


É um bar com retoques ingleses dirigido a apreciadores de cerveja. Situado em pleno Cais do Sodré, está aberto até às duas da manhã. Oscila entre o muito cheio e o ar aluado do empregado que serve às mesas. Nestas, o tempo de espera é imprevisível. Mas o ambiente não deixa de ser acolhedor, principalmente por causa da malta e do malte. Desde o principio do século que o British Bar está de portas abertas. Por ali passaram muitas histórias de faca e alguidar, contrabandistas, espiões falidos, candidatas a Mata Hari e cineastas à procura da hora certa. Hoje a saudade não é um dos pontos fortes da clientela, que oscila entre a meia-idade e a idade-meia. O que quer dizer que alguns proto-punks já podem entrar. Há empregados, desempregados e mal-empregados. O conflito entre os três grupos varia consoante a espuma dos dias e a trajectória dos fumos. As mulheres que frequentam o espaço, ou que apenas por lá passam, são sempre vistas com muito carinho. É definitivamente um lugar women friendly. A política e o futebol são temas obrigatórios, mas as referências a vidas passadas em terras distantes são sempre temas recorrentes. O cheiro a caril, ao sentir da festa e da maresia, são muitas vezes pontos prévios da agenda diária. Maputo, Paris, Suécia e o jornal El País são citados com alguma frequência. Por vezes Wittenstein é usado como fundamento para uma boa discussão, e outras vezes como arma de arremesso no bar concorrente do outro lado da rua, o Americano. Um último destaque para a cerveja. É boa, têm boas marcas e vem sempre bem gelada. Um grande Hare Krishna para vocês.
5 comentários:
Depois destes três posts (este e os dois anteriores) e respectivos comentários até se fica orgulhoso por se pertencer, de certa forma, a este bolg.
São encantamentos destes que amenizam as minhas desilusões leoninas.
Um grande bar!, durante anos era lá que ia beber 'Guinness', até que, em 96, o Connor abriu, finalmente!, o O'Gillens's: SLAINTE!!, IO.
Um beijinho grande para ti, António!
Muito bonito este teu texto. Aquele abraço!
Há uma coisa no British que faz com que se não distinga de qualquer boteco: Não se consegue beber um copo de vinho. Mereciamos vinho de qualidade a copo. Aquela mistela que lá servem é um insulto a Portugal e às pessoas de bom gosto que não gostam de fermentado de cevada.
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