«A derrapagem inacreditável numa barbárie medieval já começou»
O NY Times deste fim de semana contém um artigo de fundo de um dos mais consagrados e escutados jornalistas da actualidade. Friedman apela com o sentido dramático da emergência para a formação de um governo de Unidade nacional tripartido, por forma a ser evitada a guerra civil inter-étnica e confessional. A situação descontrolada já vivida nos bairros sunitas da capital, fazem prever o pior." A confusão conflituosa entre os americanos, o exército iraquiano e o Ministério do Interior está a criar um clima onde as pessoas deixaram de acreditar no dispositivo de segurança, não distinguindo se estão garantidos ou ameaçados por amigos, inimigos, terroristas ou por simples criminosos ou ladrões. Toda a gente usa os mesmos uniformes", refere ,citando um blogue de um colega em Bagdad, AndrewSullivan .E o fundista vai mais longe e sintetiza:"A comunidade shiita tem demonstrado um notável sangue-frio perante as provocações mortíferas dos gangs islâmico-nihilistas durante os três últimos anos. Mas a paciência tem limites. Tornou-se agora evidente que algumas milícias sunitas estão dispostas a combater os sunitas-nihilistas,taco-a-taco e mortalmente.Portanto,a derrapagem inacreditável numa barbárie medieval já começou ".
FAR
18 comentários:
Era previsível, não? E tanto faz a Condy correr em alvoroço para lá, pedindo encarecidamente, que constituam um governo que respeite o resultado das eleições, como o Straw mostrar-se ansioso. A barbárie instalou-se, quando os tanques dos "iluminados" entraram em Bagdad. Só os idiotas rejubilaram e cantaram vitória com o derrube {que diga-se de passagem já prenunciava o improviso e a inoperância} da estátua do Saddam. Bem podem fazer discursos a negar a evidência. A guerra civil está lá. Todas as guerras são bárbaras, mas nas guerras civis a barbárie atinge o zénite.
E quantos mortos não brancos já houve desde o derrube da estátua? Quantos mais vão haver? O meu racismo subtil europeu importa-se com isto. Apesar de serem não brancos.
jota esse erre
Não estou nem aí.
Nunca se pode fazer uma análise partindo dessas premissas. Como é óbvio cai-se nas conclusões erradas.
A questão é política e não racial, como fazem os americanos, para quem, por exemplo, a vida de um judeu vale por 20 palestinianos.
A tese americana está falida, e já nem por aí se safa. Aliás na Europa "branca" não resultou a não ser através dos poucos chefes de governos que apoiaram Bush, que apenas prestaram vassalagem a um NERD.
Como se veio a comprovar.
O NY Times de hoje anuncia que altos comandos do exército norte-americano encaram a hipótese de simular a vitória por um rápido abandono do Irak. Acrescentando que o Congresso receia examinar as deliberacoes de Bush, temendo a inconstitucionalidade da prática de escutas contra a presidência." Bush sonhou que a libertacao do Irak iria mudar a dinâmica do Médio Oriente, mas agora muitos americanos parecem mais interessados, em quando e como é
que os EUA saem de lá", diz o matutino novaiorquino.De qualquer dos modos, com os graves incidentes na Turquia, de cariz étnico, desconhece-se o poder de improvisacao da máquina-de-guerra yankee para dar um pulo para fora do pântano insustentável do triângulo de morte anunciada. Irak/Irao e Pakistao. FAR
Simulam a vitória fugindo? Quem é o autor da ideia? Está a escrever algum ensaio sobre novas formas de ganhar uma guerra?
Maloud: há muitos politicos e militares americanos que afirmam convictamente que venceram a guerra do Vietname,que a fuga estava premeditada.
Contudo ainda não tenho uma resposta para uma decisão essencial: porque é que os americanos despediram as FA e Policia fardados e armados? Na História isto nunca se fez, nem Lenine cometeu um erro destes! As policias ficam sempre,se não é a bandalheira total, aliás o que está à vista.
A ideia é genial, maquiavélica e hard-liner: só que o N.Y Times omite o nome da alta patente.Mas dá bem a ideia do désarroi dos bushistas, agora que Fukuyama incensa os neo-cons... para poderem servir com a Hillary( in Le Monde).
Sobre a polícia iraniana: Saddam
usava mais a Guarda pretoriana de índole militar, como sabem. E 30 e tal anos de regime de partido único deixa muitas sequelas; e nao existiam anti-corpos para evitar o que está a acontecer...O que parece,segundo o vespertino francês, é que os servicos secretos iranianos infiltraram todo o aparelho de Estado, em especial o Ministério do Interior, apòs a posse do governo de transicao e instável em Bagdad.FAR
Uma coisa é o que eles afirmam, outra é o que nós vimos. Aquela cena dos helicópeteros na embaixada em Saigão é patética. Se aquilo foi premeditado é de génio. O mundo ensandeceu de vez. É o salve-se quem puder.
A barbárie medieval sempre existiu no Iraque. Não foi instalada pelos tanques americanos, como maloud aqui comentou. Sou a favor da retirada dos americanos do Iraque, mas também estou com uma curiosidade enorme em saber quem é que vai ocupar o lugar dos marines. Muita curiosidade...,porque as maiores reservas de petróleo do mundo, não vão ficar entregues à barbárie. Há muitos candidatos que vão dizer que a "minha ocupação é melh
Lembram-se da fantástica e fatal catilinária do VPV sobre a " facilidade " dos blogues, escola de vícios e passatempo? Ora, nós apostamos num diálogo plural com informacao e análise de pontos de vista de historiadores, políticos e ensaistas. Cada um joga com o que quer e pode, mas há escalas de valores e sentido de interpretacao. Caso contrário, parece que é um diálogo de surdos. Urge trabalhar,fundamentar as posicoes e descobrir pistas de interpretacao credíveis e democráticas,claro. FAR
Ah! Eu não estou a favor da retirada dos americanos do Iraque. Quem potenciou a "barbárie que sempre existiu" a quem estavam entregues "as maiores reservas de petróleo do mundo", deve arranjar solução. E a solução não pode ser porque fugimos, ganhamos. Ou então fugimos, porque ganhámos. Se for assim, aquilo é a barbárie sem rei nem roque à nossa porta. Confesso, que este cenário não me desperta grande curiosidade. Desperta-me uma grande preocupação.
Estamos a discutir hipóteses e teses académicas...Se bem me parece! A administracao Bush tem que arranjar uma solucao:sair honrosamente porque os 18 meses de Mister president, a promessa, estao a chegar ao fim. E o que se vê ? Bush está em queda livre nas sondagens e a opiniao pública quer uma decisao. Que nao pode ser muito brusca, nem descabelada... É a Rota do Petróleo que está em jogo. A China, a Rússia, o Japao seguem atentamente o xadrez lancinante da insurreicao civil e gangsterizada do Iraque, fonte ou parceiro ideal para jogar em estratégias de poder regional ou mundial.O que surge, de facto,de imediato é a insustentável decadência política e militar dos EUA. Os coriféus do Partido Democrático aliados a uma Europa maioritáriamente social-democrata têm chances de inverter a psicopatia do triunvirato responsável pela ocupacao do Iraque? E por que preco irao pagar tal dislate e ambicao sem limites deixado como heranca? Kissinger e os antigos conselheiros de Clinton têm boas teses sobre a provável evolucao do drama, mas há muitos aliados também com graves problemas internos, caso do Pakistao,do Egipto e agora da Turquia. FAR
Em honra de Maloud: portista, charmeuse e francófona-até-à medula:
Nao se detenha,Maloud. E tenha presente esta máxima de Nietzsche :" Quanto mais subimos, nos elevamos,mais damos a ilusao de sermos pequenos em face daqueles que nao sabem voar".Avanti, FAR
Deixando de lado os adjectivos com que a minha visão foi mimoseada, porque não fazem o meu estilo, pelos vistos será o que os americanos querem. A invasão do Iraque fez-se para corrigir os erros históricos de políticas coloniais míopes e injustas e criar um Curdistão livre e democrático, fazendo a delícia dos estrategas. Uma espécie de protectorado, digo eu. Em linguagem por todos perceptível, teremos os curdos cheios de petróleo, gratos aos americanos que finalmente lhes proporcionaram a oportunidade de conquistar uma pátria. A isto eu chamo colionalismo encapotado. Substitui-se a antiga potência colonial, que ingenuamente embarcou na auto-correcção da sua política colonial, por uma nova mais eficaz e supremamente justa. Em cima da mesa, no fim, só estará o petróleo. O que resta não é senão um meio de lá chegar. E os povos continuarão a dormir. Mas como a História não pára, um dia acordarão e corrigir-se-á mais um grande erro histórico.
O Intolerável- Andam faunos pelas páginas deste blogue. A fazer a apologia do racismo e do anti-semitismo.Isso sáo crimes contra a Humanidade. Hoje, a História mais avancada, dá como certa a tese de que a civilizacao hebraica, a Biblia, foi tao ou mais importante do que a heranca greco-latina, na génese da Civilizacao Ocidental. FAR
Depois deste seismo sobre a presenca de antisemitas no interior da blosfera nacional,o combate continua. Em cima da hora, o preco das armas no mercado livre de Bagdad- a democracia nao pode ser selectiva - aumentou de 150% por cento em média depois do ataque à semanas contra a Mesquita de Samarra. Quem aposta no sangue, tem aqui a prova real de que tudo pode acontecer, quando nao existe o mínimo de regras comuns. FAR
Brzesinski critica extravagantes aventuras de Bush-A cena política americana é atravessada por um longo debate entre os partidários do fomento dos Direitos Humanos e os últimos bushistas que se agarram aos destrocos da " guerra preventiva". Há meia dúzia de publicacoes, dois jornais isentos e uma miríade de canais de TV que canalizam análises dos Institutos Políticos que colaboram na definicao de estratégias partidárias. Foram nesses " think-tanks ", que surgiram os neo-cons e seus abecenragens e emiáticos divulgadores.
Políticos e analistas como Brzezinski, democrata, manifestam-se contra a miragem do fomento democrático associado a intervencao militar inerente. A chegada ao poder do Hamas é um bom exemplo do falhanco da democratizacao imposta", ou, outro la exemplo, com o vazio do poder no Iraque ". E frisa: " Realpolitik é talvez menos romântica, mas liberta a América de extravagantes aventuras que custam muito dinheiro e sangue ".FAR
Corrigenda: ... o outro exemplo do falhanco da estratégia bushista é o actual vazio de poder no Iraque. FAR
Enviar um comentário