segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

IV- Castoriadis: A Imaginação começa pela Sensibilidade

"Criação não significa indeterminação. É evidente que ela pressupõe uma certa indeterminação no " Ser ", no sentido em que aquilo que existe nunca exclui o aparecimento de novas determinações, de novas formas. Por outras palavras: aquilo que é, não se encontra encerrado, do ponto de vista mais essencial; o que é, permanece aberto, é também um 'vir a ser'. Por outro lado, a criação não significa, contudo, indeterminação, pois ela consiste precisamente no posicionamento de novas determinações".

" Uma forma, um eidos, como teria dito Platão, significa um conjunto de determinações, de possíveis e de impossíveis definíveis a partir do momento em que a forma é dada; posicionamento de novas e de outras determinações, irredutíveis relativamente ao que já lá existia, e a partir, impossíveis de deduzir ou de produzir. Sócrates não é Sócrates por ser indeterminado, mas por aquilo que ele determina através do que diz e do que faz, por aquilo que é e faz ser, pela maneira como morre e pelo tipo de indivíduo que encarna e que antes não tinha existido".

" De modo ainda mais radical, tal como o vislumbraram certos filósofos (Aristóteles, Kant, Fichte), embora isso continue a ser sempre ocultado, a imaginação é aquilo que nos permite criar um mundo, isto é, de nos apresentarmos perante qualquer coisa, acerca da qual, sem a imaginação, nada saberíamos ou poderíamos dizer. A imaginação começa com a sensibilidade, manifesta-se nos seus dados mais elementares ".

In "A ascensão da insignificância", págs.127/8. Edt. Bizâncio. Lisboa

FAR

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