terça-feira, 21 de março de 2006

"Escrever é entrar é penetrar na fonte branca”

"A poesia tem sido para mim uma forma de libertação. Não se pode dizer que seja uma expressão simples, fácil, o que a poesia procura é algo que de certa maneira ela não consegue admitir. Quer dizer, a finalidade do poeta é escrever, criar um texto que tenha uma certa coerência, que tenha a coerência da incoerência (como diz um crítico francês).

Mas é o que está para além das palavras, é o horizonte das palavras e é realmente o que é fundamental. Não só as palavras poéticas me fascinam mas aquilo para que elas apontam, o horizonte para que apontam, o espaço para que elas se dirigem é que é realmente a realidade imaginária e real; essa é que é a finalidade porque há em nós algo que é indefinível, incomunicável e indescritível.

O poeta pode suscitar a possibilidade de tornar actual (no sentido real) certas virtualidades, que se concentram no desejo do homem, numa espécie de corpo que ele quer encontrar, como que penetrar nesse corpo (uma criação, mas também uma realidade exterior, cósmica)."

António Ramos Rosa, excerto de um entrevista em 20.11.1996

Título: in O Livro da Ignorância, 1988

11 comentários:

Anónimo disse...

Depois do combate (com o FAR) o repouso do guerreiro!
Gostei da "coerência da incoerência"... vá-se lá saber porquê...

Anónimo disse...

Eu sou amigo do Ramos Rosa e muita garrafinha de Vodka lhe levei
para a Barbosa du Bocage,a 100 metros do meu ex-amigo-diletante MMCarrilho na Rua Eiffel...FAR

Anónimo disse...

mas este FAR está em todas!!!

Anónimo disse...

Também vou fazer uma citação! Este FAR lembra-me sempre "O Périplo de Baldassare" de Amin Maalouf...

maloud disse...

Ah! Só faltava o Maalouf. Porque não Léon l'Africain? Obrigado a sair da Ibéria, viajado, polivalente, curioso... o FAR, talvez porque o conheça pior, é mais o Léon.

maloud disse...

E já agora façam como eu. Tragam para a blogroom, tudo o que vai dando prazer. O rouge, rosso ou tinto e uns fromages, formaggio ou queijos. Dá outra leveza à conversa.
PS. O meu italiano é de ouvido. Perdoar-me-ão os erros.

Anónimo disse...

Ólindo, gostei...beijinhos

Anónimo disse...

Ó FAR, tu tens que idade?

Leste muita coisa de 68?

Anónimo disse...

Tenho mais um ano do que MM. Carrilho e menos dois que M. R. de Sousa,numa de Mag.People...
A propósito Maloud,atencao à edicao desta semana do Canard Enchainè,onde vem uma deliciosa história sobre o nossso MNE francês,Douste-Blazy, que andou a partir a"suite" do Hotel, em Rabat,
por causa de uma disputa com a acompanhante...Aliàs, o Canard é mesmo a "biblia" da política-profissional francesa.Indispensável e evita derrapagens oportunistas e crassas.
Sobre Maio 68, os dois grandes livros sao: "Maio-68:A Brecha,de Cornelius Castoriadis,Claude Lefort e Edgar Morin, traducao lusa na "Temas e Problemas",Col. da Moraes Editores( extinta nos anos 80).O outro é o dos irmaos Cohn-Bendit,"O gauchismo como`remédio à doenca senil do comunismo ",Editions du Seuil,genial plágio de textos montados, que lhes deu massita para virem passar férias na costa alentejana.Boas Leituras!FAR

Anónimo disse...

Fantástico FAR!
Porém, penso não ser de bom tom, usares como bitola, pessoas como MM Carrilho e MR Sousa...
Esse Carrilho, então, não deixando de ser um intelectual, é um grande pedante.
Eduardo Lourenço ou Prado Coelho, entre outros, esses sim, são intelectuais portugueses que gerem com grande naturalidade o seu conhecimento. Admirável!

PS: o uso recorrente de estrangeirismos como “ gauchismo” ( que é isso?) mostra que afinal andas muito afastado da Lusitânia...

Anónimo disse...

Anónimo das 11.42 AM: Temos que nos divertir un piccolo,convenhamos. Aliàs, creio que foi por ideia do MM Carrilho- ao menos conquistou a Bárbara,o Jack Lang e uma página inerente no Le Monde...-que,em Maio 67,comecamos
a fazer em nossas casas yogurtes com um pó vendido pelo Joao Santos,ervanário e nutricionista pioneiro e antigo presidente do Benfica.O Marcelo,por ser uma personalidade excepcional que transmutou -por leitura,audácia e muito suor-um karma predestinado para ser o lider da Direita,mais cedo ou mais tarde. Prefiro o VPV
ao EPC- com quem tive uma homérica pega em Paris sobre Poesia Portuguesa, no mesmo local onde Coimbra Martins e Jorge de Sena se
digladiaram. Como dizia uma namorada do VPV,para ler é preciso fazer muito amor, a quatre pattes... Bom vento!FAR