nation..."que mereceu aplausos, antes nunca vistos, menos dos americanos e dos seus caniches. Entretanto, não bastando esta confusão, ainda há a UDF, herdeira do Giscard, que o Chirac queria absorver, quando do susto Le Pen, mas François Bayrou, herdeiro de Giscard, não foi na conversa e, embora participando do governo do Raffarin, manteve a autonomia. Neste governo já não participa, e capitaliza o descontentamento.
O CPE, foi uma carta que o Villepin, tirou da manga, depois dos episódios da "racaille", Sarkozy dixit, para aplacar o descontentamento desta face ao desemprego. Mas com os franceses não se brinca. Este desprezo da intelectualidade lusa, pelo francês, só pode vir do desconhecimento. Vão a Paris, visitam uns cafés e uns museus e conhecem meia dúzia de parisienses. Ora a França não é Paris e os franceses não são só parisienses. Arrisco-me a dizer que o parisiense é uma espécie muito especial de francês.
A França continua a ser a França da revolução francesa, e será o último país a ser vencido pelas teses neoliberais. E só se for vencido, porque nunca será convencido.

Anónimo disse...

Maloud,Tudo muito bem.Só que o ministro da Educacao,Gilles de Robien,ainda é da UDF,se bem que quase(!)"despachado" pelo Bayrou-que também sonha ser PR.O"Canard Enchainè",desta semana,diz que somente 34 de um total de 88 Universidades aderiram ao Movimento de Contestacao,estando o PS muito marginal...E os liceus,sobretudo os das zonas"quentes"dos arredores de Paris, Marselha,Nice,Tours,etc,comecaram a juntar-se aos grevistas,numa de dobragem na contestacao Global.FAR

Anónimo disse...

As manifs que já aconteceram e as que vão acontecer mostram precisamente isso.
Baixar os braços é a última coisa que os franceses pensam fazer.
Acho que os portugueses deveriam ter mais atenção ao que se passa em França. Mas são completamente intoxicados com o quotidiano dos EUA, que enchem os telejornais.
Interessante o comentário de Cohn-Bendit ao Financial Times. Diz que os jovens de hoje têm têm uma visão negativa do futuro, ao contrário do que se passava em Maio de 68, que era um movimento ofensivo, de ataque, com uma visão positiva do futuro. Hoje protestam contra tudo, diz ele. O que não deixa de ter razão, porque afinal as regras do jogo alteraram-se e os jovens são bastante penalizados.
Parece que vai levar mais tempo do que se esperava, até a imaginação chegar ao poder...

maloud disse...

FAR, Não sabia que o Gilles de Robien ainda era UDF. Julgava que já tinha saltado. Entretanto, ao que li no Le Monde, parece que os profs. estão com os estudantes na contestação. Donde não acredito que o CPE vingue. Ou o Villepin o reformula todo, e deixa de ser CPE, ou cai. E o Chirac não quer que ele caia, pois não? Claro que o Sarko esfregava as mãos. Mas ninguém quer o homem a esfregar as mãos. Ele é perigoso para o Chirac e para todos. E eles sabem.

Anónimo disse...

Justamente,Mister-Anónimo, Jguitar,
Cohn-Bendit quer que o Villepin negoceie,o que ele está agora a fazer...Conforme o líder de Maio-68
declarou ao programa de Arlette Chabot na France-2,a 16/3.Quem se
responsabiliza pelas inverdades do texto em epígrafe,que motivou os comentários já exarados?Será o sr.J-Guitar?!?FAR

Anónimo disse...

Dominique Galouzeau de Villepin pertence ao mais puro escol da burguesia pariseense.SciencesPo.Ena e Ministério dos Negócios Estrangeiros(início de carreira em Washington...)para depois ser durante 1O anos,1995/2005,secretário-geral da P.da República Francesa,isto é,"os olhos e os ouvidos"de Chirac, tao-só.Tem várias obras de história publicadas e umas célebres Antologias de Poesia na Gallimard,o must da"Esquerda Caviar"através do Mundo.Também neste pormenor o texto inicial falhou,sem apelo nem agravo.FAR

maloud disse...

FAR, Qual acha que é o candidato presidencial da UMP menos perigoso? O Villepin ou o Sarkozy?
Eu tenho medo do Sarkozy. Parece-me um Le Pen encapotado.

Anónimo disse...

Maloud,O Sarkosy ,que domina os Média como ninguém(quiz a cabeca do
poderosíssimo director do "Paris Match" por causa deste ter publicado umas fotos da mulher com o amante em N.York)anda a vender"uma"de Clinton(pois tem uma jornalista namorada...no Figaro) e afiancou um repórter para a RTL do Elkabaach(judeu-arábe com carta de todos os partidos).O Villepin se ultrapassar este"caso",reforca a sua estatura para poulain da Direita Democrática francesa.Na banda do PSF,acho que Dominique Strauss-Khan
-o favorito de Rocard et copains-parece-me ser o melhor candidato.Martine Aubry,a filha de Delors,já chamou "nula"à Segoléne;e
Lang parece uma múmia face ao ubíquo Fabius...FAR

maloud disse...

FAR, Grata pela informação, não dos "casos" do Sarkozy e da mulher, por demais conhecidos, mas pelo resto. Acho que já lhe disse que a Expression Publique todos os dias me pede que opine. Muitas vezes vou para sans opinion, porque, à distância, é difícil captar as nuances e não tenho a menor confiança nas fontes portuguesas, nem de direita, nem de esquerda. Quando se trata da França são umas nulidades.

Anónimo disse...

Maloud,O Caso dos devaneios de Cecília Sarkosy(que ´tinha casado em segundas núpcias com o maire de Neuilly,o Nicolas Sarkosy)parece ter sido solucionado com a reconciliacao.Pondo termo a um romance de cordel.Parece,por outro
lado,que o irmao de Sarkosy tentou à la hussarde apoderar-se do grémio do patronato nacional.Nao conseguiu e teve que fechar o entreposto de panos.A Cecília tinha
sido"secretária"do marido em Bercy
(Ministério das Financas)e dispunha
de uma frota impressionante de viaturas blindadas e de um pelotao de guarda-costas...As "casseroles" do Chirac é que o nao deixam dormir,talvez o Poutine o ponha a trabalhar com o Schröder no gás e petróleo para amortizar as dívidas...FAR

Anónimo disse...

Ó FAR
tome juizo.
1. Villepin diz que quer o diálogo e não negoceia.
2. O CPE é uma aberração e as declarações de Villepin são vazias de conteúdo.
3. O medo dos jovens e manifestantes em geral é que o CPE é o principio de algo e não o fim em si.
4. Porque é que uma lei penaliza uma faixa etária, quando as leis, em regra, são gerais e abstractas?
5. A realidade não é viver as tricas cor-de-rosa de governantes que podem ser caviar mas são de esquerda. Talvez para germânicos como v. e tugas como Durão Barroso.
6. A floresta é visivel e está nas ruas.
7. Esta ofensiva na questão do emprego não é apenas em França, mas passa-se um pouco em toda a Europa.
8. Liberalizar o mercado de emprego tem um nome e não me venha com eufemismos porque já não tenho pachorra.
9. A referência a Cohn-Bendit foi apenas para destacar a contradição entre alguém que em Maio de 68 se revelou de uma forma e agora se revela de outra.
10. Cohn-Bendit já não é Danny, le Rouge. Talvez rose.

Anónimo disse...

As referências europeias de Villepin para pôr o CPE em marcha, ditas através de Douste-Blazy, o MNE:

"Au Royaume-Uni, même pour un contrat durée indéterminé, l'employeur n’à pas motiver les raisons d'un licenciement jusqu' la fin de la première année", a-t-il poursuivi.
"En Allemagne, la coalition SPD-CDU s'est engage instaurer une période d'essai de 24 mois pour tous les nouveaux contrats d'embauche, quel que soit l’âge", a encore ajout M. Douste-Blazy, saluant "le courage et la détermination" de M. de Villepin.

Chama-se a isto período experimental, que varia consoante o país. Em Portugal são seis meses para os contratos de trabalho, não temporários.
Aqui não há razões etárias definidas, até porque são inconstitucionais, porque são um elemento discriminatório.

Fazer uma lei até aos 26 anos é tão absurdo como nos anúncios "só aceitamos pessoas até aos 35 anos". Tb é inconstitucional.

Os exemplos que o MNE francês foi buscar são contra ele. Mas, para os politicos demagogos, é o vale tudo. Eles são iguais em qualquer país.

PS. Ó FAR. Essa do "Bush desfez-se dos NeoCons e até jura por Keynes e Clinton(Hillary)para salvar a face" é boa.
V. anda nos ácidos ou vive noutro planeta?

Anónimo disse...

Mister J-Guittar: A realidade é política;e nao pode ser colorida por reaccoes emocionais ou instintivas. O J.Guittar deve pertencer ao grupo dos que se encandeiam com siglas e estereótipos. Citacoes deslocadas,descontextualizadas e`a
pressa:tais métodos têm um nome...Que pode ser muito feio e deita por terra as melhores intencoes. Eu nunca vi o sr.JGuitar a falar de um livro,de uma ideia consistente.Pela sua pena,as coisas sao só para serem consumidas.E depois deitadas fora:é o pior reflexo servo de um
sistema que nos quer impingir,o descartável.E como nao percebe as redes onde se pretende infiltrar,baralha tudo e ofende ou
desvaloriza baixamente os contraditores.O que é grave e lastimável.Senhor,o Villepin é um
chiraquiano puro e duro.Isto quer dizer o quê?Chirac refundou o Gaullismo,espécie de sistema de colaboracao de
classes,vulgo trabalhismo, e negociou secretamente com os comunistas e sindicatos a mutacao política de Maio68,percebe? Acho que o sr.JGuitar deve ir aos Arquivos da Reuter e da France-Presse,ou ler uns livrinhos,para tentar falar das coisas. Vê-se que o sr.cita "takes"de agéncia.E como
nao percebe, cita ao calhas.Releia o que já foi dito; e nao mostre ainda ainda mais a sua debilidade congénita,ok? Como dizia o Lacan,para se ser louco é preciso ter muita categoria...FAR

Anónimo disse...

Ó FAR.
Já todos vimos que v. é o único intelectual, muito erudito, que faz o favor de nos presentear com a sua prosa por aqui, e que lê livros, muitos, e que faz grandes citações, muitas.
Os outros, salvo os seus amigos, são todos uma cambada.
Mas não respondeu à minha pergunta:
V. anda nos ácidos ou vive noutro planeta?

Anónimo disse...

Ou então é social-democrata e eu não sabia.
Já agora um conselho: prefira os ácidos.

Anónimo disse...

J.Guitar:Você é um suplício... de feira.Provocacoes, baixeza e insinuacoes.Já percebi:acobarda-se a dar a cara,ignora o busilis da questao:poder político mortífero,onde a Esquerda francesa
está em maus lencois,donc!O Douste-Blazy,cirurgiao, passou para o campo de Chirac-Villepin, pois o Fillon juntou-se aos sarkosistas no estado-maior da UMP,aquando da formacao do Governo.D-Blazy é considerado um péssimo político vira-casacas.Quando acabar de ler os servicos/takes da France-Presse
diga,ok?FAR,que-desconhece-quem-é-o-sr.J.Guitar,helàs...

Anónimo disse...

FAR
V. ainda me vem com a esquerda e a direita. Se reparar bem nada disso faz muito sentido hoje em dia quando se fala em politicas de governos.
V. baseia-se ainda nos velhos chavões maniqueístas, que dividiam as coisas em direita-esquerda. Há muito que se ultrapassou essa fase. Repescando os clássico, digo-lhe e reafirmo: tudo está na praxis.

E é isso que eu não vejo, ou vejo pouco, tanto em França como em Portugal.
Para mim o pedigree dos partidos ou dos politicos dizem pouco, mesmo qd Villepin fez o que fez na altura em que se discutia a guerra do Iraque. Nessa altura admirei o seu estilo politico, porque no fundo, estavamos todos no mesmo barco: lutar contra as intenções de Bush em invadir o Iraque. A sua declaração na Assembleia-Geral das Nações Unidas comoveu-me.
Mas isso é passado.

O liberalismo, mesmo na sua versão neo, não é um apanágio dos americanos. È uma teoria que está ao alcance de qq governo, que a embrulha consoante as suas conveniências.
Em Portugal há uma versão 3.7 desse estilo de governação francesa. Com um estilo muito próprio. Socialista, dizem eles. Se v. estivesses cá veria como os carimbos partidários não os impedem para avançar para politicas de direita. Há quem diga: e a alternativa? Santana ? Durão? Mas isso é outra conversa.

Neste caso francês, não é a mudança de peões que vai resolver o problema. Os peões não dão cheque-mate. É folclore, que acompanho, mas no qual não dá para basear análises, porque as estratégias mantêm-se.

Na praxis é que está o cerne da questão. É aí que baseio as minhas ideias, que v. ao que parece não quer ver.
Mas isso já não é um problema meu.

PS. Qt aos takes das agências, só é pena não darem as infos cor-de-rosa que v. tt gosta. Só noticiam factos. Enfim. Uma chatice. È uma sorte v. andar por cá.

maloud disse...

Então vou eu ler o Público para o Velasquez, retomando a normalidade, e passam-se!

Jguitar,Eu sou "amiga" do FAR, mas isso nunca o impediu de me apontar as falhas, e de me esclarecer, quando é caso disso. Acho que ainda não percebeu que, neste e noutros momentos em França, os peões são importantes, excepto o peão Douste-Blazy, que só tem o lugar, porque é fiel. No governo Raffarin não entrou e continuou maire de Toulouse, porque a fidelidade só lhe rendia uma pasta secundária. Se o Sarkozy tomar conta daquilo, teremos no coração da Europa o liberalismo na sua versão neo. Daí me parecer importante, não deixar cair o único que o pode anular, Monsieur De Villepin. O De Villepin é de direita, sobre isso estaremos de acordo, mas há várias direitas e a dele parece-me menos perigosa que a do Sarko. Porquê? Pela praxis.
Quanto à eliminação da dicotomia esquerda direita nos governos, claro que está mais esbatida, mas existe. Mesmo no jardim à beira mar plantado. A alternativa Durão ou Santana não é outra conversa. A primeira foi de direita. A segunda foi de circo.
Antes o que temos. Não é perfeito? Não. Mas quem não come à mesa do orçamento, desde o vulgar empresário ao trabalhador do privado, prefere e sustenta o que temos. O desemprego está a crescer? Está. Não há governo que nos convença a preferir o sapato e a T-shirt, made in Portugal, se tivermos a mesma opção mais barata. Com esta opção, como consumidores, atiramos para o desemprego milhares que vivem perto de mim. A solução seria manter as empresas e os empregos artificialmenter? Parece que já fizemos isso e só desperdiçamos dinheiro que faz falta para o país se modernizar.
Só mais uma achega sobre os peões franceses. Foram os peões que fizeram saltar na 1ª volta das eleições para PR o Jospin e permitiram a vergonha Le Pen. Têm nomes e nós conhecêmo-los.

Anónimo disse...

Maloud
Palavras sensatas, que não vou rebater, porque estou de acordo consigo.
Às vezes esquecemo-nos que um bom debate tem um efeito de catarse perante os fantasmas politicos do nosso tempo. É sempre bom, desde que civilizado. Teremos sempre a referência do frente-a-frente Sócrates / Santana, como o padrão a evitar.
Infelizmente, nestas coisas da net, não dá para ir bebendo um rouge. É que uma boa discussão prolongada, deixa a garganta de qualquer um completamente seca.

Salut, Maloud.
A luta continua.

Anónimo disse...

Incógnito-que-dá-pelo-nome... de J.Guitar:É preciso ter lata...Em vez de dar mao à palmatória,entra numa demagógica e fraquérrima fuga para a frente da mais inócua das rectaguardas!!!Praxis?Qual praxis?Cortar e colar telexes de agências de Informacao?Baralhar e nao perceber que o Durao tem que
amparar o" patrao"Chirac;,o JDDimanche,propriedade do Grupo Lagardère tem que fingir isencao...porque a holding precisa de vender bem a participacao na EADS-do-Airbus?Praxis era admitir os erros,leviandades e pistas erradas que estruturaram o texto
inacreditável onde tentou vender gato por lebre.E já nao era a primeira vez... Hoje,o NY Times tras
um texto do Paul Krugman,porventura o maior analista político do Mundo,coquelouche de todos os dirigentes políticos do universo,onde revela que os neo-cons estao a fugir da irrefragável incompetência de G.W.Bush...Bem,vou lanchar e beber a minha Rioja acompanhada com lascas de Pecorino Sardo maduro.FAR

Anónimo disse...

Ó FAR
Eu estava de acordo com Maloud, não consigo.
Basta ler o que acabou de escrever, para não ser preciso dizer mais nada.
Vá tratar-se.
PS. um conselho para ajudar a recuperação: pense mais e cite menos.

Anónimo disse...

E lá foi ultrapassado o 20º comentário!!!!! Foi quebrada a rotina...ah ah!
Beijinhos