Ataque ao Irão dissimula apreensão de mais petróleo?
Seymour Hersch, a excelência do grande jornalismo nova-yorkino, continua a fazer das suas. E em grande. Na edição de 17 do corrente mês do " The New Yorker" publica uma piramidal reportagem-inquérito sobre as especulações crescentes que dão consistência a um hipotéctico ataque-surpresa dos EUA contra as instalações militares iranianas de pesquisa nuclear. " Algumas operações aparentemente para intimidar o Irão já correm, desde o Verão passado. Como , por exemplo, treinos da aviação simulando largada de bombas de pequeno calibre nuclear no Golfo Pérsico- missões-relâmpago com o nome de código " todo-o-terreno " de bombardeamento- sem que sejam detectados pelos radares costeiros iranianos ". Citando uma fonte diplomática de alta patente, o jornalista confirma a tese de que " o desenlace real " da hipotéctica intervenção " encaminha-se para o controlo do petróleo do Médio Oriente nos próximos dez anos.
Hersch, que desmontou a incongruência da estratégia militar dos EUA no Iraque, voou de Washington para Viena, Berlim e Bruxelas, para produzir o seu trabalho de impacto mundial.
Entrevistando um analista militar experimentado, deparou com um manacial de informações gigantescas: Os alvos a destruir no Irão ultrapassam os 400; provávelmente existem duas fábricas de enriquecimento de urânio. E estão operacionais 14 campos de aviação militar e existe uma flotilha de submarinos que pode ameaçar a navegação. Os misséis balísticos iranianos são outro dos alvos a abater.de imediato, e encontram-se agora na fronteira junto ao Iraque, desde há pouco tempo.
" Um antigo conselheiro da Casa Branca especialista " na guerra com terror " expressa uma visão similar. A administração Bush-II acredita que a única maneira de resolver o problema é mudar a estrutura de poder no Irão, e isso quer dizer fazer a guerra , acrescenta, mas o perigo é que isso reforça o sentimento iraniano em se dotar de capacidade nuclear para defender o país ".
Falando com Patrick Clawson, expert do Instituto de Política Médio Oriental de Washington, Hersh apura que ," enquanto houver um poder islâmico em Teerão, tem que existir um programa de armas nucleares tácticas, nem que seja clandestino. A chave agora do problema é esta:Quanto tempo o regime iraniano durará? ". E prossegue o relato de Clawson: " Portanto, o Irão não tem outra alternativa do que se vergar às exigências de desarmamento ou fazer face à guerra. Ahmadinejad pensa que os ocidentais são cobardes e entraremos em colapso". O recurso a sabotagens e outras actividades clandestinas, como os acidentes industriais " são as tácticas de guerra preconizadas pelo perito militar norte-americano citado. " Mas , frisou, será prudente prepararmo-nos para uma guerra de longa duração, dada a forma como o poder iraniano se conduz: Isto não é como planear invadir o Quebéc".
Na extensa reportagem, Hersch narra as contradições dos experts militares de alta patente que rodeiam Bush e Rumsfeld. É recomendado " o apropriado tratamento por armas nucleares tácticas de objectivos de destruição de alta prioridade, em paralelo com a utilização de meios convencionais posteriormente ". Por outro lado, " existem responsáveis ! que constatam o grau de dispersão das instalações militares iranianas, algumas no subsolo, e nós desconhecemos onde tudo isso se encontra. Sendo preferível bombardear o armamento nuclear de través, seguindo uma planificação determinada. Talvez atingindo certas bases e esclarecer outros objectivos depois ".
" Na eventualidade de um ataque aéreo norte-americano, Richard Armitage-- antigo alter ego de D.Rumsfeld, neo-con-- disse-me, tinha-se que levar em linha de conta as seguintes preocupações: O que é que acontecerá nos outros países islâmicos? De que forma o Irão nos puderá atingir globalmente-isto é, usando o terrorismo? A Síria e o Líbano libertar-se-ao da ameaça de Israel? Que consequências é que acarreterá o ataque para a nossa decrescente credibilidade internacional? O que é a Rússia, a China e a ONU pensarão de tal iniciativa?"., desvenda Seymour Hersch.
FAR
2 comentários:
O outro lado das coisas-O actual PR iraniano, Ahmadinejad, tem perdido poderes e o Guia Supremo mandou desarmar os Guardas da Revolucao esta semana... De qualquer das formas, talvez apareca um joker na cena irano-americana para salvar a mobilia. Mas o Ahmadinejad terá que ser deposto. O fabuloso e enorme artigo de Seymour Hersh( 5 mil linhas), contava que o estado-maior yankee considera os ayatollas analfabetos e cruéis... que podem balancar uma bombita atómica em qualquer parte, por dá lá aquela palha. FAR
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