quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

O dia em que a música morreu

Fotografia de Annie Leibovitz, tirada a 8 de Dezembro de 1980.
Foi recentemente considerada a melhor capa de revista dos últimos 40 anos
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Estava uma segunda-feira fria, naquela manhã do dia 8 de Dezembro de 1980. John Lennon e Yoko Ono acordam para mais um dia de promoção do seu novo disco, Double Fantasy. Na parte da manhã, uma entrevista para a Rolling Stone, seguida de uma sessão fotográfica com Annie Leibovitz. Ela desafiou Lennon a posar nú. Embora não estivesse muito para aí virado, Lennon aceitou. Foi árduo aturar aqueles tipos da Rolling Stone durante uma manhã completa. Mas, Lennon estava empenhado no seu regresso à música e, para ele, aquilo eram peanuts. Sai da sua casa pouco depois das duas da tarde. A Dakota House situa-se na orla do Central Park, e fica perto dos estúdios de gravação, para onde se dirige, juntamente com Yoko. Ainda ninguém sabe, mas já se prepara o sucessor de Double Fantasy. Vai chamar-se Milk and Honey. Acabam as gravações já perto das 10:30 da noite. Ainda pensam em comer na zona, mas o seu filho Sean está sozinho em casa, apenas com a assistente. Decidem regressar. Eram quase onze horas da noite, quando, ao entrarem no portão do prédio, John ouve alguém chamá-lo. Virou-se. Não teve tempo de pensar em mais nada. O eco dos cinco tiros disparados sobre si, transportaram-no para locais muitos distantes dali. Sentia algumas dores, não muito fortes. Uma ligeira fraqueza apoderava-se do seu corpo. "Tenho de me manter lúcido", pensou. Ouviu vozes agitadas. Pareceu-lhe escutar uma sirene de ambulância. Depois veio o vazio. Yoko gritava. O tipo que disparou afinal era o mesmo que tinha pedido um autógrafo a John, quando saíram de casa à tarde. Estava imóvel e assim ficou até chegar a policia, que o levou algemado. Chamava-se Mark Chapman. Pouco antes da meia-noite John Lennon morreu. O dia 8 de Dezembro de 1980 acabou logo a seguir. Talvez por solidariedade. Passado muito pouco tempo, alguém começa a cantar Give Peace a Chance. Aos poucos, outras vozes vão surgindo, vindas não se sabe muito bem de onde. Ao fim da manhã já eram milhões em todo o mundo.

3 comentários:

FernandoRebelo disse...

«Os Famosos Cinco Através das Ruínas de Eagora
Era dia santo para os famosos cinco lá em Enig Blyter;...» in. Um Atrapalho no Trabalho, John Lennon, Ed. Brasiliense
A música não morreu, o John talvez queresse chegar até nós com 65 anos.

Anónimo disse...

Yoko Ono depositou quinta-feira à noite um ramo de flores brancas em recordação do ex-Beatle, numa cerimónia realizada em Central Park, Nova Iorque, perto do local onde foi assassinado há 25 anos.

A homenagem decorreu no local do Central Park denominado Strawberry Fields Forever, junto ao mosaico com a palavra Imagine. Cerca de 200 pessoas participaram na homenagem, cantando canções de Lennon.

A vigília alcançou o momento mais alto às 22:50 locais (03:50 em Lisboa), hora a que John Lennon foi assassinado há 25 anos.
(Lusa)

Anónimo disse...

Lindo.
Francamente gostei da prosa.
Give Peace a Chance.