António Tabucchi sai em defesa de Soares e responde hoje no DN, em crónica intitulada "Quem testemunha pela testemunha", a outra crónica de José Pacheco Pereira, "Vamos escolher o 'fixe' ou o 'confiável'?", esta no PÚBLICO de 22 de Setembro. A não perder, aqui. Destaco este excerto:
«(...) não era o Salazar, também ele, um entendido em Finanças, na linha da sua visão do mundo? A economia não é uma ciência objectiva como a química ou a física, é uma ciência humana. O Portugal salazarista era um país miserável, mas os indigentes (80% da população) tinham a satisfação de poder dizer que as moedas que mendigavam nas esquinas eram uma moeda forte. Não duvido que Cavaco Silva tenha estudado bem na Inglaterra da sua juventude. Mas tenho a impressão de que ele viveu os seus tempos estudantis ingleses como alguém que vinha da Bélgica ou da França, e não de um país totalitário. Faltava-lhe pois o que se chama "consciência política". O que, para um político, é uma falta grave. E quem não a teve aos 20/30 anos, quando o seu país precisava dela, não sei se a poderá ter em idade mais que madura, quando o seu país já a tem, porque alguém se bateu para lha conquistar e continua a bater-se contra qualquer ameaça que a possa desfalcar.»
4 comentários:
O Sr.Tabucchi defende uma tese 100% absurda, que só pode ser compreendida e enquadrada no desespero que a candidatura do Dr.Mário Soares vive neste momento. O Sr. Tabucchi deve ter hibernado, e só acordou agora. Apesar de eu ser 100% contra o Prof. Cavaco Silva, não posso de deixar de dizer, que bem ou mal, este pais vive em democracia há mais de trinta anos e é membro da CE. Não é própriamente a Costa do Marfim ou a Libéria. A mim o Sr.Tabucchi não me passa nenhum atestado de menoridade, apesar de em termos de "consciência política" estar dentro dos requesitos absurdos dele. Por exemplo, juventude política do BE ao CDS/PP que se manifeste, ou todos os democratas que viveram e estudaram em Inglaterra durante o fascismo, pais onde e durante aquele período abundavam referências de todo o tipo à ditadura e à guerra colonial, a todos os níveis. Penso que era mais honesto e leal dizer pura e simplesmente que o Prof. Cavaco Silva não tem consciência política, conclusão a que ele, ( Sr.Tabucchi ), chegou após análise à governação do Prof. Cavaco Silva, e não vir com essa teoria rebuscada, absurda e falaciosa que escreveu. Aliás o SR. Tabucchi devia-se por exemplo, preocupar com o facto de em Portugal, e em outros paises ainda ser permitido, pessoas pertencentes a organizações como a Opus Dei ou a Lojas Maçonicas, candidatarem-se a cargos como o de PR, onde não deveria existir qualquer tipo de opacidade no perfil ou curriculum dos candidatos. Um bom tema de discussão, a bem da democracia e da civilização.
P.S.- Ao autor do post, sugiro que coloque também, o link ao artigo do JPP.
Precisa do fim-de-semana,
a quem der na gana apreciar 10 razões para não votar Silva.
1ª – Este post.
Ou seja, a bagagem cultural/vivência do Silva somada à da Maria deve chegar para o Trivial Pursuit.
2ª – A sua pose de estadista é oca.
Mas é mestre em política pequena de sussurros, mesquinhez e conivências.
Não tem visão porque tem a mentalidade apertada que dá cabo de Portugal há séculos.
Anda de bicicleta a olhar para a roda e não se estatela porque a “almofada” é gigantesca: em 1996 era à volta de 3 milhões de nossos concidadãos.
O Portugal do «mais vale passajadinho que rotinho».
3ª – Porque foi primeiro-ministro com 2 maiorias absolutas e recebeu tanto dinheiro da CEE que nem conseguia gastá-lo todo.
Em vez de fazer as reformas necessários aos dias de hoje e de amanhã, como fizeram irlandeses e espanhóis, tornou-se conivente do “é fartar vilanagem” que começou a tomar conta de todos os sectores da nossa vida.
O “adiantado mental”, seu ministro das Finanças, dizia: “Somos um oásis na Europa”. Mas, em maré adversa, desculpava-se: “Temos uma economia muita aberta” (deve querer dizer “vale tudo”), mais isto, mais aquilo.
Aberta? Então como é que podíamos estar em contra ciclo com a Europa e o Mundo?
Algo estava errado e com certeza que não eram os outros
O Silva, ajudava à festa e clamava: “Só temos 4% de desemprego. Tecnicamente, é o pleno emprego. Olhem para a Espanha, que tem mais de 20%. E o resto da CEE, onde as taxas são de 2 dígitos.”
E era verdade.
E ele envaidecido, com aquele ar empertigado de mordomo dos X-Men.
Alinhámos todos na rebaldaria, que Guterres continuou com mais umas pitadas de social/cultural.
Agora vemos o estado a que isto chegou.
Agora percebemos para onde levámos o País sob a liderança do Silva (e não só).
O Silva é o “pai” dos Isaltinos.
4ª – O Silva, sem questionar as suas competências, actua como se crescimento desse, inevitavelmente, desenvolvimento.
Pode haver crescimento sem desenvolvimento (nosso caso), mas não pode haver desenvolvimento sem crescimento, dizem os almanaques.
Durante o seu consulado, prosperou a economia paralela e de vão de escada.
Metade do país andou, bem pago, a dar “Formação” à outra metade.
É por isso que hoje temos tantos técnicos modernamente qualificados.
5ª – O Silva foi o “Tio da América” com que todos os portugueses sonham, porque não acreditam que o esforço compensa. Onde raio terão arranjado tal ideia? Do exemplo dos líderes e das elites que nos governam desde há 500 anos é que não foi.
"Mal por mal, antes Pombal", diziam os portugueses depois da "Viradeira" da D. Maria II, que recolocou a nossa aristocracia cheia de traça no poder.
Rosa, a grega – mulher única no mundo e por quem muitos corações desesperaram –, que já tinha vivido a adesão da Grécia, sabia de economia e não era parva, profetizava alto e bom som na Camponesa: “Vocês vão ver. Toda a gente passa a ter carro ou mota. As pessoas descem de escantilhão das serras para a cidade. As vivendas e os apartamentos de luxo aparecem como cogumelos, etc. etc. Vocês vão ver, f…, c…” (a Rosa tinha uma costela do Porto).
6ª - O Silva virou D.Sebastião.
E votam Silva porque “acreditam” que ele fará jorrar de novo o maná.
Vêem o Silva como o alter-ego de Luís de Matos.
7ª – Quando ele vivia o seu 1º tabu – que era uma marca de perfume na moda no Portugal dos Pequeninos, no tempo do Botas – uma personalidade política de um país europeu rico ficou surpreendida e desconfortável com a modéstia da casa do Silva, sita numa ruazita por trás da Infante Santo.
O Silva, bisonho, ficou todo contente… Provava-se que era pobre, honrado e trabalhador.
Um príncipe encantado capaz de fazer um “lifting” à República, quando esta precisa é de ser remoçada, de viver um Renascimento.
Mas se vêm logo com ar emproado falar de “um renascimento português” está o caldo entornado.
"Português” é uma especialidade que temos à farta, mas que ninguém quer porque caducou o prazo de validade. Graças, e muito, ao Silva.
8ª – O Silva já demonstrou que a sua política é varrer o lixo para debaixo do tapete.
Como é Arraiolos Arraiolos, espera que todos olhem e discutam o trabalho das tecedeiras e que ninguém repare no "lixo" em que estão as estruturas necessárias para haver progresso.
Uma coisa é certa: o Silva é um perfeito português.
Está bem retratado na “charge” onde dois empresários conversam defronte da fachada de uma fábrica que, afinal, é apenas um cenário que esconde um palacete: “Com os próximos fundos vou continuar o meu investimento”, diz um deles.
“Ganhei milhões com o Silva”, títulos nos jornais.
9ª – Os opositores são um bocado rançosos.
Mas haverá algo de mais datado que o Silva, que foi recusado há 10 anos (!).
Uma década atrás, não prestava, mas agora é ele que convém. A quem?
Isto é o que se chama “um passo de gigante a caminho da modernidade".
10ª – O último presidente da I República foi um algarvio que sobressaía pela sua grandeza.
Oitenta anos depois, não pode haver outro que destoa pela sua “parvidade” (de "parvus").
Algo está errado.
Espero que seja eu.
Silva por Silva, antes o Gomes da Silva
O link do artigo do JPP n está disponível on-line. No entanto, e confesso que me esqueci disto quando postei (foi um pouco à pressa), podem lê-lo no Abrupto, no dia 22/9.
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