A notícia avançada pelo Diário de Notícias segundo a qual Paulo Portas, Nobre Guedes e Telmo Correia mandaram microfilmar vários tipos de documentos dos ministérios da Defesa, Ambiente e Turismo revela o entendimento que o CDS/PP tinha sobre as suas funções governativas. Pura e simplesmente escandaloso. As coisas agravam-se quando o assessor e ex-jornalista do Independente de Portas, Pedro Guerra, vem agora dizer que foram apenas documentos pessoais, para Portas e os outros ex-ministros não só para se defenderem em caso de ataques políticos, mas também para escreverem as suas memórias. A questão que agora se põe é esta: quantos arquivos particulares com segredos de Estado existem na posse de ex-governantes? Agora que todos antigos ministros, assessores e amantes estão a passar para o papel “recordações dos tempos em que éramos felizes” é uma boa altura de saber. Que legitimidade têm os governantes de, enquanto exercem o seu mandato, mandarem microfilmar tudo o que lhes apetece, sem que haja algum controlo ou registo do que fazem? Polémicas e ataques políticos e pessoais foi coisa que nunca faltou em todos os governos. Mas isso dá legitimidade a alguém? Cavaco fez isso? Ou Soares? Santana Lopes prepara por certo as suas memórias mais cor-de-rosa, e tem alguns ódios de estimação que não vai querer poupar. Terá também ele microfilmado segredos de Estado? Era de bom tom que a Procuradoria-geral da República procedesse a uma investigação profunda e abrangente. As revelações que envolvem Portas e os colegas, foram divulgadas ao tribunal pelo ex-dirigente do CDS/PP Abel Pinheiro, no âmbito do processo do "Caso Portucale". Este tem a ver com o abate de 2600 sobreiros em Benavente, e com a suspeita de tráfico de influências que envolve o Grupo Espírito Santo. Se politicamente e eticamente é altamente reprovável, já quanto à questão legal, a coisa complica-se. Haverá crime caso se prove que os documentos copiados eram classificados e logo considerados segredo de Estado. É necessário também estabelecer o nexo de causalidade e provar que visava fins pessoais que poderiam lesar o Estado. Separar o papel de governante do de cidadão para apurar responsabilidades é mais complicado do que parece. São ténues as linhas que separam os dois campos, quando eles se fundem na mesma pessoa. No entanto, algo terá que mudar, porque é inconcebível que estas coisas aconteçam num Estado de Direito.sábado, 24 de dezembro de 2005
O microfilme é uma arma
A notícia avançada pelo Diário de Notícias segundo a qual Paulo Portas, Nobre Guedes e Telmo Correia mandaram microfilmar vários tipos de documentos dos ministérios da Defesa, Ambiente e Turismo revela o entendimento que o CDS/PP tinha sobre as suas funções governativas. Pura e simplesmente escandaloso. As coisas agravam-se quando o assessor e ex-jornalista do Independente de Portas, Pedro Guerra, vem agora dizer que foram apenas documentos pessoais, para Portas e os outros ex-ministros não só para se defenderem em caso de ataques políticos, mas também para escreverem as suas memórias. A questão que agora se põe é esta: quantos arquivos particulares com segredos de Estado existem na posse de ex-governantes? Agora que todos antigos ministros, assessores e amantes estão a passar para o papel “recordações dos tempos em que éramos felizes” é uma boa altura de saber. Que legitimidade têm os governantes de, enquanto exercem o seu mandato, mandarem microfilmar tudo o que lhes apetece, sem que haja algum controlo ou registo do que fazem? Polémicas e ataques políticos e pessoais foi coisa que nunca faltou em todos os governos. Mas isso dá legitimidade a alguém? Cavaco fez isso? Ou Soares? Santana Lopes prepara por certo as suas memórias mais cor-de-rosa, e tem alguns ódios de estimação que não vai querer poupar. Terá também ele microfilmado segredos de Estado? Era de bom tom que a Procuradoria-geral da República procedesse a uma investigação profunda e abrangente. As revelações que envolvem Portas e os colegas, foram divulgadas ao tribunal pelo ex-dirigente do CDS/PP Abel Pinheiro, no âmbito do processo do "Caso Portucale". Este tem a ver com o abate de 2600 sobreiros em Benavente, e com a suspeita de tráfico de influências que envolve o Grupo Espírito Santo. Se politicamente e eticamente é altamente reprovável, já quanto à questão legal, a coisa complica-se. Haverá crime caso se prove que os documentos copiados eram classificados e logo considerados segredo de Estado. É necessário também estabelecer o nexo de causalidade e provar que visava fins pessoais que poderiam lesar o Estado. Separar o papel de governante do de cidadão para apurar responsabilidades é mais complicado do que parece. São ténues as linhas que separam os dois campos, quando eles se fundem na mesma pessoa. No entanto, algo terá que mudar, porque é inconcebível que estas coisas aconteçam num Estado de Direito.
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3 comentários:
esta situação é incrivel, só no portugal das bananeiras...
Apenas por piada. Encontrei alguém (estrangeiro) que traduziu autoomáticamente este artigo. E ficou assim:(essa do Pablo Doors é irresistível)
The microfilm is a weapon
The advanced notice for Daily of Notice according to which Pablo Doors, Nobleman Guedes and Telmo Leather strap had ordered to photograph on a microfilm some types of documents of the ministries of the Defense, Environment and Tourism discloses the agreement that the CDS/PP had on its governmental functions. Pure and simply scandalous. The things are aggravated when the assessor and former-journalist of the Independent one of Doors, Peter War, now come to say that they had been only personal documents, for Doors and the other former-ministers not only to defend in case of attacks politicians, but also to write its memories. The question that now sets is this: how many particular archives with state secrets exist in the former-governing ownership? Now that all old ministers, loving assessors and are to pass to the paper " memory of the times where we were happy " is a good height to know. That legitimacy has the governing of, while they exert its mandate, ordering to photograph on a microfilm everything what them apetece, without that it has some control or register of that they make? Polémicas and attacks politicians and staffs were thing that never lacked in all the governments. But this gives legitimacy somebody? Cavaco made this? Or To sound? Santana Lopes prepares for certain its memories roser, and has some hatred of esteem that does not go to want to save. He will also have it photograph on a microfilmed state secrets? He was of good tone that the Office of the attorney general-generality of the Republic proceeded to a deep and including inquiry. The revelations that involve Doors and the colleagues, had been divulged to the court for the former-controller of the CDS/PP Abel Pine, in the scope of the process of the "Portucale Case". This has to see with abates it of 2600 sobreiros in Benavente, and with the suspicion of traffic of influences that involves the Espirito Santo Group. If politically and eticamente it is highly reprovável, already how much to the legal question, the thing is complicated. It will have crime case if it proves that the copied documents were classified and soon considered state secret. It is necessary also to establish the causalidade nexus and to prove that it aimed at personal ends that could injure the State. To separate the paper of governor of the one of citizen to select responsibilities more is complicated of the one than it seems. The lines are ténues that separate the two fields, when they are established in the same person. However, something will have that to move, because it is inconceivable that these things happen in a Rule of law.
Pablo Doors, Nobleman Guedes and Telmo Leather strap!!!!
Ah Ah Ah
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