Passam hoje 20 anos sobre o maior desastre da história numa central nuclear. A explosão de um reactor em Chernobyl, em 1986, libertou uma nuvem radioactiva que continua a fazer vítimas ainda hoje. Só nos dez dias que se seguiram à explosão, foi libertada radioactividade equivalente a mais de 200 bombas de Hiroxima. A União Soviética só 48 horas depois da tragédia é que assumiu a escala do desastre. No entanto, não avisou as populações que viviam na região dos perigos que corriam. As notícias só chegaram através das estações de rádio estrangeiras, que se ouviam às escondidas. Esse desleixo causou milhares de vítimas, não se conhecendo até aos dias de hoje os números exactos. A Ucrânia fala em cinco milhões de pessoas afectadas, a ONU aponta para 4.000 mortes por cancro e a Greenpeace sobe a fasquia para as 93 mil mortes por cancro. Um estudo científico britânico recente aponta para um total de mortes situado entre os 30 mil e 60 mil. Mas como se pode constatar, a falta de exactidão continua.Esta reflexão sobre a tragédia de Chernobyl chega numa altura em que a opção nuclear volta à agenda dos executivos de vários países. A extrema dependência das economias mundiais do petróleo é a principal razão apresentada. Consensual parece ser a aposta nas energias limpas, mas ao nível da investigação. Mas ainda não são consideradas alternativas ao nuclear, pelo menos a médio prazo, por não estarem ainda suficientemente desenvolvidas. Por isso, o debate sobre o nuclear volta de novo às agendas, e os prós e os contra já se começaram a fazer ouvir. A subida de tom na discussão não deverá demorar muito, pois a escalada do preço do petróleo vai obrigar os governos a tomarem medidas, cuja orientação é fácil de advinhar.
4 comentários:
Este é de facto um assunto muito preocupante, embora este pequeno país continua preocupado com as suas pequenas questínculas. O que é pena, porque mais cedo ou mais tarde haverá um governo que não resiste à tentação de avançar para o nuclear.
Tá-se mesmo a ver: petróleo alto, crise instalada, opinião pública vergada aos números da crise e a solução nuclear a surgir, agora como uma alternativa segura.
Depois é só assinar por baixo, quando surgir o referendo...
Luis M.
Eu gostava que este assunto fosse discutido, sem parti-pris e sem os habituais clichés.
Se me permitissem deixava a seginte questão: é mais perigosa uma central nuclear portuguesa, que uma espanhola situada perto da fronteira? É que elas existem, não é verdade?
As radiações de Chernobil chegaram à Europa ocidental e são milhares de quilómetros.
Em termos de segurança, nós já estamos debaixo da (má) influencia das centrais espanholas há muito tempo. Caso algo corra mal, estamos literalmente fritos.
A mim tanto se me dá. O risco começa logo de manhã em casa e agrava-se qd saio para a rua. Todos os dias. Ninguém constrói centrais nucleares para prejudicar as pessoas.
Até uma faca que se compra no supermercado tem riscos para quem a manuseia.
Eu aprovo, porque representa menos dependencia do petróleo.
Enviar um comentário