O nosso Presidente esfalfou-se pelas terras da trindade Trimurti (Brahman, Xiva e Vixnu), saltante de hotel cinco estrelas em hotel cinco estrelas, de cidade em cidade, de bricabraque em bricabraque, de congresso em congresso. Conheceu tipos vitais para cornificar a economia do mundo numa ubérrima riqueza para todos. Cumprimentou empresários milagreiros capazes de tirar lucro das pedras. Conviveu com políticos experimentados em rentabilizar populações (o verdadeiro mafarrico de um economista ventilado das ideias é encontrar uma “população não-rentável”. Fecha o laptop e vai pregar para outra freguesia, porque os seus modelos económicos estão ao serviço do FMI, Banco Mundial e multinacionais. Onde há não lucro, não há business). O Presidente diamantizava Portugal por onde quer que passasse. A sua silhueta, olhos, mãos, cotovelos, boca diziam que existe um país sobreexcelente situado na longínqua Europa. Bom o para turismo cultural. Bem integrado na rede europeia dirigida aos viandantes atafulhados de divisas para gastar numa riquíssima oferta turística de igrejas, igrejas, igrejas, igrejas e… alguns castelos. Mas ainda melhor para o turismo das tacadas de golfe, querido dos endinheirados, os investidores poderiam vir tentar melhorar o seu handicap nos buracos portugueses. E, entrementes, criariam uns postos de trabalho.
Nesta altura do campeonato não somos esquisitos. Aceitamos todas as moedas. Não precisa ser o fiável dólar. Ariary, taka, ngultrum, kip servem, até peseta, se houvesse. Nem pedimos investimento na futurista tecnologia de ponta. Uma latoaria, uma parafusaria, uma pichelaria, um centro comercial chegam, desde que dê para picar o ponto, não somos picuinhas. Nem se discute ordenado. O alívio de voltar a ter patrão compensa ganhar apenas uns tostões no fim do mês. Depois pedimos empréstimo ao banco para comprar os objectos de primeira necessidade: televisor, Playstation, telemóvel, carro… Não se sabe se Cavaco Silva conseguiu atrair as almejadas rupias, se Portugal ficou no mapa mental indiano para férias, se não foi mais uma caça ao gambozino infraestrutural que dizem o país carecer. Só o passar de muita água debaixo da ponte o dirá.
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