Meca por um canudo
Aprendemos que os bárbaros barbarizam
E que nós, civilizados, não
Da avó ao neto
Do padrinho ao bisneto
Quem pega na xícara assim?
Quem dobra o lençol de brancura
E alfazema geometricamente?
Quem mente com quantos dentes tem na mente
Disciplinando ares
Remetendo a inevitável impureza
Lá para o sovaco da existência clandestina periferia
Poupamos ao olfactolhar dos inocentes
O que não prima na humana matéria prima por virtude alguma
A beatificação de São Sovaco, neste contexto em que surge como testa de ferro e ocultador-mor do que no humano fede – que deuses usarão latrinas, perguntará Menipo?, essas criaturas a quem, mesmo o que fede não fede e o que fode fode, pois que, ao que consta, entre deuses a disfunção eréctil mesmo que caminhando sobre as ondas inexoravelmente a caminho de um destino não os mancha de inevitável e dolorosa incerteza – só pode coincidir com a unilateralidade papal, isto é, ou existe a evidência dos factos que fundamentam a beatificação e esta será científica, por assim dizer, ou o princípio do dogma sobrevalece e o que é, neste caso, É
Milagra-se, postalifica-se, perfuma-se, põe-se no altar
Descarnifica-se, Design-se, Desalma-se,
Descasca-se até ao nada pleno de semânticas flores como as que Perfumam o plástico nos pequenos horizontes domésticos
O nadoquini Vulvar que bomba respiratório a atmosfera exterior num fluxo que lembra as guelras dos peixes nos simpáticos aquários em movimento perpétuo até ao fim
De vison apenso humidisecante
Os seus lábios
Publicitados de sensualidades ostentatórias..... sindromaticamente imunodeficientes.... acenam frigidamente
O paradigma é:
A menos de meia haste a orgástica sens/acção
Ejaculacio prematura és mas não infecta loca
E aprendemos que o sangue
Quando o vertemos
Nosso é por heroicidade
E alheio é por maléfica génese do outro
Mouro, gentio, crioulo, baneane,
Caneco, guinéu ou verdeano
Violentos são eles
E nós brandos
Somos occidentais
Os outros vulgares demais
Os caninos nossos
Não esgaçam dos inocentes
Gentios Changanes Tupis
A carne cristalina que ri
Antes em Cnossos
O sangue desaparecido
São a curva da jarra
E o silêncio das pedras
Palavras marfinadas em papiro o atestam
Somos também dialogantes
Os outros intifodam
Entre nós não há fome
As sopas não são dos pobres
São legumes vitaminas são ferro e proteínas
Nem os pobres são pobres
São deserdados vadios
Sem abrigo e arredios
E ricos de enregelar são
Nas noites estreladas de liberdades
E se um CONSTIPÃO lhes dá
É de sua natural propensão
Malandros!
Estranhamos as casas dos outros
As nossas são assoalhadas
À prova de medo
E duplamente isoladas
À prova da fome e frio
Em paisagens de rios secos
Pantufam-nos contra a dor
Como quem nos naftalina
A menina no olho
No recanto do tersolho
Não olhamos para Meca
Antes a televiCão
Que o Cabo fará nossa esperança
Se o zapping nos levar
Que nada ladre nem a Cidade obscureça
E que o alterne fodogénico em directo nos favoreça
Com a sua milimétrica aberta censura do mundo
E a cloaca global prevista no ângulo montado,
Bagdad pintada a sangue e intervalada de um par de martinis sensuais
Nos punhete o som de gemidos gueixadesign?
Os chineses
A nadar em campos de arroz!!!
Não entendemos.
Menos ainda as mulheres da ilha
Enfarinhadas de branco msiro
Evas ordinárias sem saber nada da maçã
Somos todos também polémicos
E que inteligentes
Eurocentrados Egocêntricos Narcisómanos
Fast people workshópica e performativa isso sim
Oh ruínas de pizzas em velocípedes montadas a que eróticas coxas vos destinais onde andam as hecatombes?
Oh pobre Ulisses
Manhoso e guerreiro
A quem APENAS O VELHO CÃO RECONHECEU
Sai lá das páginas
E homera-nos de novo
Apartamentados televisioneses
A aventura e o mar
f. arom
6 comentários:
Armando: Assume-te comandante! Que coisa belíssima e violentíssima nos deste a lêr! Tem lá tudo sabiamente disposto: Marx, Freud, Reich , Debord, Marcuse,Blake, et tutti quanti!!!
Salvé Armando! FAR
Com este inédito, belíssimo, o f.arom faz a sua estreia no nosso blogue. Oxalá volte muitas mais vezes.
Com esses elogios todos de um para o outro parece que a relação promete. Felicidades para o futuro.
As águas vão começar a separar-se. Existem os que acreditam que é possível viver de outra maneira, que acreditam na acção e que um novo Mundo virá para nos tornar felizes! Vocês sabiam que Joscha Fischer, o líder dos Verdes, era chauffer de táxi( a profissão mais empolgante na Alemanha, por isso mesmo), e lia Kant, Schopenhauer, a Escola de Francfort, Adorno-Horkheimer-Habermas, como um louco?!? O poema deve ser do Rocheteau, em hora de feliz inspiração ,agora que as automatic messenger começam a ditar a lei( segundo o Libé. de hoje). Ora,citemos Bakounine," o amor profundo, sério,apaixonado,está sempre dobrado por raiva. Não podemos amar a justiça sem detestar a injustiça, nem a liberdade sem detestar a autoridade, nem a humanidade sem detestar a fonte intelectual e moral de todos os despotismos, a ficção imoral do déspota celeste, o bom Deus"( in Relações Pessoais com Marx, M. Bakounine. W.III.Págs.204/216)
O Aníbal não pode passar! FAR
Caro FAR,
O poema não é meu. É do F.arom, um amigo que tenho desde há muito. Felizmente interessou-se por este nosso projecto e mandou-me este seu texto.
Como calcularás, se fosse eu a escrevê-lo, abster-me-ia de o qualificar. Foi-me pedido pelo autor que utilizasse F.arom para as suas coisas.
Abraço
Se calhar é de um homem do teatro...
En horabuena!
Viva, homónimo!
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