quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Juízes, militares e polícias incomodados com reformas do Governo.

Hoje foi o arranque do novo ano judicial. Ao que parece não vai ser nada pacífico. No horizonte perfilam-se ameaças de greves dos juízes, magistrados do Ministério Público e dos funcionários judiciais. Depois de terem cumprido os últimos dois meses de férias de Verão. E um dos pontos mais controversos é, nem mais nem menos, a redução das férias judiciais de dois para um mês. Claro que também vai estar debaixo de fogo o congelamento da progressão nas carreiras e as alterações aos estatutos de aposentação e estatuto sócio-profissional. Estas mudanças fazem-lhes muito comichão pois não estão habituados a serem "incomodados".
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Esta onda de contestação no sector da Justiça surge pouco depois das Forças Armadas terem sido impedidas pelo Governo Civil de Lisboa de se manifestarem. Na origem do protesto também estava o aumento de anos de trabalho para a reforma e as alterações projectadas pelo Governo para o sistema de saúde das Forças Armadas.
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Mas, os profissionais das forças de segurança não desarmam e já está marcado para o próximo dia 22 de Setembro uma nova manifestação. De acordo com os sindicatos, pretendem alertar o Presidente Jorge Sampaio para as alterações feitas nos subsistemas de saúde, para o congelamento das carreiras profissionais e dos novos sistemas de aposentação ou reserva.
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Estes exemplos mostram que os interesses corporativos destes sectores, que se sentiam acima de tudo e de todos, se sentem incomodados quando alguma coisa muda. Para eles, os interesses de classe e individuais não podem ser beliscados. Mesmo que as restantes centenas de milhares de portugueses que trabalham para o Estado vejam as suas expectativas irem por água abaixo. Para eles, é algo que não lhes diz respeito.
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Embora se reconheça a especificidade de cada grupo, estas manifestações revelam algo de surrealista.
Dos sectores de onde vêm, estes exemplos são bastante maus.
Mas há uma lição a retirar desta história toda. Estes grupos que estiveram arredados dos cidadãos durante muitos anos, mas cuja obrigação é tratar todos os cidadãos como iguais, não admitem agora que possam ser tratados de forma igual aos restantes portugueses.
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* Da "qualidade" do desempenho das forças de segurança, eles não falam;
* Da "qualidade" do serviços que a justiça presta aos cidadãos, eles não falam;
* Do dolce fare niente existente no interior das Forças Armadas, com as chefias a serem remuneradas a peso de ouro, eles não nada dizem.

Quando se põe o dedo nestas feridas, acho bem. Porque incomoda muita gente que pensava estar acima de tudo e de todos.
E isso é um bom sinal. Para nós e para a democracia.

7 comentários:

Anónimo disse...

É possível numa democracia haver justiça.
Mas só havendo justiça é que se pode viver em democracia.

Anónimo disse...

Os organismos que o post refere são de facto diferentes dos restantes. Logo há que analisar caso a caso. É isto que o governo do PS não está a fazer. Não se pode juntar alhos com bugalhos. Somos todos iguais na diferença.

Anónimo disse...

É ultrajante a forma como a justiça, militares e forças de segurança são tratadas neste blog.

Se fossem vocês a arriscarem a vida gostaria de saber se pensariam da mesma forma.

Anónimo disse...

Uma provocação abjecta e malcheirosa.

Deve ser do(a) filho(a) de um juiz corrupto ou inepto,
do(a) sobrinho(a) de um coronel lateiro ou de um major barrigudo de tanto lutar para salvar a vida,
ou de um(a) cunhado(a) de um gnr feito com este e aquele, talvez até mancomunado com traficantes.

Estes senhores ainda não perceberam que se acabaram os almoços grátis.

Anónimo disse...

«Em Portugal a Lei e a Ordem fazem greve»
Título do "New York Times" e do "China Daily"

«Militares, juízes e polícias manifestam-se nas ruas de Lisboa».
Título do "Dagens Nyheter" de Estocolmo e do "Clarìn", de Buenos Aires.

Anónimo disse...

A propósito da forma ultrajante...
Registe-se que o André deve ser da PSP. O gajo adora polícias!

Anónimo disse...

Blogue socrático!