sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

V: Castoriadis: A unidade do processo económico

" O processo económico forma uma unidade, de que não podemos separar artificialmente as fases, nem na realidade, nem na teoria. Produção, repartição, troca e consumo constituem as partes integrantes e inseparáveis de um processo singular, momentos que se implicam, na produção e também na reprodução do capital. Deste modo, se a produção, no seu sentido restrito, é o centro do processo económico, não se pode esquecer que, na produção capitalista, a troca é parte integrante da relação produtiva - por um lado, porque essa relação é de imediato compra e venda da força de trabalho, e porque implica a compra pelo capitalista dos meios de produção necessários; por outro, porque as leis de produção capitalista se afirmam coercitivas através do mercado, da concorrência e da circulação - numa palavra a troca. (A troca é um acto incluído na produção ou é determinada por ela, in K Marx, Crítica da Economia Política)".

" E acrescente-se a isso que a troca e o consumo não são factores de per-si determinantes. E o mesmo se passa em relação à distribuição enquanto distribuição de produtos. Mas enquanto distribuição dos agentes de produção, ela própria é um dos momentos da produção. Uma produção determinada implica pois o consumo, uma distribuição, uma troca determinada, e organiza igualmente as relações recíprocas determinadas por esses diferentes momentos. De facto, a produção, ela também, sob a sua forma exclusiva, é, por seu turno, determinada por outros factores. Por exemplo quando o mercado, isto é a esfera da troca, aumenta, o volume da produção cresce e introduz uma divisão mais profunda. Uma transformação da distribuição desencadeia uma transformação da produção ".

"Ricardo, para quem era importante conceber a produção moderna na sua estrutura social determinada e que é o economista da produção por excelência, afirma por essa razão que não é a produção mas a distribuição que constitui a matéria verdadeira da economia política moderna: De onde o absurdo cometidos por certos economistas que tratam da produção como se se tratasse de uma verdade eterna, enquanto releguam a história no domínio da distribuição. A repartição clara do produto em salário e mais-valia forma a base da acumulação capitalista, que reproduz constantemente numa escala superior e mais ampla a distribuição capitalista das condições de produção e o próprio modo de produção ".

In C. Castoriadis. La société bureaucratique, págs. 205/245. Edt. 10/18. France

FAR

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