segunda-feira, 17 de abril de 2006

Documento-pesquisa de Franz-Olivier Giesbert marca data

Duelo Villepin-Sarkosi ensanguenta final de mandato de Chirac


O tonitruante F-O Giesbert acaba de publicar um documento-pesquisa sobre os 20 anos de vida política de Jacques Chirac-" La tragedie du president - Scènes de la vie politique 1986/2006", Edit. Flammarion. O feroz e heterodoxo jornalista pariseense - coqueluche nos anos 70 do Nouvel.Obs e hoje director do Le Point-revela e narra pormenores caústicos do trajecto político de Chirac, desde o início da sua primeira coabitação com Mitterrand até ao final do traumatizante reinado, a poucos meses do seu términus.

O duelo Villepin-Sarkosi ganha novos contornos e é alvo de uma análise estrutural desassombrada.Chirac é "o pai e tutor" dos seus herdeiros desavindos e ambiciosos, que travam uma luta de vida e de morte pela conquista do poder." Sem dúvida, ele foi com Mitterrand um dos maiores mentirosos da V° República ", aponta F-O.Giesbert logo no início para enquadrar o personagem que, adianta," viu a conduzir bêbado e a cantarolar em russo, Les bateliers du Volga, na Côte d´Azur, e mesmo quase ébrio nos Champs-Elysees "...

" Há uma maldição Chirac , escreve na pág.5. " É preciso que ele não cesse de correr, porque foge de qualquer coisa. Um vazio, uma angústia, não sei o quê. Ele sente-se muito mal na sua pele para ficar parado( relata V.G. d´Estaing ao jornalista) ". E FO-Giesbert acutilante estigmatiza: "A vários títulos, Chirac assemelha-se ao duque de Orleans retratado por Saint-Simon: Uma das infelicidades deste príncipe foi o de ser incapaz de dar seguimento a um projecto...".

Giesbert arquivou mais de vinte anos de diálogos e confissões com Chirac e todos os tenores da classe política francesa. O livro de 406 páginas acumula ,pois, milhares de dados e reflexões políticas, mundanas e canalhas... de alto nível. Trata-se de um instrumento para profissionais e amantes da vida política francesa. O jornalista desdobrou os factos com análises políticas e uma perfomance extraordinária: Sem fretes nem golpes sujos, no entanto. Se bem que, se insinue subtilmente uma certa afeição pela teoria da ruptura " incarnada por Nicolas Paul Stéphane Sarközy de Nagy-Bocsa, herdeiro da realeza húngara exilada em Neuilly nos anos cinquenta.

Sobre Dominique de Villepin, F-O. Giesbert não hesita em o tratar de " espião sagaz " e de" aldabrão -de -feira", revelando o contéudo deste desabafo do actual PM feito há nove anos atràs: " O presidente não me pode mandar embora. Jamais. Introduziu-me no âmago de todo o sistema. Sei muitas coisas. Ora ,tornar-me-ia uma bomba ao retardador se fosse posto fora ". A separação do casal Cecília/Nicolas Sarkosi e a tentativa de envolvimento do ministro de Estado e do Interior no escândalo Cairstream suscitam também a maior das perplexidades...

Em contraponto, sobre Nicolas Sarkosy, o retrato- sucessivamente elaborado e diversificado igualmente dezenas de vezes- contém pérolas deste jaez:Jerôme Monod, amigo e cúmplice de Chirac desde a adolescência, observa que, " se Chirac o descobriu, Sarko nunca foi um dos seus acólitos. Fez-se só como um grande político,à força de pulso.(...)Ele nunca suportou os métodos de trabalho de Chirac".

FAR

9 comentários:

Anónimo disse...

Adenda: O perfil de Villepin é muito carregado e revela todo o vernáculo do actual PM,marcado à linha pelo Franz-Olivier Giesbert.Com todas as grandes " bocas" escatológicas do senhor escarapachadas, filho de um gestor internacional(hoje senador...) da Saint-Gobain(Vidro). Já Sollers, outra personagem do Tout-Paris de alta rotacao, diz que o Dominique fala muito... de baise. Demasiado,percebem? O banco luxemburguês é o Clairstream,onde navega um mega-processo de corrupcao internacional das élites mundiais, onde aparecem também alguns gestores portugueses, claro.
Nao foi por acaso que Chirac deu o Ministério do Interior ( Polícias) a Villepin, no derradeiro governo de Raffarin,roído-até-à corda pelo sucessor...Villepin.
Venha o diabo que escolha:prefiro o Villepin, que anda a escrever uma monumental História de Franca.Os político portugueses parecem anoes em comparacao com este duetto suicida!!!Trata-se de um grande livro, de muita qualidade e muito bem trabalhado: a rede conceptual funciona e é muito precisa e rigorosa, ampla e de efeitos devastadores. As contas de governacao do Chirac-clan( pai, mae e filha assessora, que já vai a caminho do terceiro casamento...)sao astronómicas: em 11 anos de Elysèe subiram cerca de 900% atingindo os 40 milhoes de Euros/ano... FAR

maloud disse...

O que sempre me atraiu nos livros sobre os políticos franceses foi o lado romanesco. Quase todas elas podiam perfeitamente ser personagens de romance.

Anónimo disse...

Maloud e todos em geral- O sindroma das férias pascais provocou ( está provocando) sinais de menor empertigamento. È o stress que faz-das-suas sem nos darmos por elas(...ou por eles). Bem, adiante.O livro do F-O Giesbert é um romance... mas de horror. A Simone Weil confessa mesmo que a Direita vive da Raiva...O Giscard´Estaing ,que sonhou ser PM de Mitterrand, diz alto e bom som que" o Villepin se autonomeou PM "; e este revelou que " violou Chirac " e diz que Sarkosi " perdendo a esposa, fica sem a possibilidade de guardar a doce France". Cada parágrafo dá uma manchete... Nao percam. FAR

Anónimo disse...

Meu
Esse tipo é de direita e um feroz apoiante de Nicolas Sarkosy à presidência da República.
Afinal de que lado estás?

Anónimo disse...

Anónimo das 7.36 AM- Detesto a esperteza saloia dos amanuenses que se divertem a abrir as portas abertas. F-O. Giesbert nasceu na esquerda, foi estimulado pela crème-de-la-crème dos socialistas e depois tornou-se independente.Dirige uma revista do dono da FNAC, o Le Point, onde escreve o clan de Bernard-Henri Lévy, em peso. No Olimpo do "tout-Paris " mediático-político , os rótulos nao querem dizer nada. Como se classificam o Alain Duhamel, o J-P- Elkabach ou o apresentador de JT da TF-1 , P.P.D´Arvor, hoje? Com muitas cautelas e com a liberdade própria dos jogos-do-poder, claro. O mesmo, apesar de tudo, se passa(ou) com o Vicente J. Silva, que foi deputado socialista e bateu a porta depois... com estrondo, ao seu nível. O Livro é muito bom,
ao estilo americano ,exaustivo, vivido e trabalhado por dentro. Parece que ele apoia o Sarkosi: falta muita água passar sob as pontes do Sena... Do mesmo género, nos seus tempos auréos , houve a supremacia de André Bercoff, um dos maiores jornalistas franceses dos anos 80, que escrevia em vários patamares ideológicos. Para acabar, as análises políticas do documento do F-O. Giesbert citam e reiteram as dos comentadores políticos determinantes da troika mediática de centro-esquerda nos média, o triângulo Libération- Le Monde e Le Nouvel Observateur. Tenho dito. FAR

Anónimo disse...

Meu
FOG é por demais conhecido para toda essa atitude de descoberta. O livro best-seller aqui em França, baseou-se nas revelações confidencias, em OFF, de Chirac ao longo de 20 anos. Ele considera que Chirac "mentiu muito, enganou muito e matou muito".
Ninguém duvida das capacipades de FOG, só que o livro vem na altura politica certa para impulsionar Sarkozy. Em política nada é inocente e nesta altura há que escarafunchar bem no cadáver Chirac. Para quê? Neste caso, 2+2 não é igual a 5.
Guarda os insultos para ti. Com essa atitude mais pareces querer ser o grande educador da classe operária. Já não se usa.

Anónimo disse...

O FOG trabalha/dirige o magazine do Pinault, um dos amigos restantes de Chirac;e o PR francês nao pode ver nem enxergar Sarkosi e instrumentalizou Villepin para lhe " fazer a folha".Esta a estória em poucas linhas do livro e da celeuma que provoca. O sr. anónimo sabe tanto- pela rama e depois de eu ter tudo dito...- entao por que é que nao escreveu um artigo? Andar à nora, em volta ,a repetir lugares comuns nao vale. O VPV tinha razao, dia-a-dia se confirma. Porquê? O que interessa é o caudal de informacao novo a descobrir. Se nao existe ou é raro, mau e fraco: sem perspectiva histórica nem estratégia, vale mais ficar(-se) caladinho. FAR

Anónimo disse...

FAR
Às vezes "é melhor ficar calado, para não dizer asneiras", dizia Chui Lin.
Eu subscrevo.

Um outro anónimo.

Anónimo disse...

Estou à espera que a Dr.a Maloud acabe de ler o livro. FAR