terça-feira, 25 de abril de 2006


Desenho de Luís Ralha

Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros
que trago na cabeça?

Eis a grande raiva!
Misturem-na com rosas
e chamem-lhe vida.

José Gomes Ferreira


Para o Jó, na continuação de uma longa conversa, Sábado à tarde.

5 comentários:

Armando Rocheteau disse...

O post é da Ivone.

Perdi o encontro por pouco.

Achei apropriado publicá-lo hoje.

Beijinho para a Ivone.
Abraço para o Jó.

Bom 25 de Abril para todos!

Que saudades!

Armando Rocheteau disse...

Devia ter posto ( ) em perdi o encontro por pouco.

Anónimo disse...

José Gomes Ferreira e Luís Ralha são uma dupla excelente. Com a Ivone é uma tripla mais do que excelente.
Só vocês me poem assim...

Jan

Anónimo disse...

Porque não espero voltar de novo
Porque não espero
Porque não espero voltar
Desejando deste homem o seu dom e daquele a envergadura
Já não luto por lutar por tais coisas
(Porque deveria a velha águia estender as suas asas?)
Porque deveria eu lamentar
O extinto poder do reino usual?

Porque não espero conhecer de novo
A enferma glória da hora positiva
Porque não penso
Porque sei que não hei-de conhecer
O poder transitório verdadeiro e único
Porque não posso beber
Aí, onde as árvores florescem, e as fontes jorram, porque nada volta de novo

Porque sei ser o tempo sempre o tempo
E um lugar eternamente e só um lugar
E o que é real só o é por uma vez
E num só lugar
Renuncio ao rosto abençoado
E renuncio à voz
Porque não posso esperar voltar de novo
Consequentemente alegro-me, tendo de construir alguma coisa
Sobre a qual me alegrar

E rogo a Deus que tenha piedade de nós
E rogo para que possa esquecer
Estas coisas que comigo muito discuto
E explico demais

Porque não espero voltar de novo
Possam estas palavras responder
Pelo que, tendo sido feito, o não volte a ser
Possa a sentença não ser demasiado severa sobre nós

Porque estas asas deixaram de ser asas para voar
Mas apenas pás que batem o ar
O ar que agora é completamente escasso e seco
Mais escasso e mais seco que a vontade
Ensina-nos a cuidar e não cuidar
Ensina-nos a quietude.

Rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte
Rogai por nós agora e na hora da nossa morte.
..................................

Da "Quarta-feira de cinzas", T. S. Eliot

Tradução mais ou menos minha para a Ivone, depois do seu post e na sequência daquele Sábado à tarde
Bjs

Anónimo disse...

Mais um lindo desenho/pintura(?),de Luis Ralha.
Quero mais!