quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Sondagem: Cavaco pode bater Soares logo na primeira volta


Se as eleições fossem hoje Cavaco Silva poderia ganhar a corrida às presidenciais, logo na primeira volta.

Numa sondagem da Universidade Católica para a RTP e jornal Público, o ex-líder do PSD tem 49% das intenções de voto e Mário Soares fica-se pelos 32%. Esta diferença de 1%, podia dar a Cavaco a presidência da república de bandeja.

O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, fica com 11% das intenções de voto e Francisco Louçã, 7%.

Numa eventual segunda volta, a vitória de ex-líder laranja era esmagadora: 65% para Cavaco Silva e 36% para Mário Soares. Um diferença de quase 30%.

A sondagem mostra ainda que 36% dos inquiridos estão convencidos de que Cavaco será o vencedor e apenas 23% pensa que Soares regressará a Belém.

A sondagem foi realizada nos dias 6 e 7 de Setembro, através de 961 inquéritos telefónicos, a margem de erro é de 3,2%. A margem de confiança é de 95%.

12 comentários:

Anónimo disse...

Eu não sei se acredito nestas sondagens... E espero mesmo que elas não reflitam a realidade.

Anónimo disse...

( Oh Surfista, no break duma surfada aqui nas ilhas Marianas, temos mesmo que falar disto. Desculpe lá)


Os valores das sondagens são surpreendentes! Um país em crise, de cinto apertado, com a classe média a escaqueirar-se, foge a sete pés do Soares, o rei da liberdade e fraternidade. Pensa ele. Não há Rosa Mota que lhe valhe.
Espantoso como este povo destemido, antes quebrar que torcer, abre as portas ao Especialista-mor-do aperto-do-cinto, homem ríspido e sisudo, de seu nome Cavaco.

Será que este povo já não vai em ( Avô ) Cantigas?

André Carapinha disse...

Estive agora a analisar a sondagem e há alguns dados interessantes que tornam os resultados menos desanimadores para a Esquerda. P. ex., 56 % dos eleitores de Jerónimo e 27 % dos de Louçã afirmam que numa 2ª volta não irão votar. E 27 % dos eleitores Jerónimo e 45 % dos eleitores Louçã afirmam mesmo ir votar Cavaco. É evidente que estes números não irão ser reais. Na dramatização de uma 2ª volta a maior parte destes irão votar Soares, aliás os próprios partidos e candidatos irão apelar ao voto nesse sentido.
Além do mais, Soares acabou de chegar e só pode crescer, enquanto Cavaco, apesar de não se ter assumido, é evidente que é candidato há muito mais tempo (aliás, ainda há pouco, a questão resumia-se a descobrir o candidato da Esquerda disposto a perder, lembram-se?).
De qualquer modo, desconfio que a única coisa que o Professor precisa para começar a cair é abrir a boca. Ele bem o sabe, que não é parvo, e é por isso que permanece em silêncio. Infelizmente para ele, em democracia terá de fazer campanha eleitoral, e terá de debater com os outros (o que, verão, vai tentar reduzir ao mínimo).

Anónimo disse...

Para mim, a incógnita chama-se abstenção, pois é ela que vai decidir tudo.

Concordo com o André, quanto à dramatização da segunda volta, mas mesmo assim há muita gente que não vai votar. Para as pessoas, nenhum deles representa algo de novo, ou sequer, salvador da pátria.

Se há um cansaço e uma desilusão em relação à politica e aos politicos por parte do eleitorado, pode ser simbolizado nesses dois senhores. Há mais, é certo, mas estão fora das quatro linhas.

Pelo que me tenho apercebido, devido a esta depressão colectiva em que se vive, há muita gente que já se está nas tintas. Penso que a expressão "eles (políticos) são todos iguais" nunca esteve tão presente na cabeça das pessoas.

No entanto, ainda é muito cedo para avançar prognósticos baseados em sondagens ou projecções, uma vez que ainda não estão todos os players em campo. Mas, para começo, é mau.

Outro aspecto importante, são as autárquicas. Penso que a abstenção tb vai marcar pontos. E a desilusão tb. Está-se mesmo a ver que vai ter reflexos nas presidenciais.

Há coisas que não lembra ao diabo. Como é possível que as sondagens deêm vantagem ao Carmona Rodrigues, sendo ele o nº2 e também responsável oelo vazio que tomou conta de Lisboa? Pasme-se.

Bárbara a candidata, já! Ao menos, dá para descansar a vista.

Anyway. Let´s wait and see.

Anónimo disse...

As autárquicas e as presidenciais são duas faces da mesma moeda -- o sistema e não o regime, como alguns começam já a aventar, como bem lembrou André Carapinha há dias.

No anverso temos, por ordem decrescente em latitude: Ferreira Torres, Fátima Felgueiras, Valentim, Isabel Damasceno e Isaltino.
No reverso temos Silva e Soares.
Haverá melhor retrato do Estado da Nação.

Considero-me entre o optimista e o ingénuo, mas não sei se não iremos ganir até mais não.
Parecemos aqueles judeus que cantavam, tocavam e festejavam a caminho de Auschivitz porque lhes disseram que iam para um grande encontro judaico.

Anónimo disse...

zemari@

Então, nem uma palavra sobre a barbara, barbara, nunca é tarde nunca é demais...

(... já não me lembro mais desta música do Chico. Espero que o andré a post um destes dias.)

Só a Barbara pode mudar a paisagem. Porque o resto é o vazio, a náusea, a vertigem...

Anónimo disse...

Há mulheres de tanto pasto que até eunucam os homens.
E lá diz o outro: "muito riso, pouco siso".

Anónimo disse...

Rir, com a Barbara é perder tempo. Há tanta coisa importante a fazer primeiro...

Quanto ao facto de eunucar cada um fala por si.

O principal problema é do cabotino que ela tem ao lado. Mas, ninguém é perfeito.
Quem o for, que atire o primeiro rocket. A ele claro.

Anónimo disse...

Aqui vai a análise do Expresso de hoje, continuando na crista da onda do Surfista Prateado.
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Soares é fixe e Cavaco de confiar

Os portugueses preferiam ter Soares como chefe, mas entregariam as contas a Cavaco

OS PORTUGUESES acham que Mário Soares fez mais por Portugal do que Cavaco Silva, mas ouvem com mais atenção o professor de Finanças quando ele fala na televisão ou na rádio.

Numa sondagem EXPRESSO - SIC - Renascença / Eurosondagem realizada já depois de Soares ter anunciado a sua candidatura às presidenciais de 2006, o eleitorado revela ter opiniões muito definidas em relação ao candidato socialista e ao pré-candidato social-democrata - é quase insignificante o número de inquiridos que opta por não responder ou diz não saber o que responder às diferentes situações/questões de confronto entre Soares e Cavaco.

Quem preferiam ter como chefe no trabalho? Soares, seguramente. A quem emprestariam o carro? A Cavaco, que já provou que sabe fazer rodagens. A qual recorreriam como conselheiro de leitura? A Soares, tão obviamente quanto entregariam a organização das suas contas pessoais a Cavaco. E quem escolheriam para professor de um filho? Cavaco, definitivamente. Mas para um encontro à mesa, Soares é o eleito.

Curiosamente, Cavaco e Soares estão empatados neste jogo de preferências (4-4), que permite a leitura de que os portugueses reconhecem em Soares um bom companheiro e em Cavaco um homem de rigor. Qual dos dois perfis será o melhor para Belém, logo se verá.

Entre o eleitorado masculino e feminino não há grandes diferenças nas respostas às questões enunciadas, com uma excepção: se tivessem de escolher entre um e outro para chefe no trabalho, as mulheres escolheriam Cavaco Silva.

Em matéria de presidenciais, os portugueses acham que Cavaco devia avançar já com a candidatura, em vez de relegar o anúncio da sua decisão para depois das eleições autárquicas e acham que Manuel Alegre fez bem em não concorrer - e, para mais de um terço dos eleitores, o vice-presidente da Assembleia da República devia apoiar a candidatura de Mário Soares.

Quanto aos candidatos anunciados do PCP e do Bloco de Esquerda, são muito mais os que vaticinam a desistência de ambos a favor de Soares do que os que acreditam que irão até às urnas - embora seja mais generalizada a aposta na desistência do líder comunista, Jerónimo de Sousa, do que na do bloquista Francisco Louçã.

Anónimo disse...

Não se iludam com os números actuais.
O Soares, tenho que redizê-lo, é um animal(besta)político. Isto é, tem manhas e artimanhas que até enrodilham o opositor.
O jogo ainda vai no primerio "set" e nos outros dois (4/5 meses) ainda vamos ver muitos "ases" do Soares.

A questão é esta: conseguirá com tanto "armamento" criar uma vaga de fundo (talvez tenha de ser um "tsunami") de apoio a sua candidatura?
Sem ela até pode ser esturricado pelo Silva, embora eu preferisse o Emplastro.

Anónimo disse...

Um artigo muito interessante do Luís Miguel Viana, que vem no DN de hoje, domingo, sobre política e promiscuidade.
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A metalinguagem dos trafulhas

A entrevista de Avelino Ferreira Torres publicada no DN de sexta-feira é um exemplo muito curioso do alcance da metalinguagem. Manter permanentemente um discurso sobre outro discurso, falar sempre em segunda instância sem preocupações de adesão à realidade é um exercício complexo, elaborado, requer uma notável capacidade de abstracção e, claro, depende muito da capacidade pessoal.

Há dias, ao ver Jerónimo de Sousa anunciar que os camaradas dirigentes do partido tinham decidido que o candidato às presidenciais seria o camarada Jerónimo de Sousa, Eduardo Prado Coelho admirou-se de ele o ter feito sem se rir.

Ora, a entrevista de Avelino a Carlos Rodrigues Lima não é menos merecedora de admiração, sendo que Avelino, ao contrário de Jerónimo, se ri, e bastante. Mas isso, no caso dele, reforça o distanciamento em relação ao objecto do discurso e, de uma forma um pouco paradoxal, confere-lhe aceitabilidade os jogos aproximam as pessoas e, para além disso, é muito difícil argumentar contra o que nos faz rir.

Segundo o actual candidato a Amarante, os cheques que recebeu de empreiteiros e que foram depositados nas suas contas pessoais não são nem “luvas” pelas adjudicações e pagamentos que ele próprio lhes fez enquanto autarca, nem produto de uma extorsão por ele praticada ou lhe davam o cheque, ou ele na câmara adiava indefinidamente o pagamento da obra. O que se passava, afirma Avelino, é que todos os empreiteiros lhe pediram pessoalmente dinheiro emprestado e aproveitavam os pagamentos da Câmara do Marco de Canaveses para acertar contas com ele.

Dizia Roland Barthes que, por causa da sua própria estrutura, a línguagem implica uma relação fatal de alienação.

Ora, o que este caso tem de estimulante é demonstrar que a alienação perdura mesmo quando toda a gente dá conta dela. Ninguém acredita numa palavra do que diz Avelino, tal como ninguém acreditou na história do sobrinho de Isaltino Morais na Suíça, por exemplo.

O jogo, portanto, não é o da veracidade, muito menos da lisura ou honradez. É o do prazer, o do encanto do próprio jogo quando todas as mentiras irrompem sem decência geram-se solidariedades inesperadas.

É muito provável que os trafulhas voltem a ser reconduzidos pelos seus eleitores e que Isaltino, Valentim, Avelino, Fátima Felgueiras e muitos outros ganhem as eleições.

gin disse...

Se entregam as contas a Cavaco é porque têm memória curta ... eles bem que as escavacou enquanto foi ministro

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