O recente boom do preço do crude deu aos defensores da opção pelo nuclear em Portugal novos argumentos: tratar-se-à da nossa independência energética face ao volátil petróleo, ainda para mais quando o importamos dessa zona perigosa que é o Médio Oriente; o risco será reduzido; os outros países europeus também as possuem e não vem grande mal ao mundo por isso. Hoje, no Parlamento, a deputada dos Verdes Heloísa Apolónia desmontou o primeiro destes: a grande fatia da nossa dependência energética provém do sector dos transportes, e o nuclear terá apenas efeito na produção de electricidade, e para mais teremos de importar Urânio para alimentar a central. Quanto aos outros dois, lembro apenas que o facto do risco ser reduzido não quer dizer que não exista, que o problema dos resíduos é uma questão civilizacional, e que as centrais nucleares não foram, e continuam a não ser, decisões pacíficas nos países em causa.Permitam-me, contudo, apresentar um outro argumento, que julgo ser o decisivo, na minha opção contra o nuclear em Portugal- o comodismo. A construção desta central irá fazer com que, durante mais algumas dezenas de anos, se desaproveite um recurso único deste país: o clima. Portugal tem condições extraordinárias para investir numa miríade de energias alternativas: solar, eólica, e sobretudo energia das marés. Lembro-me de um estudo com alguns anos da Universidade do Minho sobre esta última; o que foi feito com ele? Nada. Pondo de parte o interesse ecológico no investimento nestas energias, e dando de barato que tal interesse não cala fundo nos nossos decisores, pelo menos a perspectiva económica deveria valer alguma coisa. A questão da energia das marés é paradigmática: a tecnologia para a mesma é ainda rudimentar, mas o seu potencial enorme. O nosso país possui condições únicas, de norte a sul, para o seu desenvolvimento. Isto permitiria não só produzir energia de forma limpa e inovadora, mas também, e mais importante, desenvolver esta tecnologia e vendê-la posteriormente, em lugar de importar tecnologia, como no caso da energia eólica (onde os espanhóis, obviamente, já começam a aproveitar os nossos recursos), e mais ainda da energia nuclear. Claro que isto são opções de fundo, opções para o futuro, que pouco importam a quem procura o lucro já, como é o caso de Patrick Monteiro de Barros. Quanto a importarem os nossos decisores... Isso levar-nos-ia a uma conversa bem longa.
4 comentários:
A hidroeléctrica de Foz Côa ficou em “águas de bacalhau” porque as gravuras não sabiam nadar.
A do Sabor é amarga porque há muitos peixes a nadar.
A refinaria de Sines é um atentado ao ar “montes alentejanos” e às lontras, como o Eusébio e Amália do Oceanário
Entretanto a de Matosinhos. Com aquele aspecto de motor de carro velho a tresandar de óleo e de fugas, continua a poluir desalmadamente
Nuclear, nem pensar nisso é bom. É até um crime ou um pecado de lesa-ideologia de esquerda que, por inerência, é ecologista e defensor do ambiente.
É quase como defender o Hitler. Enfim, é até uma vergonha pôr esta questão
Será que a energia solar, eólica, das marés, das ondas, a biomassa, o girassol e outras fontes de energias renováveis satisfazem a nossa “fome de energia”, que começa quotidianamente no despertador e acaba com o click para desligar a televisão.
Um lindo imbróglio. Aceitam-se sugestões para resolver a energio-dependência do País
Um Nó Górdio. Alexandre que sabia da vida, cortou-o e acabou-se
Grande artigo do " Le Canard Enchainé " , edic. 26 Abril,sobre Tchernobyl, por J-L. Porquet. Nele se narra que, de acordo com o cientista biélorusso Vassili Nesterenko, a Europa tinha ficado morta se o magma nuclear do reactor em fusao se tinha misturado com a água do reservatório-envolvente.oi um mergulhador que evitou o desastre do FIM da EUROPA, e o seu nome despareceu de qualquer registo. Por outro lado, Poutine mandou prender o médico, Bandajevsky, que alertou para a radioactividade que continua a causar lesoes , via cadeia alimentar, aos habitantes da regiao sinistrada. Canard, vendas de 500 mil exemplares/ sem publicidade e com lucros chorudos, é a bíblia de qualquer amante da boa qualidade informativa mundial. alut!. FAR
Eu julgo que a Univ do Minho tem instalado perto do Porto um protótipo de estudo da energia das marés e da sua transformação, mas inexplicavelmente deixou de ser notícia há bastante tempo.
As renováveis são caras. As patentes não são nossas.
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