domingo, 11 de dezembro de 2005

Contos de Natal .4

Nesta época de amor universal lembro-me sempre de uma conversa entre os amigos do meu pai. Estavam aos altos berros, em fim de noite, em grandes confidências. Falavam de paixões. Tinha já um deles a santola no prato, parafraseando O’Neill, isto é, estava já a conquista no vale dos lençóis entre suspiros, quando ela lhe pede que ele lhe chame nomes. Os amigos do meu pai são uns cavalheiros. Muito solícitos ante os pedidos da amada. Vai daí ele: “minha p. do c., racho-te a c.” e outros mimos que, estranhamente, deixam a apaixonada lamuriosa. Não é que os nomes por que queria ser chamada eram outros. Mais do tipo: meu amor, minha flor. Não consegui escutar mais, nem sei como acaba a história. As gargalhadas e o naco de conversa ouvidos fizeram-me descrer da humanidade.

Josina MacAdam

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