Uma entrevista de Francis Fukuyama ao Le Monde e um artigo da Newsweek dão-nos novas chaves de interpretação sobre a Guerra no Iraque
" O objectivo escondido (e não declarado) do plano anunciado por George Bush é de tentar destruir o clã Moqtada Al-Sadr. O problema é que este grupo representa talvez a comunidade mais forte do Iraque. É difícil combater militarmente uma força que representa uma grande parte da população".
" Apesar dos resultados eleitorais, nos EUA, e das críticas dirigidas contra a administração, existe uma incapacidade a reconhecer a realidade tal qual é".
" O que afirmam agora um certo número de neoconservadores - "a ideia era boa, só que a execução foi péssima - tem um certo fundo de verdade. A execução foi com certeza muito mal gerida, mas penso que o conceito essencial estava também errado: A coisa que mais me revolta, é que, em relação ao Líbano e ao Irão, a mesma forma de pensar ainda permanece como válida, na ausência de toda a reflexão sobre as lições do Iraque. Os neoconservadores propõem o bombardeamento das plataformas nucleares iranianas: isso é simplesmente uma loucura ".
Ler aqui entrevista de Fukuyama ao Le Monde
" Se se contar a euforia inicial de Bush na plataforma de um porta-aviões a ufanar-se que os combates já estavam quase a terminar, este plano de agora é o quinto desenrolado para tentar conseguir a vitória. É pior do que os anteriores, diz Matt Benett of Third Way, um membro Democrático centrista. Para ter o mínimo de sucesso, o plano determina que o primeiro-ministro Maliki rompa com o seu protector, Moqtada al-Sadr, cujas milícias são mais fortes do que o exército iraquiano. A possibilidade é tão remota que alguns analistas denotam no reforço de tropas proposto por Bush, como que o início de um plano de retirada. Se o Pm iraquiano falhar na " limpeza " do seu exército, Bush pode fazer crer que as autoridades iraquianas estão enfraquecidas, sem orientação e corruptas; e então iniciar a retirada das tropas norte-americanas. O antigo conselheiro de segurança de Carter, Zbigniew Brzeznski, etiqueta este cenário de " censura e fuga " ".
Ler aqui artigo de Eleanor Clift na Newsweek
F. A. Ribeiro
5 comentários:
Neste blogue só se remove spam.
É muito difícil distinguir spam de doutas opiniões. Eduardo Lourenço não é spam sobre um mítico povo? Ou Carrilho não é filosofia spam do galo de Barcelos?
Desde que o Iraque não venha para Portugal está tudo bem. Continuo a defender a barbárie contra a intelectualidade e os analistas da “realidade”. Como tinha prometido uma citação apropriada de um intelectual de gabarito aqui vai Wittgenstein em francês e tudo : « après avoir vu ceci et cela, après avoir entendu ceci et cela, il est hors d’état de douter que… ».
Táxi Pluvioso: Vamos avancar? O tempo não parece estar... para brincadeiras. A não ser que seja por causa do calendário do Carnaval, a aproximar-se. O Wittgenstein está traduzido em português, pelo MS Lourenço, que andou descalço na Faculdade de Letras, logo apòs o 25/4. Conheci o Carlos Bandeira de Lima, que fez tese em Louvaina sobre a Semananlyse, Linguística e Filosofia, que era colega dele. Infelizmente morreu " exilado " no Porto, o Carlos B. Lima, que morou em Nafarros com a família numa moradia, a cem metros da casa do M.Soares, de quem as más línguas diziam da Maria Barroso que " ia de casaco de Vison " para a tasca da esquina. Como era linda Sintra, como se comia bem no Penedo ou no Saraiva, com presunto de Mirandela e queijo saloio puro. Depois, os neo-liberais à portuguesa fizeram da Várzea um eldorado a preços mortais. E havia muito fuminho e o Branco de Colares, sempre a propósito...
Meu caro, Salut! FAR
Para onde nunca deveria ter saído. Para as fronteiras pré-coloniais. Viva o Curdistão Livre.
Graças ao Manuel Lourenço fiz a cadeira de Lógica sem nunca ter posto os butes na sala de aula. Segundo me contaram ele chegou a dar umas aulitas no início do ano lectivo. Entrava na sala e começava a escrever fórmulas no quadro. Ninguém percebia nada. E ele desistiu. Parece-me que ele andou a traduzir a Crítica da Razão Pura para a Gulbenkian. A propósito gostei imenso de ver como os portugueses acorreram para snifar (escrevo snifar porque parece que cria habituação) cultura. Três horas numa bicha para ver Souza-Cardoso é obra. Algum dia teremos que agradecer ao Santa Rita por ter queimado os seus quadros para nos poupar nas varizes.
E o Fukuyama ainda está vivo? Pensei que ele tivesse morrido no seu Fim da História depois da democracia liberal se ter espalhado pelo mundo e… lua. É bom saber que não é ele o último homem. Temia que o Marco Ferreri lhe filmasse a agonia do desfecho.
Estamos quase em Fevereiro e ainda não começou uma guerra isso sim é preocupante. Dá ritmo aos telejornais e espevita conhecimentos e deontologia dos nossos “jornalistas”. Marshall MacLuhan enganou-se (que o imediatismo dos Media tornaria as guerras mais difíceis de fazer). Zbigniew Brzezinski venceu! A América é a única potencial global, e por isso, sabe o que é melhor para nós. Sobretudo para os patetas dos europeus. Veja-se a miséria intelectual dos franceses. É caso para pensar que afinal deveram alguma “grandiosidade” histórica aos “cons” suíços. O «con » Jean-Jacques Rousseau e o « con » Jean-Luc Goddard. Les cons suisses quem diria que as paredes de Maio 68 tinham razão?
Termino com as palavras ajuizadas de Johnny Rotten: “I don’t know what I want / but I know how to get it”. Que no futuro o fogo heraclitiano nos envolva.
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