sexta-feira, 9 de setembro de 2005

E se, de repente, alguém lhe desse música?

Com o mês de Setembro já na sua segunda semana, há que ganhar algum fôlego para continuar em frente. Depois dos incêndios e da silly season, temos de nos preparar para a queda da folha e dos pingos de chuva. Se não vierem, sempre temos o British Bar como alternativa. Portanto, eis algumas propostas sonoras, porque de poesia está o blogue cheio.
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Há quem diga que quem gosta de reggae prefere cannabis e a malta do ska vai mais para as anfetaminas. Este grupo é anterior a todas essas ondas. Gostavam era de cognac, que bebiam nos intervalos das suas actuações. Eram as famosas soirées nos hotéis, até altas horas da noite. Era o que estava a dar na época. São The Skatalites. É música jamaicana do início dos anos 60, que vai desde o ska-jazz instrumental ao rocksteady. Quem não os conhece ficará por certo surpreendido. Já passaram por cá. Completamente intemporal. Para dançar ou abanar o dedo, do pé ou da mão. Se gostar, seja rebelde. Mexa os dois.
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In the Heart of the Moon é um disco novo da dupla Ali Farka Touré & Toumani Diabaté, lançado este verão. É um disco instrumental, de dois músicos do Mali. O primeiro é um veterano e também é conhecido como o John Lee Hooker africano. Toumani Diabaté é mais novo. É um exímio tocador de kora, uma espécie de harpa, muito comum na costa ocidental de África. Um bom disco de música africana, dançável apenas mentalmente. Um chillout muito especial.
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Este é um oldie, but goldie. É um dos melhores discos dos Hawkwind, ainda com a formação inicial.Um dos álbuns mais tripados da época. Space Ritual é o paradigma do idealismo da contracultura que marcou os finais dos anos 60 e início dos anos 70. É um ábum ao vivo, gravado em Dezembro de 1972, que mostra toda a força da banda quando se apresentava em palco. E como estava tudo em altas vibes, por vezes até se esqueciam de parar de tocar. Coisas de freaks. Era um dos grupos preferidos das gangs dos ácidos da época. Também em Moçambique tinha o seu clube de fãns. O disco revela o seu som único, muito espacial, psicadélico e com garra. É raro nas lojas de discos mas encontra-se disponível nos melhores sites de música da net. For free!
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Por último, algo de novo, também lançado este verão. Stephen Malkmus, o antigo líder dos Pavement, aparece desta vez com Face the Truth, o seu terceiro disco a solo, desde a interrupção/separação do grupo. Malkmus cria definitivamente um espaço próprio na selva dos newcomers da cena indie. O seu background como cantor/compositor/guitarrista dos Pavement, deu-lhe créditos importantes na sua actual carreira. Para quem não sabe, os Pavement eram uma banda muito mimada pela imprensa inglesa e norte-americana da especialidade. Tenho a impressão que os mimos continuam. Mas o disco Face the Truth é bom. É um disco adulto, de um músico conhece o seu métier. Enfim, alguém que nos sabe dar música.

1 comentário:

André Carapinha disse...

Para os rockers do blogue não resisto a recomendar o melhor álbum rock do ano: "Howl", dos Black Rebel Motorcycle Club.

Ctrítica (fraquinha, não reconhece a genialidade do álbum, mas dá algumas pistas quanto à sonoridade) de D.P. no DN Online:

«Uma das bandas mais importantes do rock do século XXI, os Black Rebel Motorcycle Club, editam agora o seu terceiro disco, Howl, depois de dois discos em que a herança dos The Jesus and Mary Chain pesou. Mas como foram dois discos sem grandes alterações. a reinvenção era necessária. No novo disco, a banda percorre o caminho inverso que alguns dos seus aparentados americanos têm feito. Em vez de ir buscar inspiração a escolas britânicas dos anos 80, são encontradas soluções na tradição norte-americana dos blues com recurso quase exclusivo a guitarras acústicas, juntamente com o auxílio de pandeiretas e harmónicas. Um disco de reconstrução, com pontos de partida bem definidos e um caminho diferente mas, na mesma, apelativo»